Living in the storm

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“Você não se importa mais com a gente? Não se importa mais comigo? Eu acho que não!”

Eu acordei no silêncio da noite, tudo estava escuro e chovia forte do lado de fora da minha casa. Eu levantei e em passos leves desci até a minha sala, mas tudo ainda estava escuro demais como nunca esteve, um medo tomou conta de mim e por instinto corri até o quarto de Hannah que ainda permanecia vazio, vazio, o quarto da minha filha estava vazio. Desesperada comecei a bagunçar seus lençóis procurando por ela mas ela não estava lá, não estava em lugar algum. Eu ouvi um barulho vindo da sala e então corri até lá na esperança de que fosse minha filha mas não, eu dei de cara com Jared beijando Amber em meu sofá, eles olhavam para mim e sorriam, sorriam como se estivessem felizes em estarem juntos e eu apenas paralisei.
-Dói não é? Ver a pessoa que você ama com outra – Bradley disse em meu ouvido, eu olhei para ele irritada e desesperada. Meu coração começou a palpitar como se fosse explodir dentro do meu peito e então eu chamei por Jared mas ele não me escutava e a cada grito minhas veias em meus braços ficavam mais grossas e visíveis como se clamassem por heroína. Comecei a me debater apertando meus braços tentando fugir daquilo que estava dentro de mim.
-Margot! Margot! Acorda! – ouvi vozes que estavam distantes.
-Cadê ela? Cadê ela? – comecei a perguntar desesperada pela minha filha mas ainda estava presa em uma espécie de sonho ruim.
-Margot! – e em um impulso eu acordei, respirando com muita dificuldade como se tivesse um peso de 80 toneladas em cima do meu peito, meu coração batia como se fosse explodir e eu transpirava demais. Jared estava lá, os olhos azuis sobre mim abatidos.
-Alguma novidade? Vocês precisam parar de me drogar para que eu durma – falei nervosa mas ele apenas balançou a cabeça negando, o que me roubou mais lágrimas. Dois dias haviam se passado, dois longos dias sem nenhuma notícia dela, e ela poderia estar em qualquer lugar com medo, assustada. Ele passou a mão no cabelo o jogando para trás.
-O detetive Golan está fazendo o máximo que pode, Margot, mas sem nenhuma pista, sem nenhum suspeito fica extremamente difícil.
-Não, difícil é eu ficar aqui de braços cruzados enquanto minha filha está desaparecida, isso que é difícil! – falei me levantando da cama e indo até o banheiro, eu queria ficar sozinha.
Era extremamente difícil estar naquela posição, todos ficavam me rodeando como se eu fosse uma criança indefesa mas se esqueciam que Hannah que era, Jared e o maldito do detetive Golan ficavam o dia todo na delegacia atrás de pistas, atrás de algum sinal mas acabava sempre frustrados pois não encontravam nada, eu também me sentia de mãos atadas porque não tinha ideia de quem poderia ter levado a milha filha e porquê. Era por dinheiro? Então por que não entraram em contato? Eu não conseguia comer, ou dormir sem ser medicada, medicada a força pois eu queria poder fazer algo mas eles estavam sendo superprotetores. Olhei no relógio, ainda era oito horas da noite e os desgraçados haviam me drogado o dia inteiro por ordens médicas.
-Aonde você vai? – perguntou Marina assim que desci as escadas usando uma calça jeans, botas e camiseta.
-Eu vou sair um pouco – respondi.
-Não é bom que você fique andando por aí sozinha – Jared apareceu segurando uma xícara – eu fiz um chá para você.
-Um chá? – eu ri sem humor – e como a porra de um chá vai trazer minha filha de volta?
Gritei alto pegando a xícara de sua mão e a jogando na parede com força, eu estava com tanta raiva, tanto ódio que eu tinha certeza que se tivesse a chance mataria a pessoa que levou minha filha embora. Ele suspirou fundo, eu sabia que estava sendo cruel com ele e descontando toda a minha raiva e frustração em cima dele mas eu simplesmente não conseguia controlar, diga a uma mãe temperamental se controlar que sua filha sumiu e isso tornará as coisas piores, ainda mais porque eu havia jurado protegê-la desde quando a vi pesando menos de dois kilos em uma incubadora. Todos na sala ficaram quietos.
