Back to you

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“Eu quero te abraçar quando eu não deveria, quando estou dormindo do lado de outra pessoa. Você está preso em minha cabeça e eu não consigo te tirar dela, se eu pudesse fazer tudo outra vez eu sei que eu voltaria para você”

Já três dias se passaram e eu não suportava mais ficar naquela cama como uma inválida, o inchaço da cirurgia estava diminuindo devagar enquanto meu tédio parecia que iria me matar. Tinha acabado de resolver algumas pendências da agência e dos clubes pelo meu notebook quando finalmente pensei em atender a necessidade do meu corpo de tomar um como d'água, e como odiava incomodar alguém por causa disso, levantei e eu mesma fui buscar na cozinha. Cada passo que eu dava eu sentia uma pontada no estomago como se meus pontos fossem abrir mas fui mesmo assim, um passo de cada vez, e ah droga, um degrau de cada vez.
Fui me apoiando nas paredes da mansão silenciosa, Jared deveria estar trabalhando, Hannah na escola e Maggie me disse que iria dar uma volta com Nate e eu senti muita inveja dela de poder fazer isso.
-Ai droga! – exclamei assim que cheguei na cozinha, ficando boquiaberta. As mãos de Jared estavam na cintura de um morena de um metro e meio de altura, com os olhos claros e cabelos longos. Eles também pareciam que iam se engolir vivos, não sei se fiquei assustada com a cena ou se aquilo realmente me incomodou. – Desculpem... eu só vim pegar uma água
Me justifiquei, tudo que eu não queria era que ele pensasse que eu estava interrompendo aquela pegação deles e que pegação! Ela estava sentada em cima da mesa com as duas pernas ao redor da cintura dele além da respiração ofegante, com certeza eu interrompi algo muito importante.
-Margot o que você está fazendo aqui? – ele perguntou parecendo bravo mas eu não soube se era comigo ou sei lá, o fato de ter interrompido eles.
-Eu... bem, eu vim buscar um copo d'água – respondi gaguejando, porque eu tinha ficado tão fora de mim?
-Deveria ter me chamado, você não pode se esforçar! Pode acabar abrindo os pontos e... – ele simplesmente soltou ela e caminhou até mim me fazendo se sentar, os olhos claros dela estudou toda aquela cena e com um pulinho ela saiu de cima da mesa enquanto Jared pegava água para mim.
-Eu sou...
-Rachel. – a interrompi apertando sua mão – eu ouvi sobre você. 
Ela sorriu de lado simpática, ela era muito bonita além de parecer mais velha do que eu, os dois tinham a mesma idade.
-Eu ouvi muito sobre você também, Margot – respondeu – é muito legal e corajoso o que você fez pela sua amiga.
Dei de ombros.
-Só um pedacinho de carne, não vai fazer diferença – falei a fazendo rir, por um momento achei que o clima entre nós três ficaria estranho mas a forma simpática que ela me tratava mostrava que não. Jared me estendeu o copo e eu agradeci, deixando um silêncio pela cozinha que foi interrompido por um trovão.
-Acho que vem chuva aí – ele disse olhando pela janela – aliás, uma tempestade.
Rachel se levantou
-Sua mãe está vindo pra cá com sua irmã, é melhor elas se apressarem.
Eu fiquei quietinha sem dar opinião reparando o quanto eles dois se davam bem. Ele parecia gostar dela, e ela gostar dele.
-Acho que vou voltar para o quarto – falei – quando Maggie chegar com Nate diga a ela para levar ele até o quarto?
-Claro – respondeu ele de prontidão – espera, você não ta pensando em subir escadas, está?
-Eu posso flutuar – brinquei e ele fingiu rir.
-Venha – ele mal disse e me pegou no colo como uma criança e eu teria brigado com ele se todo o meu corpo não tivesse se ascendido com um simples toque dele, com a droga da pele dele na minha! O filho da mãe me deitou na cama e sorriu, e eu estava odiando aqueles sorrisos dele.
