I Dont wanna live forever

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Eu me desviei de uma bala perdida ou apenas perdi o amor da minha vida?”

Lenços e mais lenços de papeis, olhos inchados, nariz entupido e dores no corpo. Não, eu não estava chorando por causa dele, estava com uma gripe insuportável que não me deixava sair da cama mais. A gripe ou seja lá o que for me atingiu um dia depois que Jared e eu terminamos e ela já estava durando quase duas semanas.
Mark foi viajar para a Europa a trabalho, como fiquei incapacitada de sair da cama não precisei acompanha-lo, o que foi ótimo pois assim que ele entrou no avião eu fiquei um pouco melhor e tinha disposição ao menos para ficar em pé mas a verdade era que eu queria continuar deitada na minha cama.
-Vim ver como você está. – Shannon disse me entregando a xicara com chá que ele fez na minha cozinha.
-Como soube que eu estava doente? – perguntei tomando um gole.
Ele riu de lado e se sentou perto de mim no sofá arrumando minha coberta.
-Tudo bem, você me pegou. Eu não soube, alguém – ele deu ênfase – soube e me mandou aqui para saber como você estava.
-Isso é doentio, ele é um psicopata, Margot. Está te perseguindo – Marina disse, Shannon a olhou pelo canto do olho e deu uma checada em suas pernas que ela cruzou fazendo um charme sem perceber.
-Por que ele não veio? – perguntei um pouco triste e frustrada. Eles se entreolharam.
-Jared está fazendo drama – ele disse revirando os olhos.
-Eu terminei com ele, ele tem que fazer drama. – respondi tomando mais do meu chá. – droga.
-Vocês dois estão fazendo drama. – Marina disse irritada – Qual é, Margot, não estraga meu shipe.
Shannon e eu rimos mas logo lancei um olhar mortal para ela. Ela, entre todas as pessoas, sabia exatamente porque Jared e eu não podíamos ficar juntos.
Suspirei.
-Marina... – comecei a lamentar.
-Nada de Marina! Você sabe muito bem o que eu penso sobre isso – Shannon estava sem entender nada.  – você está doente porque sente falta dele, como não quer admitir com a boca o seu corpo sofre as consequências. A falta que ele faz em você é tão grande que não deixa só o seu coração doente mas também o seu corpo.
-Desde quando você estuda psicologia? – perguntou Shannon se divertindo.
-Eu apenas pesquiso algumas coisas – ela falou brincando mas logo se virou para mim novamente – Margot Robbie, nenhum dinheiro no mundo é o suficiente quando você não está feliz.
Outro suspiro. Por que ela tinha que falar aquelas coisas para mim? Marina entre todas as meninas era a única que não tinha obsessão com dinheiro, glamour e essas coisas. Era muito bem de vida, mas levaria uma vida simples normalmente. O que me fazia admirar mais ainda ela.
-Eu só queria ver ele... – falei baixo entristecida causando um silencio – mas eu terminei com ele tenho que parar com isso.
-Já sei! – ela falou animada juntando as mãos – Hoje não é o dia daquela minha festa que você se recusa a ir? Então, você vai trazer ele. – ela apontou para o Shannon mandona como sempre – e você vai para a festa.
-Você vai me fazer companhia lá? – Shannon perguntou com a voz sugestiva e sexy, sorrindo de lado mas ela simplesmente o ignorou olhando para mim novamente cheia de ideias e expectativas.
-E vocês dois vão se ver e conversar!
De início fiquei animada com a ideia mas logo a animação passou. O que diabos eu iria falar para ele? “Não podemos ficar juntos mas quero ser sua amiga?” Claro que não. Eu sentia falta dele e provavelmente sentiria por muito tempo mas uma hora iria superar, eu espero. E também não me sentia animada para ir em nenhuma festa ou qualquer outro programa divertido. Bom, meu romance adolescente havia dado errado como deveria, estava condenado desde o começo. Eu preferia ficar em casa me enchendo de besteiras e assistindo algum filme dos anos sessenta da coleção de Lizzy até criar coragem e me recompor, ser a mulher que eu era. Inabalável, segura, independente.
-Não, Marina. – falei relaxando os ombros – não temos que nos ver ou conversar, acabou, eu não vou para a festa.
-Margot!
-Não, tá legal? Não insista.