-Como eu disse, eu vou sair. – eu deixei aquela sala sufocante, aqueles olhares piedosos e fui para o clube onde ao menos eu poderia respirar direito, eu não notei que estava tão abatida até Jeff, o barman não me reconhecer. Na televisão todos falavam sobre o desaparecimento de Hannah Leto, filha de um dos americanos mais bem sucedidos da década, e claro que não poderiam deixar de comentar da ilustre Sra. Leto que estava totalmente acabada e abatida que mal poderia se levantar da cama, inferno! Por que eles não comentam que Jared tem dado ordens aos empregados para colocar calmantes e soníferos em minha comida que eu me recuso a digerir?
Que mãe pode ficar sentada comendo enquanto não tem ideia onde sua filha de três anos está?
Eu estava pensando em todas essas coisas e não notei que acabei bebendo demais, eu não comia ah mais de cinco horas o que era o suficiente para a bebida se potencializar ainda mais em meu organismo.
-Meu Deus! Nós deveríamos tem algum tipo de cuidado maior com mulheres desesperadas, ou elas acabam bebendo demais e deitando na mesa de clubes. – uma mulher se sentou ao meu lado e disse, sua voz estava distante mas mesmo assim eu conseguia compreender, eu não estava tão bêbada mas estava destruída, me sentindo incapaz de salvar minha filha.
-Eu não estou bêbada! – respondi mal humorada e ela deu risada.
-Ok, isso é exatamente o que um bêbado diria – retrucou – claro que não está bêbada, algum idiota ferrou com você e você só está descontando nas bebidas, ou seu chefe é um babaca? Porque de chefes babacas eu super entendo.
Deus! Como aquela mulher falava? Eu estava com cara de quem queria conversar?
Olhei para ela para ver se ao menos ela se ligava nisso e ela abriu a boca.
-Ou você é Margot Robbie e sua filha está desaparecida – ela disse tirando o sorriso idiota da cara. – desculpe.
-Tanto faz – respondi.
-Eu sou Nina – ela disse eu apenas sorri sem mostrar os dentes. Ela estava tão sem graça com seu copo na mão mas eu não tinha cabeça alguma para ficar jogando conversa fora com uma estranha, então me levantei afim de ir embora mas como se tivesse perdido a capacidade de se equilibrar quase caí, mas ela me segurou. – hey, você não está em condições nenhuma. Você quer uma carona?
-Agora eu aceito carona de estranho? – perguntei debochada e revirei os olhos.
-Nas circunstâncias atuais eu diria para você não aceitar, mas como eu confio em mim mesma eu acho que sou obrigada a te levar para casa ou você pode dar de cara com o primeiro poste que aparecer, e qual é, não é nada legal ver um Aston Martin arrebentado.
Ela falava um tanto animada, e algo em sua voz me fazia se lembrar de Cara falando, mas como eu já não estava me importando com muita coisa acabei aceitando sua carona, nós saímos do clube em busca de seu carro enquanto ela me segurava pela cintura para que eu não caísse.
-Ora, ora! Você não parece tão glamorosa assim! – e para melhorar minha noite Gary estava lá com as mãos no bolso e seus capangas em sua cola.
-Vá se foder! – respondi, Nina olhava para mim e para ele sem entender absolutamente nada. Gary deu uma risadinha.
-Margot Robbie, tão indestrutível. Quem diria que seu ponto fraco era uma coisinha pequena de cabelos escuros e olhos azuis? – ele falava de forma zombeteira me irritando ainda mais. – é melhor encontrar a pequena Hannah logo antes que você vire essa criatura caída e abatida.
Ele se aproximou e tentou segurar meu rosto com a mão mas Nina entreveio.
-Não toque nela seu merdinha – ela disse firme e ele deu risada.
-Ou você vai fazer o que? Gritar socorro? – como ele podia ser tão babaca assim? Então ele tentou tocar nela da mesma forma, mas com rapidez e agilidade ela me soltou e deu uma chave de braço nele o prensando contra a parede atrás de nós, ela bateu a bochecha dele contra a parede fria e dura.
-Ou eu quebro esse seu braço, e enfio na sua bunda até ele sai pela sua boca! – ela disse com raiva, e foi a primeira vez que o vi assustado, ela o soltou o empurrando novamente e saímos deixando ele e aqueles idiotas para trás. Eu estava inquieta e por mais que me sentisse entorpecida pelas coisas que estavam acontecendo eu não podia controlar minha curiosidade.
-Quem é você? – perguntei enquanto ela dirigia. – aliás, como você fez aquilo?
-Anos de treinamento – respondeu – Meu nome é Nina Dobreva, eu fui agente do FBI por um tempo e cansei da vida insana em nova York, depois me mudei para cá por causa de uma idiota traidora, e comecei uma carreira como advogada. Na Califórnia tem muito idiota com a corda no pescoço que paga muito bem para eu defender eles.