-Precisa repousar, Mag – falou.
-Eu vou – prometi, nós seguramos aquele contato visual por alguns segundos, ele sorriu e se afastou.
-Vou descer e estarei lá em baixo, qualquer coisa me chame – ele beijou o topo da minha cabeça e saiu me deixando afundar nos meus pensamentos, malditos pensamentos!
No final da tarde quando Constance chegou com Cara foi uma festa, ela me abraçou com tanta força que achei que quebraria meus ossos, beijou minhas bochechas e chegou até a chorar.
-Não posso acreditar que você voltou! – disse com tanta alegria e emoção que fez meu coração se encher de felicidade por ser novamente querida ali.
-E nem pense em ir embora de novo lindinha – disse Cara apertando meu braço.
-Cadê a Nina? É ela que você deveria estar apertando – disse a fazendo gargalhar.
-Está chegando – respondeu mexendo no celular.
A sala estava cheia, Constance estava encantada com Nate e não o largava um só minuto causando ciúmes em Hannah que queria um espaço no colo da vó também, e quando Henry chegou com Marina e Shannon ela ficou com mais ciúmes ainda de ter que dividir a vó com mais duas criancinhas.
-Está melhor? – Marina perguntou me abraçando.
-Sim, Jared não me deixa fazer nada – reclamei e ela gargalhou.
-Anime-se Margot, você continua sendo a...
-Finalmente chegaram! Achei que com essa tempestade vocês não iriam conseguir – Jared entrou na sala animado cortando a fala de Marina que apenas piscou para mim, Rachel estava atrás dele e as duas se cumprimentaram como se já se conhecessem. Logo Nina também chegou e então finalmente pudemos ir para a mesa, eu estava morrendo de fome e ainda tinha que ter uma dieta especial por causa da recuperação.
Jared e eu chegamos na sala por último já que ele estava me ajudando a caminhar, e para nossa surpresa (ou não tanto) os únicos lugares livres eram um ao lado do outro.
-Senta aqui, Mag! – Cara me disse se virando e instantaneamente eu lembrei da primeira vez em que estive naquela mansão. Como as coisas haviam mudado!
Jared me ajudou a caminhar até lá e eu me sentei, ele fez o mesmo.
Começamos com uma conversa animada e a comida foi servida.
Olhei para o meu prato desapontada.
-O que foi? – ele perguntou.
-Você que mandou fazerem essa gororoba pra mim? – mexi naquela “sopa" verde e todos gargalharam.
-Não é “gororoba" e sim, vai te fazer muito bem. – respondeu pegando a colher da minha mão.
-Agora abre a boquinha – disse como se eu fosse criança e começou a rir em seguida da minha cara, eu peguei outro prato e arranquei a coxa daquele frango que estava na minha frente o mordendo com vontade e fazendo a maior cara de prazer do mundo, ele parou de rir por alguns segundos me olhando mas então somente balançou a cabeça e largou aquele troço verde.
-Você é extremamente teimosa – disse.
-E você é doido se acha que eu vou comer esse treco – respondi e ele riu novamente alegre.
-Isso só me faz lembrar do dia que ficamos preso naquela tempestade porque você quis parar para ir ao McDonalds! – acusou e eu abri a boca indignada mas rindo.
-Eu? Você que não me escutou e quis sair sabendo que iria chover – afirmei ele levou as mãos até o peito balançando a cabeça.
-Era o dia a sua ultrassom! – falou e eu dei de ombros.
-Podíamos ter remarcado – argumentei e dei outra mordida no frango.
-Teimosa!
-Mandão!
-Rebelde!
-Certinho! – contra ataquei e então ele caiu na gargalhada me fazendo rir também.