Mas foi como falar com a parede, Marina tem o dom de ser persuasiva e todos sempre acabavam fazendo o que ela quer, especialmente quando se estava fraco emocionalmente como eu estava. Ela e Shannon devem ter insistido por duas horas para que eu concordasse em ir. Aliás, eu pensei em ir para ver ele nem que fosse para admirar de longe, ouvir a voz dele, ou só olhar naqueles olhos azuis intensos, acho que me sentiria bem melhor se isso acontecesse.
A noite caiu, tomei um remédio para minha gripe e me senti um pouco mais forte, passei uma maquiagem leve para tentar esconder minha cara de doente, coloquei uma roupa bem simples e fui para a festa.
Estacionei o carro em frente a casa dela, onde do outro lado da rua já podia ouvir o som alto, suspirei fundo. Eu não deveria estar ali. Já tinha dirigido até lá de qualquer forma, não adiantava dar para trás. Assim que passei pelo portão da casa, vi muitas pessoas ao redor e dentro da piscina bebendo e se divertindo, fiquei olhando para ver se ele estava por ali, seria horrível dar de cara com ele. Entrei na casa e passei por todos aqueles corpos que dançavam e bebiam procurando por Marina mas não a encontrei na sala, então fui até a cozinha.
Ela estava encostada no balcão enchendo um copo com vodca e conversando com Lila.
Ela me olhou e seu rosto brilhou de felicidade.
-Pensei que ia me dar um bolo. – ela falou.
-Isso não é um encontro – respondi fazendo as duas rirem. Lila pegou o copo de Marina e virou a vodca fazendo uma careta.
-Shit! Isso é forte! – ela falou.
-É uma Balkan, você está tomando pura.
-Uma Balkan? – perguntei pegando a garrafa a da sua mão e lendo o rotulo.
-Da última vez que estive na Bulgária eu comprei, é uma das vodcas mais forte do mundo, com oitenta e oito por cento de álcool – ela ergueu as sobrancelhas com um sorriso animado – é hoje que a gente só acorda amanhã.
Apesar de ser a mais humilde era a mais alcoólica de nós.
Cheirei a bebida, só pelo cheiro dava para saber como era forte, meu estomago revirou e achei que fosse vomitar mas foi só um mal estar rápido.
-Isso aqui é muito forte. – falei devolvendo a garrafa, ela revirou os olhos.
-Vocês são fracas demais – se virou abrindo o armário e pegou mais duas garrafas colocando em cima do balcão – Devil’s spring e Spirytus!
Juntei as sobrancelhas achando aquilo uma péssima ideia, peguei a de rotulo verde, Spirytus e li o rotulo.
-Noventa e seis por cento de álcool? –olhei para ela sem ter muita certeza se aquilo era certo, outra revirada de olhos e puxou as garrafas das minhas mãos.
-É quinta feira, não vamos trabalhar amanhã e quando vocês ficaram tão chatas? – disse colocando as garrafas no balcão e se virando. Lila e eu nos entreolhamos rindo.
-Você não estava doente? O que está fazendo aqui? – perguntou acedendo um cigarro.
Balancei os ombros.
-Melhor ficar doente numa festa. – respondi. Marina voltou depois de alguns segundos um pouco mais animada. Pegou as três garrafas e misturou as três no copo que trouxe junto dela. Depois me estendeu.
-Você primeiro – disse alegre.
-Não, obrigada. – Respondi balançando a cabeça – vou prezar pelo meu fígado hoje.
Outra revirada de olhos.
-Para de ser chata.
-Não quero.
-Toma logo, Margot. – respondeu estendendo mais.
-Eu disse que não quero essa mistura do capeta.
As duas riram e então a risada de Lila foi entrecortada.
-Acho que você vai querer... – e olhou por cima do meu ombro com a sobrancelhas arqueada, olhei para trás para ver e vi ele dançando com Natalie juntos, ela esfregava o corpo nele declarando para todas as outras ali que ele era DELA. Ele virou ela para si e atacou seus lábios em um beijo quente que me deu inveja, me deixou com raiva. As mãos dele percorreram o corpo dela... caramba... como era difícil ter ciúmes dele, ter ciúmes de alguém que não te pertence.
Travei a mandíbula e virei para as meninas arrancando o copo da mão de Marina e virando um gole bem generoso. A bebida me queimou por dentro, estava extremamente forte.