Ela soou um tanto arrogante mas eu adorei a forma como ela contava resumidamente sobre sua vida.
-Uma idiota? – perguntei, perdi um pouco o raciocínio nessa parte. Ela sorriu de lado.
-Você tem que me desculpar mas quando eu te vi caída sobre o balcão essa noite, eu pensei que seria fácil dar em cima de você. – ela deu risada e pela primeira vez em dois dias eu também sorri – enfim, você não tem que se apresentar, eu sei tudo sobre você. Margot Elizabeth Robbie, nascida em Charming, pequena cidade no interior da Califórnia, se mudou para Los Angeles com sua mãe quando era criança, depois abandonada pela mesma trabalhou em um bordel caindo aos pedaços quando tinha apenas quinze anos, e aos vinte conheceu Angelina Jolie e Daniel Craig, quando começou a trabalhar como acompanhante, a mais requisitada, a mais cara, a mais bonita conheceu Jared Leto aos vinte e dois anos de idade por quem se apaixonou perdidamente a ponto de abandonar tudo e casar com ele. Fundou sua própria agencia, comprou um clube e o tornou um dos mais frequentados em Bervelly Hills. – ela sorriu novamente – quando você é agente investigativa uma vez, isso nunca saí de você mesmo que você deixe o cargo.
-E por que você se interessou sobre minha história? – perguntei.
-Bom, eu vi o noticiário, e não consegui me controlar. Comecei ah dois dias fazer minhas pesquisas, e minha opinião profissional? Não acho que quem tenha levado Hannah quer dinheiro, eu acho que isso é pessoal.
Ela me olhou pela primeira vez séria, e sua voz e suas palavras me atingiram como um vento gelado. Como se algo muito ruim estivesse prestes a acontecer, me encolhi mais ainda no banco tentando não entrar novamente em desespero. Nós chegamos em casa em poucos minutos, insisti para que ela entrasse comigo especialmente quando vi o carro do detetive Golan estacionado em frente a minha casa e as luzes da sala totalmente acessas. Assim que entrei pude ler no rosto de todos que alguma coisa havia acontecido.
Jared caminhou até mim com meu celular em sua mão, droga, eu havia esquecido em casa.
-O que foi? – perguntei.
-Alguém ligou. – ele disse friamente e meus olhos saltaram – não disseram nada, apenas disseram que só falariam com você.
Paralisei o encarando totalmente perdida e confusa e naquele momento as palavras de Nina fizeram todo sentido, se realmente quisessem dinheiro a pessoa certa a se falar seria com ele pois ele é triplamente mais rico do que eu.
-Só disseram isso? – perguntei e ele balançou a cabeça se afastando.
-Se eles ligaram uma vez, vão tornar a ligar. – Nina disse segurando meu ombro como se temesse que eu fosse cair. A atenção de todos voltaram nela.
-Não é tão simples assim, cada momento mais distante as coisas só se complicam ainda mais. Se forem pedir dinheiro, a cada dia, eles vão aumentar mais a quantia. – o Detetive Golan disse se aproximando – não concorda, agente Dobreva?
Sua voz soou irônico e ela revirou os olhos.
-Não, Detetive Golan. Não acho que eles queiram dinheiro. – respondeu e caminhamos juntas até ela me sentar no sofá – se fosse realmente por dinheiro eles não se arriscariam tanto ficando com ela todo esse tempo, é só juntar as peças a pessoa que levou Hannah conhecia a casa, conhecia onde ficava o quarto dela e sabia que teria uma festa na mesma noite, ele tinha informações o que nos leva a acreditar que era alguém próximo, ou que já foi próximo. – ela respirou fundo enquanto todos olhavam ela falar com propriedade. Depois ela me olhou como se estivesse pensando duas vezes antes de dizer aquilo – e me desculpe Margot, mas não é nada com Jared, é pessoal, é com você.
Parecia que o mundo tinha caído nos meus ombros. Minha mente parecia uma doença mortal, um carretel se desenrolando e ao mesmo tempo eu me sentia entorpecida com a atenção de todos sobre mim.
-Vai ficar tudo bem – Cara me abraçou e afagou meus cabelos, eu não tinha percebido que eu estava chorando.
-Você não deveria colocar suposições, não é você quem está cuidando desse caso e se me lembro bem você deixou o cargo de detetive – Golan disse para Nina que se sentou ao meu lado e segurou minha mão
-Eu estou aqui apenas como uma amiga – ela respondeu – e não vou deixar você ferrar com isso.