-Os dois são insuportáveis – Cara disse nos fazendo lembrar que tinha mais pessoas naquela sala além de nós dois, por um momento eu me senti feliz de novo brincando e rindo com ele lembrando daqueles momentos ao lado dele, como éramos felizes, melhores amigos, apaixonados. A realidade era triste, ainda mais quando passei meus olhos pela mesa e vi Rachel nos encarando e Nate, ah meu Deus, como eu contaria a ele que eu tinha outro filho dele e escondi?
Nós voltamos a conversar entre todos e nossa noite estava muito animada, Constance insistiu em querer ajudar na retirada das louças da mesa e eu a acompanhei até a cozinha.
-É muito bom te ver de novo Margot, mesmo que você tenha ido embora sem se despedir de mim – falou.
-Bom, a situação não estava muito ao meu favor naquela época – falei tentando não me sentir mal ao relembrar daqueles dias em que fui acusada de uma coisa que eu nunca faria mesmo se eu fosse a pior pessoa do mundo, os ombros dela relaxaram e os olhos claros ficaram tristes.
-Me desculpe Mag por ter te culpado por algo assim, foi crueldade. – respondeu segurando minhas mãos e suspirando – Amber nunca esteve grávida.
Continuei a encarando surpresa por ela dizer aquilo.
-Mas algo dentro de mim diz que você já sabia disso – comentou e olhou em volta pedindo para todos saírem da cozinha e assim fizeram – só gostaria de entender porque você não ficou para provar que era inocente?
Dessa vez eu suspirei.
-Havia muita coisa em jogo – respondi pensando em Nate e ela fez o mesmo, me roubando todo ar, ele estava sentado em meu colo batendo uma colher na mesa e instintivamente o abracei.
-Quando você pretende contar a ele? – minha expressão deve ter sido de quem acabara de levar um tiro – ora, Margot, não faça essa cara para mim. Você acha que uma vó não reconhece o próprio neto? Além dele ser idêntico a ele quando ele era criança.
Eu suspirei tentando relaxar meu corpo e pensar em uma resposta mas era óbvio que eu não tinha pensado em contar a ele, como faria? Ele estava me tratando tão bem, estávamos nos dando tão bem como não fazíamos ah muito tempo, não queria que ele me odiasse mas não queria que ele vivesse em uma mentira.
-Eu não sei, Constance. – respondi perdida.
-Ele precisa saber – respondeu.
-Precisa mas não posso deixar que ele me odeie, não posso suportar e como vocês descobriram sobre Amber? – perguntei curiosa e ela ergueu as sobrancelhas.
-Ele ouviu da própria boca dela, tudo foi um plano – disse e meu coração apertou
-Mas... – ia continuar falando mas ela fez sinal para que eu me silenciasse e ele entrou na cozinha a procura de uma garrafa de vinho.
-Bom eu vou voltar para sala, posso ficar mais com ele? – ela pediu e eu entreguei Nate para ela deixando os dois contentes.
-Está uma noite animada – ele disse – fazia tempo que não tínhamos uma noite assim.
-Concordo, eu sentia falta disso, os britânicos são mais reclusos – respondi enquanto ele abria a garrafa de vinho – raramente se juntam ou fazem algum tipo de comemoração e aquela história de chá das cinco é um saco.
Ele deu risada.
-Você é californiana programada geneticamente para odiar qualquer coisa fora daqui – respondeu fazendo força e abriu a garrafa mas com um impulso acabou derramando em si mesmo – ah droga
Eu me levantei devagar rindo e pegando um pano, sua camisa tinha se tornado uma mistura de azul com vinho. Me aproximei passando o pano para ajuda-lo enquanto ele abria a camisa.
-Vou trocar – disse e assim que abriu os botões a retirou me tirando junto qualquer fôlego que eu tinha, céus, eu amava aquele corpo masculino bem definido. Não pude deixar de ignorar a cicatriz do tiro que ele tinha ali no peito, próximo ao coração.