-Eu não vou ficar aqui. – falei devolvendo o copo um pouco abaixo da metade e pegando uma cerveja, saí pelas portas do fundo respirando fundo e fechando os olhos. Já estava um pouco zonza, não tinha ninguém atrás da casa, apenas um casal se pegando mas eles não me incomodaram. Me encostei na parede e me sentei no chão enquanto meu corpo ia ficando mole.
-Estou começando a achar que você não é tão animada quanto Natalie falou – um garoto alto falou, levantei a cabeça para ele mas vi duas pessoas. Balancei a cabeça e pisquei rápido para tentar focar.
-Desculpe...
Ele se sentou ao meu lado rindo.
-Stan... o primo nunca mencionado. – explicou.
-Ah – abri a boca depois de alguns segundos me lembrando – o primo nunca... é claro – falei devagar levando a cerveja a boca. A mistura de Marina era muito rápida.
-Você já está bêbada? E a festa começou ah uma hora. – ele disse rindo, sorri para ele.
-Infelizmente só há três coisas que me ajudam em uma crise emocional, uma delas fica do outro lado da cidade, outra está ocupada – lembrei dele beijando Natalie na sala – e me sobrou isso aqui – balancei a cerveja para ele.
-Bom, mas não dá para ficar bêbada e não aproveitar. – ele tinha um sotaque gostoso de ouvir – você quer dançar?
Juntei as sobrancelhas para ele.
-Acho que seria uma boa ideia. – ele abriu outro sorriso e se levantou, tentei me levantar mas acabei caindo de volta no chão rindo de mim mesma. Ele estendeu a mão e me ajudou a levantar, caminhei com ele para a sala como se o piso do chão se afundasse cada vez que eu pisava nele, comecei a rir de tudo o que ele e outras pessoas falavam para mim, antes de dançarmos nos sentamos no sofá para que eu pudesse ficar um pouco melhor, mas só comecei a falar sem parar com as pessoas a minha volta e a ingerir mais bebida.
-Ela está completamente bêbada. – ouvi uma garota falar de mim como se aquilo fosse algo errado, mas eu não conseguia olhar para ela direito.
-O que que tem? – perguntei, ela me olhou assustada por eu ter ouvido o que disse.
-Só acho que mulheres não deveriam beber assim – respondeu.
-Eu acho que mulheres podem fazer o que quiser – argumentei cuspindo na cara dela.
-Eu acho que isso acaba com a imagem das mulheres – falou ela me irritando.
-Eu acho que você deveria se foder. – respondi. Ela abriu a boca e então eu reconheci, era Lilian. Natalie estava levando toda a família para as festas agora?
-Você é vulgar, é uma vadia vulgar! – ela falou se levantando e saindo de perto de mim, fiz uma careta e revirei os olhos fazendo as pessoas ao meu redor rir, até mesmo Stan.
-Vamos dançar. – levantei ainda tonta sentindo meu corpo fraco e o puxei para o meio da sala. Comecei a dançar com ele, esfregando meu corpo contra o seu sem me importar se aquilo estava sendo vulgar ou não. Eu era uma boa dançarina, uma ótima stripper. Marina percebendo que eu estava na pista, colocou uma das músicas que mais me fazia se soltar. Sweet Dreams na versão do Marilyn Manson, olhei para o som e ela estava lá parada segurando o Ipod rindo, tão bêbada quanto eu.
Lila, outra bêbada, correu para perto de mim e começamos a dançar juntas. Duas ex stripper sensualizando ao som de Marylin Manson, isso fez com que todos na sala parassem de dançar e ficassem nos olhando, babando em cima de nós duas. Um garoto tentou se aproximar de mim mas o empurrei. Quando a música acabou passei os olhos pelas pessoas, surpresa por todos estarem estáticos nos olhando e encontrei ele, tão estático quanto o resto.
-Amiga! Você é maravilhosa. – e claro, Natalie venho correndo para cima de mim, revirei os olhos. – você precisa me ensinar a dançar assim.
Jared tinha um olhar mortal no rosto, a mandíbula travada e olhos fixados em mim. Sorri mordendo o lábio inferior para ele e pisquei, Natalie percebeu o que eu fiz mas só nos entreolhou.