A voz dela era tão segura e Golan parecia um idiota diante da mulher que ela era. Mas eu não tinha cabeça, estomago, coração, paciência, eu não tinha nada que conseguisse me deixar ali entre todos eles então apenas dei um meio sorriso e subi para o meu quarto, e andei em círculos não sei por quanto tempo pensando em todas as pessoas que queriam me machucar, que queriam me destruir, fiquei pensando em todos os seus motivos e tentando encontrar uma pista. Mas tudo era vago demais, tudo era inútil demais. Eu fiquei com tanta raiva que derrubei a penteadeira do quarto e a destruí no chão, furiosa, sentindo que meu coração fosse explodir.
-O que está acontecendo aqui? – Jared entrou no quarto assustado.
-Nada – falei passando a mão na cabeça e tentando me acalmar. Mas ele tinha que abrir a porra da boca dele!
-Eu sei que você adora encher a cara e talvez tenha adorado usar drogas novamente, só que agora eu preciso que você se mantenha sã, não posso me preocupar com você e com Hannah ao mesmo tempo! – ele se aproximou demais e toda raiva que eu ainda estava sentindo veio como um choque percorrendo meu corpo e eu o acertei com um tapa, depois socos em seu peito mas ele segurou meus pulsos.
-Cala a boca! Cala essa maldita boca! – gritei – eu não preciso que você se preocupe comigo. Isso é culpa sua! Tudo isso, se você não tivesse transado com aquela vagabunda eu não estaria tão zangada e assim ao invés de deixar minha filha sozinha em casa, para não matar você e aquela puta, eu saí, deixei ela indefesa, deixei ela sozinha, eles levaram ela de mim e só Deus sabe o que vai acontecer! Eu odeio você, Jared, Deus como eu odeio você, então não fica ai parado dizendo que eu tenho que me controlar porque essa porra é culpa sua!
Eu não disse, eu gritei, gritei da forma mais cruel que eu poderia ter dito o deixando paralisado ali, petrificado sem saber o que me responder mas eu não senti dó de sua expressão porque eu estava com tanta raiva dele que eu só queria que ele saísse da minha frente.
-Sai daqui! – gritei novamente – vai!
E sem dizer nenhuma palavra ele saiu, e assim que a porta se fechou atrás dele eu caí sobre meus joelhos chorando impiedosamente, chorando até minha cabeça começar doer. E foi assim que eu acordei na manhã seguinte, deitada no chão do meu quarto com os olhos inchados e minha cabeça ainda estava explodindo. Desci até a cozinha e só me deparei com uma das empregadas que estavam fazendo café e todo aquele silencio me matava, nessas horas, minha filha vinha correndo me pedir um beijo e eu olhei para a porta da cozinha na esperança de que aquilo acontecesse mas eu estava me iludindo. Me sentei no sofá da sala tentando ver um pouco de televisão, mas minha cabeça voou por alguns instantes.
Eu havia feito coisas ruins para muitas pessoas, eu pensei em Natalie mas depois de quase quatro anos ela não tentaria se vingar de mim, ou tentaria? Não, eu acho que não. Ou ela teria falado com Jared porque ele também foi um canalha com ela, eu pensei em Bradley, mas ele também não faria isso... ou faria? Ele estava na minha casa na noite em que ela foi levada após nós termos discutido, após eu ter dito a ele que não estaria mais com ele!
Meu coração palpitou dentro do peito e com um pulo saltei do sofá, troquei de roupas e dirigi feito louca até o apartamento dele. Ainda era sete e meia da manhã quando ele abriu a porta com cara de sono e eu invadi seu apartamento como uma louca, olhando e volta. Ele olhou em volta confuso e coçando o olho direito, depois bocejou.
-Meu Deus! – ele disse – poderia ter ligado antes?
-Onde está Hannah? – perguntei e ele pareceu entender o meu desespero, suspirou fundo e fechou a porta.
-Eu não sei, mas com certeza ela não está aqui! – ele disse calmo – eu tenho acompanhado nos jornais o que aconteceu e eu não quis me envolver porque bem, acho que não era uma boa hora. Mas, Mag, você acha que eu machucaria sua filha? Eu não sou tão psicopata assim.
Olhei para ele tentando me acalmar, ele tinha razão. Eu estava tão maluca para encontrar ela que comecei a suspeitar de qualquer pessoa mas Bradley não a machucaria, eu sabia disso.
Ele veio e gentilmente me abraçou me escondendo em seus braços e estranhamente, eu encontrei nele o conforto que eu deveria encontrar em meu marido. Logo comecei a chorar.
-Eu estou ficando maluca! Eu não sei onde ela está... eu não tenho nada, eu... eu... eu tenho que achar ela Brad! Tenho que encontrar minha filha.