-É uma marca de guerra – falou eu não percebi que estava olhando hipnotizada para aquela cicatriz, o que me deixara mais triste foi lembrar que quase fui a loucura quando achei que o perderia de vez, mas agora eu realmente havia o perdido. Lentamente levei a ponta do meu dedo até ali, eu sempre a evitara e pela primeira vez quis toca-la. A pele tinha outra espessura, uma cicatriz de cinco centímetros que me lembrava do momento mais aterrorizante da minha vida.
Minha respiração falhou, estivemos longe um do outro por tanto tempo, como eu sentia falta dele!
E fiquei surpresa quando no meio do nosso silêncio ele acariciou meu rosto, ergui meus olhos para ele estudando-os, seus lábios tão chamativos.
-É melhor eu ir colocar outra camisa – ele disse quebrando aquele contato, balancei a cabeça saindo do meu transe.
-É claro, claro. – respondi me afastando também. Ainda era dez horas da noite, não estava tão tarde assim e a chuva lá fora já tinha cessado. Ele foi trocar a camisa e eu voltei para a sala.
-O que foi? – Cara sussurrou – vocês se pegaram?
-O que? Não! – disse – claro que não.
-Srta, o Sr. Belfort está lá fora procurando por você. – Uma das empregadas anunciou e todos me encararam, Nina que esteve mais próxima de mim em Londres cerrou os olhos e depois os revirou, depois da briga em que ele me jogou contra a parede e gritou comigo ela nunca mais confiou nele.
Mas me levantei e fui atende-lo, para minha surpresa Léo estava lá em frente ao portão com um buque de rosas brancas e um olhar de cachorro arrependido.
Fechei o portão atrás de mim e cruzei os braços olhando para ele.
-Acredito que “desculpas” não é o suficiente. – ele falou.
-Não, não é. – falei. Ele suspirou.
-Mag, a gente ainda não terminou e eu nem quero que isso aconteça. – falou – eu trouxe isso para você.
Me estendeu as rosas brancas que eu peguei com um leve sorriso, ele sabia ser encantador quando queria.
-O que eu posso fazer para conquistar suas desculpas?
Eu suspirei fundo e segurei em sua mão, olhei pela janela pra dentro de casa para verificar se alguém estava tentando nos ouvir mas não, ainda permaneciam entretidos na conversa deles. Por um instante eu olhei para Jared e pensei que eu poderia terminar ali com Léo e depois tentar reatar as coisas com ele, mas convenhamos que isso nunca iria acontecer, eu e ele éramos melhores separados, apesar de o amar com todo o meu coração era melhor manter uma distância considerável tratando-se de sentimentos. É que a gente parece duas crianças, um mais birrento que o outro, somos mimados cheios de vontades, isso desde o início. A gente briga, se xinga, e até dizemos que nos odiamos e ah se todo ódio fosse assim, porque eu sempre acabava voltando para ele e ele para mim, é como se tivéssemos um imã, um polo positivo atraído por um negativo. É a física. Até a natureza conspira ao nosso favor.
Mas... Sempre ia ter esse “Mas”, como iria ser? E quando tivéssemos a primeira briga? Será que tudo o que aconteceu no passado não retornaria no mesmo instante?
Léo ainda me encarava enquanto eu estava perdida em meus pensamentos, segurei sua mão.
-Vamos conversar? – falei, ele deu um sorriso.
-Vamos.
Nós demos uma volta pelo quarteirão lentamente enquanto eu falava com ele sobre meus medos em relação ao futuro mas não mencionava nada sobre a possibilidade de reatar minha vida com Jared, ele falava sobre como tinha planos para o Nate como se fosse o próprio pai e aquilo me deixava um tanto triste porque ele não aceitava o fato de que ele não era.
Depois que acabamos nossa voltinha voltamos para a mansão, Jared e Marina estavam na porta um tanto atordoados.
-Onde você estava? Achei que tivesse acontecido alguma coisa com você. – ele falou olhando para mim sério.
-Desculpa... Léo e eu saímos para dar uma volta.
Parece que só então eles notaram a presença de Léo ali, Jared fez a cara de bravo dele que eu conhecia muito bem.