-O que você está fazendo? – ela perguntou, olhei para ela.
Naquele momento eu não estava me importando com nada, totalmente bêbada e inconsequente dos meus atos. E nada de bom pode sair de uma bêbada magoada e triste. Só olhei para ela e revirei os olhos irritada com a burrice dela, qual é, qualquer outra mulher teria descoberto isso ah semanas atrás. Eu ia abrir a boca para falar alguma coisa mas Jared rapidamente se pôs ao lado dela, e todas as outras pessoas voltaram a dançar.
-Oi, Mr. J – falei o deixando sem graça.
-Srta. Robbie, a srta. Parece bem animada. – ele disse passando o braço pela cintura dela. – Natalie, vem aqui.
Ela estava totalmente confusa, ele tentou se afastar mas ela se manteve ali.
-Para, quero ficar com a Mag. – disse rindo, como se o que tivesse esquecido o que aconteceu minutos ates. Ele me olhou suspirando, morrendo de medo de que eu finalmente abrisse minha boca.
-A srta. Robbie com certeza quer dançar sozinha. – falou tentou puxar ela novamente.
-Na verdade... estou querendo outra coisa.
Ele juntou as sobrancelhas me olhando com medo. No mesmo segundo Stan apareceu ao meu lado e eu me virei atacando seus lábios, o beijando com vontade e urgência. Enquanto o beijava fiquei imaginando a cara do Jared e me diverti pensando em como ele poderia estar com ciúmes. O beijo foi intenso, sexy, e com certeza o deixou querendo provar mais. Terminei o beijo dando uma bela mordida em seus lábios.
Olhei para Jared que estava estático, de boca entreaberta e com os olhos ardendo em raiva.
-Margot! Você vai casar! – Natalie disse alto e rindo. – você é louca mesmo.
-Você acha mesmo que eu vou me casar? – falei irritada, minha raiva começou a se intensificar dentro de mim junto com minha mágoa. Pisquei algumas vezes enchendo meus olhos de lágrimas. – isso é uma besteira! – arranquei a aliança do meu dedo e joguei longe.
Eles ficaram me olhando perplexo, até mesmo Marina e Lila ouviram o que estava acontecendo e se aproximaram.
-Ela está realmente bêbada! – Natalie riu. – você brigou com o Mark de novo? Mag, ele está te traindo?
Ela parecia muito preocupada, uma amiga muito preocupada. Eu fiquei irritada também com a estupidez dela, balancei a cabeça e ri sem humor na minha voz.
-Se ele tivesse me traindo eu já não estaria com ele – falei ficando alterada – eu não quero estar com ele.
-Margot, para! – Marina se aproximou.
-Eu não quero Mary! – as lagrimas vieram. – você sabe que eu odeio isso! Sabe que eu odeio essa prisão.
Stan, Natalie e Jared apenas me assistiam dar aquele showzinho sem sentindo calados e confusos. Na minha garganta havia um nó, eu não sabia direito o que estava sentindo, uma mistura de raiva, angustia, tristeza, um sentimento de prisão. Eu me sentia presa a um mundo que eu não queria mais, a escolhas que fiz e as que fui obrigada a fazer. E beber só estava intensificando tudo aquilo, por isso não me importei em surtar daquela forma, perder o controle. É isso, eu tinha perdido o controle de tudo na minha vida inclusive de mim mesma.
-Mag... – Natalie falou com a voz penosa.
-Não, não fala com ela, deixa que eu falo – Marina disse para ela a mantendo afastada.
Passei a mão no rosto secando as lágrimas.
-Eu estou ferrada para caralho – falei para ela. – eu só não quero fazer mais isso, eu não quero mais essa vida, você sabe que não é amor que me mantem aqui.
Ela suspirou me ouvindo.
-Mas eu também não quero voltar para onde nós viemos.
-Margot, para com isso. – Lila interveio.
-Lila, deixa ela falar, ela está bêbada. – Marina disse.
-Todas estamos mas ela vai acabar falando demais – disse Lila.
-Eu não estou entendendo nada, Mag. – disse Natalie preocupada. Os olhos de Jared estavam sobre mim o tempo todo tentando entender o que estava acontecendo. Ótimo, agora eu seria uma louca dramática para ele.