-Shhh. – ele afagou meu cabelo – calma, nós vamos encontrá-la, nós vamos achar a pequena Hannah, Mag.
Eu me afastei e ele secou meus olhos. Depois me serviu um pouco de chá e ficamos conversando no sofá.
-Mas se é realmente pessoal, com certeza a pessoa já teria entrado em contato com você – ele disse.
Eu parei para pensar.
-Eu não sei, talvez ela queira me ver enlouquecer antes.
Ele coçou o queixo pensativo.
-Calma, você precisa repensar nos últimos acontecimentos, coisas estranhas que aconteceram.
-Tudo. – eu dei risada sem humor – tudo tem desmoronado na minha vida da noite para o dia, você apareceu e depois Gary e aí... – eu parei de falar, como se tivesse ouvido um click dentro da minha cabeça e de repente as palavras de Marina começaram a rugir dentro dela, “Bradley apareceu e depois o seu antigo chefe querendo dinheiro, isso não pode ser coincidência” Gary tentara uma vez tirar dinheiro de mim mas eu não havia cedido aos seus pedidos, e por isso ele enviou as fotos para Jared mas não recebeu nada em troca, e então o que ele estava fazendo na noite anterior no clube? Só podia ser ele! Só podia ser Gary, ele iria usar minha filha para me arrancar dinheiro e por isso a pessoa que ligou tinha que falar exclusivamente comigo.
Eu precisava avisar ao Jared!
-Hey, o que foi? O que você está pensando? – Bradley perguntou segurando minha mão.
-Gary! – eu falei
Ele não entendeu.
-O seu antigo chefe? – perguntou – por quê?
-Ele quer dinheiro, muito dinheiro! – respondi um tanto apreensiva me colocando de pé – eu preciso avisar a Jared e a todos, você vem?
Ele pensou um pouco mas acabou segurando minha mão, nós dirigimos juntos até J.L. Enterprises. Bradley ficou admirado com o tamanho do edifício e todo o seu luxo, mas eu não tinha tempo para isso passei pela recepção como um foguete com ele em meu encalce, não posso negar, um tanto animada para finalmente dizer a Jared que tínhamos uma pista, que tínhamos alguma coisa.
-Sra. Leto, o senhor... – Cristina assim que me viu ficou de pé em seus saltos tentando me impedir de entrar mas eu mal a respondi, abri a porta do escritório contente e animada.
-Jared você precisa saber o que eu descobri... – entrei em seu escritório escancarando a porta mas a frase morreu em minha garganta assim que eu olhei para a sua mesa. Amber estava de bruços na mesa de centro, sua saia subia até sua barriga e bom, ele estrava comendo ela, na mesma mesa que aquele filho da puta costumava me comer. Ele rapidamente saiu de trás dela erguendo sua calça, mas ela ficou paralisada em cima da mesa me olhando até ficar vermelha, envergonhada.
Eu não conseguia explicar muito bem o que estava passando em mim, uma eletricidade que vinha ultrapassava toda a minha espinha, descia até meus pés depois subiam novamente. Ódio, raiva, magoa, palavras pequenas para o que eu estava sentindo.
-Oh, merda! – Bradley apareceu atrás de mim e eu não me importei se ele pareceu se divertir com aquilo.
-Seu filho da puta! – foi a única coisa que eu consegui dizer olhando para Jared – seu desgraçado!
Amber se vestiu finalmente e se levantou, ela se colocou entre mim e Jared.
-Margot, calma, é... – e a pior coisa que ela fez foi ter se aproximado de mim, eu a empurrei com tanta força que ela caiu batendo a cabeça na mesa, passei por cima dela e me aproximei de Jared.
-A minha filha, a NOSSA filha está desaparecida e você comendo essa puta? – rosnei, esbravejei, eu não sei mas se eu não me controlasse teria jogado ele daquela janela. – Quer saber, esquece! Eu não posso me preocupar com você agora!
Soei da mesma forma que ele na noite anterior.
Eu olhei para trás e vi Bradley ajudando Amber a se pôr de pé.
-O que você pensa que está fazendo? – gritei e ele se assustou a soltando e ela caiu novamente.
-Ah, só estava ajudando... – ele disse.
-Deixa essa vaca aí, no chão, que é o lugar dela. – falei passando novamente por cima dela e saindo do escritório, sem tempo para choros, sem tempo para dor, sem tempo para essas merdas. Eu tinha que ir buscar minha filha e se Jared queria ficar comendo outras, eu teria que fazer isso sozinha!

A acompanhante (CONCLUÍDA) Onde histórias criam vida. Descubra agora