-Marina pode por favor colocar essas rosas em um vaso para mim? – pedi afim de mantê-la longe daquele ambiente ela as pegou e entrou para casa mas logo voltou, pronto eu estava encurralada.
-Ela gosta das vermelhas. – Jared falou, ia começar.
-Ela nem gosta de rosas, gosta de diamantes, carros caros e luxo.
Marina praticamente descreveu a Margot de vinte e dois anos.
-Eu gosto das rosas brancas, gosto do gesto dele. – o defendi.
Léo respirou fundo.
-Bom, Mag, acho que já preciso ir a menos que queira que eu fique. – falou e antes que eu pudesse abrir a boca.
-Ah Jared você falou que a casa ia estar cheia hoje né? – Mary disse e ele assentiu como se os dois tivessem planejado aquilo.
-Acho melhor não, Léo. Nos vemos amanhã. – falei dando-lhe um beijo na boca, ele sorriu e entrou no seu carro indo embora. – Porque vocês tem que ficar no pé dele?
-Ele é um babaca, Mag – Marina falou, revirei os olhos.
-Vocês também são! – falei passando por eles e entrando em casa, mas pude ouvir os dois rindo pelas minhas costas. Parecia que todos estavam fazendo de tudo para que Léo e eu não ficássemos mais juntos mas ninguém entendia que Jared e eu não poderíamos mais voltar, apesar de nitidamente ainda nos amarmos, bom pelo menos eu o amava. Peguei Nate que começara a chorar e fui por ele para dormir, enquanto ninava ele em meu colo no quarto Jared entrou.
-Mag, não fica brava com a gente. – falou – mas rosas brancas para te pedir desculpas?
Olhei para ele e cerrei os olhos.
-Não quero falar sobre isso.
Mas ele parecia se divertir.
-Bom, sabe o que eu faria para te pedir desculpas? – eu me virei de costas para ele ninando o meu filho que já estava adormecendo, mas senti quando ele se aproximou por trás – eu te levaria para jantar, em algum lugar magico, um lugar especial, compraria para você apenas uma rosa vermelha porque eu sei que posso comprar milhares de rosas mas nenhuma seria tão bela quanto você. – eu fechei meus olhos, que.merda.jared.Leto! Então ele tocou em meu ombro e eu me encolhi rapidamente ao seu toque, ele suspirou e o ar quente veio direto em meu pescoço – no final da noite eu me aproximaria assim de você, beijaria seus ombros nus, até chegar em seu pescoço, entrelaçaria meus dedos em seu cabelo ao mesmo tempo, porque eu sei que é assim que você gosta que seja tocada, de ser dominada...
Eu estava em transe ouvindo-o falar, Nate havia adormecido por completo então eu me afastei de Jared fugindo do meu transe e o coloquei no berço, o quarto estava escuro mas iluminado por um abajur, virei para Jared que me olhava sério, seus olhos azuis brilhavam e com um passo me coloquei a sua frente.
-Isso é errado. – falei – é muito errado.
-E quando foi que você deixou de gostar das coisas erradas, Margot? – falou.
Respirei fundo.
-Talvez eu tenha amadurecido, me tornado uma mulher melhor. – respondi, ele sorriu de lado.
-Isso não se encaixa entre a gente, quando se trata de mim e de você nós somos egoístas, manipuladores, pessoas horríveis, só porque queremos ficar juntos. – ele falou se aproximando mais, falávamos baixo por conta de Nate.
-Exatamente, quantas pessoas desde que nos conhecemos, nós ferimos e brincamos só para ficarmos juntos? Isso não pode ser assim para sempre. – disse, então rapidamente ele segurou meu punho e me puxou para perto dele, uma aproximação, muito, muito perigosa. Levantei meu olhos e o encarei seria, tentando controlar meus instintos que mandava-me pular nele e beija-lo.
Ele sorriu de lado novamente, colocou uma mexa do meu cabelo atrás da minha orelha.