-Ela é só uma vadia, Natalie. Que transa com qualquer um por dinheiro, é isso que você não entendeu? – Lilian apareceu perto da irmã.
-Cala a boca – Marina falou para ela – você não sabe merda nenhuma sobre ela.
-Eu sei que ela é uma vadia traiçoeira. – respondeu – mas estou vendo que ela se apaixonou por ele. – riu sarcástica – como é ser usada e largada?
Ela não deveria ter dito aquilo naquele momento, ela não deveria ter chegado tão próxima de mim. A fuzilei com os olhos, peguei uma garrafa de cerveja da mão de alguém que estava ao meu lado e acertei sua cabeça com força descontando minha raiva nela. Ela deu um grito e toda a sala se virou para nós, sua cabeça logo começou a escorrer sangue mas ela conseguiu me empurrar com força, sem qualquer controle do meu corpo caí para trás batendo minha cabeça fortemente contra a mesa, tudo parou por alguns segundos por causa da pancada, e então ela aproveitou para vir para cima de mim. Rolamos algumas vezes nos socando e nos arranhando, consegui ficar em cima dela e dar alguns socos em seu rosto antes que alguém me puxasse para trás.
-Me solta, eu vou acabar com essa vadia quem ela pensa que é? – eu me debatia com os braços fortes que me seguravam, me virei para bater nessa pessoa também mas ele segurou meus braços.
-Para! – falou firmemente – você está bêbada, e precisa se acalmar.
Jared segurou meus punhos e me hipnotizou com os olhos.
-Lilian. – Natalie a ajudou a se levantar e me olhou espantada.
-Jared cuida da bêbada que eu vou com a Natalia levar ela para o hospital. – Marina disse.
-É Natalie – Natalie a corrigiu
-Tanto faz.
E elas saíram dali com Stan que parecia um garoto perdido. Meu peito subia e descia rapidamente. Senti um embrulho no meu estomago e uma tontura monstruosa, me virei para o lado e vomitei como se estivesse colocando todos os meus órgãos para fora. Senti como se todo o sangue do meu corpo tivesse sido drenado e meu cérebro ficasse sem Oxigênio.
Jared me segurou preocupado. Levantei a cabeça, tinha sujado até minhas roupas e minha bota de tanto que vomitei.
-Está se sentindo melhor agora? – perguntou, tentei balançar a cabeça e ficar ereta mas ia caindo novamente sentindo todo o corpo fraco. Ele suspirou e me pegou em seu colo, Lila disse para ele me levar para um dos quartos da casa, o que ele fez me deitando na cama.
-Margot, você está se sentindo mal?
Que pergunta idiota.
-Eu só preciso... preciso fechar os olhos um pouco – falei sentindo as pálpebras pesadas.
-Não, você bateu a cabeça com força não pode dormir.
-Mas estou com tanto sono – resmunguei fechando os olhos, ele ia me sacudir mas senti vomito subir pelo meu esôfago novamente e me virei para o lado vomitando mais, ele segurou meu cabelo me ajudando.
Tombei novamente na cama me sentindo cada vez mais fraca. Ele pensou um pouco no que fazer.
-Vou te dar um banho gelado, talvez assim passe ao menos o efeito da bebida. – disse indo até o banheiro do quarto e ligando a banheira, quando ele voltou eu estava quase dormindo mas ele me sentou na cama e retirou a camiseta suja.
-Por que você está fazendo isso? – resmunguei de olhos fechados enquanto ele me despia.
Ele suspirou.
-Porque se eu não fizer outro homem pode fazer, mas de uma forma má.
Soltei uma risadinha.
-Já fizeram. – ri mas ele não. Balançou a cabeça e me deitou, retirando minhas botas. Eu só queria dormir, só queria ficar deitada ali sentindo meu corpo todo mole. Eu não conseguia ficar com os olhos abertos, e estava falando coisa com coisa o que o fez aproveitar o momento.
Assim que me despiu por completa me pegou no colo novamente me carregando até a banheira, se a água estava gelada eu não sabia pois não sentia nada com o corpo dormente por causa da bebida.
Ele me pôs sentada na banheira, reclamei do gosto ruim que sentia na boca por causa do vomito e ele pegou um antisséptico bocal para que eu a limpasse e depois se sentou ao meu lado, do lado de fora.
-Cadê minha aliança? – perguntei olhando para o meu dedo, ele riu.