-Eu faria tudo de novo por você. – falou – eu não me arrependo de nada do que fiz para ficar com você. Quer me chamar de pessoa egoísta? De um machista? Vá em frente, mas eu nunca teria feito essas coisas se não fosse por você.
-Está dizendo que a culpa é minha?
Ele riu.
-Estou dizendo que você é a mulher mais maravilhosa que eu já conheci, que por você eu cometeria todos os pecados e quebraria todas as regras, mas unicamente e exclusivamente por você!
Eu fiquei estática. Eu nunca ia ter uma resposta para quando ele me dissesse essas coisas. É verdade, quando o conheci era um chato, cheio de regras, princípios, valores, estava ah cinco anos com uma garota que não amava simplesmente porque queria pagar uma dívida, uma promessa e eu consegui tira-lo dos trilhos. Consegui atraí-lo por arrogância, vaidade, simplesmente porque o queria mais que todos os homens que eu já havia conhecido mas nunca esteve em meus planos me apaixonar por ele e quando isso aconteceu me tornei mais egoísta ainda em relação a ele, a questão era, valia a pena continuar sendo egoísta? Valia a pena machucar Léo, mandando-o embora da minha vida para poder reatar com Jared?
Eu não disse nada mais, apenas fiquei encarando-o ali na minha frente. Nossa respiração entrecortada e o sorriso dele, que brilhava aos meus olhos. Fiquei pedindo para que a mão dele soltasse meu pulso e percorresse pelo meu corpo mesmo que isso fosse errado.
-Eu acho melhor voltarmos – ele disse e confesso que fiquei desapontada e acredito que ele percebeu pois continuou e com brutalidade segurou meu rosto – Você deveria pensar nas consequências de ficar sozinha comigo em um quarto escuro.
Eu não consegui dizer nada além de sentir raiva, raiva por não tê-lo mais. Ele encostou sua testa na minha e fechamos os olhos.
Levei minha mão ate seu rosto acariciando-o! Inferno! Inferno de homem!
Então bruscamente como se estivesse com raiva ele me soltou saindo do quarto e eu senti como se estivesse me afogando em raiva e frustração, eu o queria mas será que realmente valeria a pena?
De qualquer forma eu já havia perdido o ânimo e fui me deitar com a desculpa que estava sentindo dores na região onde foi feita a cirurgia e ele obviamente ficou imensamente preocupado me levando escada acima para o quarto 
-Não deveria ter se esforçado tanto – alertou mas mal ele sabia que meu maior esforço ali era para não agarra-lo e beija-lo a força.
-Estou bem – menti me ajeitando de baixo dos cobertores.
-Que bom, Mag agora tente descansar – foi o que disse antes de sair e felizmente eu consegui pegar no sono rápido, tão rápido que mal notei quando aconteceu somente quando fui acordada pela madrugada com... gemidos? Os gemidos vinham fortes do quarto ao lado, era difícil identificar havia três casais naquela casa mas pelo gemido agudo e desesperado, arfando de forma insana a coisa estava realmente boa e não posso negar que senti inveja daquela mulher! Ah meses que eu não sabia o que era sexo, falo de sexo mesmo daqueles que nos deixam com as pernas bambas, o corpo suado, o coração acelerado após um orgasmo... como eu sentia falta dele me fazendo se sentir assim, sem forças nem para sustentar meu próprio corpo, apenas as mãos dele, os ombros largos... Deus, o que estou pensando? Léo também era ótimo na cama, mas nunca me fez se sentir da mesma forma como Jared fazia, nem mesmo me fez chegar “lá" em quase dois anos.
Outro gemido! Rolei de um lado para o outro colocando o travesseiro na minha cabeça tentando me privar daquele barulho mas foi inútil, até que uns minutos depois cessaram. Tentei voltar ao meu descanso mas havia perdido totalmente o sono, foi quando decidi tomar um copo de leite.
-Ah que droga! Eu não estou seguindo vocês – falei quando infelizmente dei de cara com Rachel e Jared novamente na cozinha, ele sem camisa e ela de camisola, suados, cansados, deu para saber imediatamente da onde havia saído aquela barulheira. Rachel riu descontraída.
-Me desculpe, Margot, eu acordei você? – perguntou envergonhada – Jared estava... com muita fome.
Ergui as sobrancelhas, ta aí um detalhe que eu não queria saber.
-Bota fome nisso – comentei e ela riu de novo passando por mim.
-Vou deitar, me desculpe mesmo Margot – ao menos ela era bem humorada, saiu da cozinha deixando Jared e eu nos encarando como dois idiotas. O que eu poderia dizer?
-Noite animada! – falei tentando quebrar o gelo, ele balançou a cabeça concordando.
-Me desculpa...
-Não tem que se desculpar, ela é sua namorada, sua casa, seu quarto... – o interrompi antes que começasse – eu sou a visita aqui, só espero que você tenha trocado a cama... aquela que tínhamos rangia muito quando... enfim, ela tinha um negocinho estranho...
Eu realmente falava muito quando tentava disfarçar meu ciúmes, ele riu de braços cruzados me interrompendo.
-O que foi?
-Aquela cama? Quer saber o que aconteceu com ela? – balancei a cabeça e então ele segurou minha mão me levando escada acima, andamos pelo corredor dos quartos em direção ao quarto principal que ele abriu com uma chave, assim que acendi a luz fiquei boquiaberta. Tudo permanecia o mesmo ali, exatamente tudo até mesmo um grampo de cabelo que eu havia deixado na penteadeira. O encarei perplexa, eu deveria ter reparado que ele não estava dormindo naquele quarto.
-Eu não entendo – falei
-Nem eu – respondeu – só não consegui me desfazer de nada. Está tudo aqui.
Abri o closet e me impressionei com a quantidade de coisas que eu havia deixado ali e enquanto eu olhava minhas roupas as mãos dele pararam em meus ombros.
-Cada peça, cada detalhe permanece o mesmo. As ordens são para deixar tudo limpo e não mudar nada. – disse próximo ao meu ouvido, me virei para ele.
-Você manteve uma memória minha por todos esses meses. – afirmei perplexa, por meses acreditei que ele havia se esquecido de mim, ah minutos atrás eu jurava que sim. Mas diante daquele cenário eu me afundei em um mar de confusão e dei um passo para frente tentando beija-lo, finalmente tentando beija-lo mas ele recuou!
-Não posso fazer isso – disse, balancei a cabeça sem entender – Você estava certa, fomos egoístas antes, não posso fazer o mesmo com a Rachel.
Me afastei dele virando o rosto tentando esconder minha humilhação.
-Você está certo, desculpa – disse, então ele me puxou para mais perto de novo, tão perto e acariciou meu rosto.
-Isso não quer dizer que eu não queira você – a voz dele rouca e desesperada acabava comigo – apenas que quero fazer as coisas certas dessa vez.
Meu coração cheio de emoções e impulsividade bateu mais forte, mordi o lábio inferior tentando não chorar na frente dele mas ele grunhiu bravo consigo mesmo por me querer tanto mesmo após ter estado com outra mulher.
-Para com isso – falou – me deixa fazer as coisas certas dessa vez.
Eu podia estar imersa em um mar de confusões mas naquele momento a certeza que eu tinha era que o teria de volta mesmo que assim que ele saísse eu voltasse a duvidar.
Como eu podia ser tão egoísta e estupida?
-Não existe certo entre nós – respondi – Você mesmo disse isso.
-Mas não pode ser assim, Mag. – ele juntou as sobrancelhas em um sinal claro de que estava extremamente chateado e eu também estava mas precisava recobrar minha razão e entender que nós dois precisaríamos agir certo pelo menos uma vez na nossa vida.

A acompanhante (CONCLUÍDA) Onde histórias criam vida. Descubra agora