-Algum sortudo deve ter achado e vai vender por um bom preço. – ele respondeu, balancei os ombros.
-Tudo bem, eu não gostava mesmo dela. – juntei meu joelhos em meus seios abraçando-os.
-Você disse que não quer se casar... – falou cauteloso, lembrar de Mark e do contrato me deixou irritada novamente e melancólica. – ou só disse por que está bêbada?
Olhei para ele, minha vista estava embaçada mas mesmo assim queria olhar em seus olhos.
-Não importa agora que você me odeia. – falei voltando a chorar. Exatamente como quando um pai briga com a criança e quando ela tenta falar começa a chorar, afundei minha cabeça em meus joelhos.
-Eu não te odeio – continuei chorando – Margot, olha para mim.
Mas eu não olhei, continuei chorando igual criança. Então ele entrou na banheira de roupa e tudo e ergueu minha cabeça.
-Eu não te odeio. – falou olhando em meus olhos.
O puxei pela camisa para mais perto de mim.
-Me beija. – pedi.
-Não, Margot, eu não vou te beijar.
Meus lábios tremeram.
-Só essa noite, me beija. – pedi com os olhos marejados novamente – só essa noite e amanhã eu prometo que não te procuro mais.
-Se eu te beijar você não vai mais me procurar? – falou com a voz baixa. – você acha que eu faria isso?
-Então me beija! – insisti falando mais alto, ele fitou meus lábios por alguns segundos e bufou soltando um foda-se para si mesmo e me atacou. Puxou-me para mais próximo de si pelo pescoço em um beijo quente, muito quente.
Sua roupa estava toda molhada, a camiseta preta do the doors grudava em seu corpo maravilhoso, eu queria mais que um beijo, eu queria ele por completo, queria até mesmo sua alma. Eu queria Jared leto, eu precisava de Jared Leto.
Ele interrompeu nosso beijo e me olhou com os olhos ardendo em chamas e desejo.
-Isso vai te impedir de me procurar amanhã?
Balancei a cabeça negativamente, ele sorriu.
Eu queria beija-lo mais, porém novamente senti algo subindo pelo meu esôfago e vomitei novamente.
-Você quer ir para um hospital? – perguntou.
-Não – respondi respirando fundo, peguei um pouco de água e joguei na minha cara – só quero ir para casa.
Acho que a água gelada ajudou pois eu não sentia o efeito da bebida mais tão forte. Ele se levantou e depois me ajudou a sair da banheira, peguei uma roupa da Marina e coloquei e ele me levou para casa, eu estava calada, pensativa o caminho todo e ele respeitou isso.
Em casa, me deitou na cama e me cobriu, assim que ia saindo do quarto segurei sua mão.
-Não vai, não. – pedi com a voz manhosa, ainda estava um pouco bêbada – fica.
Ele se voltou e reprimiu o lábio, me olhando, ele não sabia se deveria ficar, aliás, ele queria ficar mas como saber se depois eu não iria manda-lo embora novamente? Como saber se depois eu não ia surtar e dizer que não podíamos ficar juntos? Eu já o tinha magoado mais do que ele merecia, mas ainda assim eu precisava dele.
Uma lágrima escorreu pelo meu rosto molhando o travesseiro. Seus lábios iam se abrindo para dizer alguma coisa mas foi interrompido por um Mark que apareceu na porta do meu quarto preocupado e desesperado. Assim que ele me viu correu em direção a cama se sentando ao meu lado, afagou meu cabelo.
O que ele estava fazendo ali? Droga! Foi então que lembrei que ele iria chegar na manhã seguinte mas provavelmente o voo foi adiantado.
Meu coração acelerou ao ver a expressão de Jared. Ele ia ficar, eu sabia disso. Ele ia se deitar ali comigo e eu ia repousar minha cabeça em seu peito, ouvindo seu coração mas... Mark apareceu.
-Margot? Eu estava preocupado com você. Marina me contou o que aconteceu... – ele se sentou na cama, mas meus olhos estavam em Jared.
-Acho que agora eu posso ir, você está em boas mãos. – ele falou baixo e sua voz acabou comigo – tchau, Margot.
E simplesmente saiu me deixando despedaçada.

A acompanhante (CONCLUÍDA) Onde histórias criam vida. Descubra agora