“Mas se eu mantiver meus olhos fechados ele se parecerá com você”
A noite passada não era nada além de um borrão na minha cabeça o que não era novidade já que eu mais uma vez tinha extrapolado na bebida. Rolei da minha cama, sim rolei porque era a única forma de conseguir levantar, e fui até o banheiro. Encarando meu reflexo no espelho eu notei o quão miserável eu estava sendo, me sentindo perdida, sozinha, vazia. Que patético! Com apenas vinte e cinco anos e me afundando em drogas e bebidas por causa de um homem. O interior das minhas coxas estavam doloridos, e meu estômago doeu antes de eu me inclinar e vomitar no vaso. Bela maneira de começar o dia, com uma ressaca que eu logo mandei embora após cheirar um pouco de coca, o que eu podia fazer? Era cedo e eu tinha compromissos.
-Ai meu Deus! – eu gritei quando me deparei com Léo na minha cozinha, o que ele estava fazendo ali?
-Bom dia, dorminhoca! – ele disse me dando uma xícara de café e um beijo rápido – imaginei que você fosse querer.
O encarei confusa e perdida.
-O que... desculpa, eu estou um pouco confusa. – falei rapidamente e ele sorriu.
-Bom, claro que está mas deixe eu esclarecer suas dúvidas, você bebeu muito, mais do que eu achei que uma mulher aguentaria.
Ri um tanto envergonhada.
-Eu te trouxe para casa e você insistiu que eu dormisse com você e nós, bom...
Eu abri a boca chocada, não por ter transado com ele mas porque eu simplesmente não conseguia me lembrar... espera, alguns flashes vieram rapidamente.
“-Ah qual é? Você não vai querer me deixar sozinha e bêbada, vai? Você disse que me protegeria sempre que eu extrapolasse! – falei soando mimada e sexy. Os olhos azuis ficaram notoriamente confusos e eu ri alto – Você sabe que sou jovem e divertida, então me conte suas ideias, vamos torna-las realidades.
Mordi o lábio inferior e me inclinei passando a mão em sua coxa, sabia que ele simplesmente não iria resistir, e então ele segurou minha mão e subiu para o meu apartamento comigo.
-Eu não acho que seja prudente... – me virei e rasguei sua camisa ao meio beijando seu pescoço e em seguida seu peito descendo minhas mãos até seu membro – Margot eu realmente acho que você deveria se recuperar...
-E quando você negou sexo pra mim? Você adora me comer quando estou bêbada! – falei sussurrando em seu ouvido... espera, ele o que? Não era ele! Era Jared! Eu não estava com Jared?
-Margot eu não...
-Shhh – coloquei o indicador na sua boca e gargalhei novamente depois o beijei – no meu quarto é melhor...”
Ergui os olhos para ele com a boca aberta espantada com aqueles flashes de memorias que eu gostaria que simplesmente sumissem da minha cabeça. Levei a mão até a cabeça envergonhada. Eu simplesmente passei a noite com ele pensando em Jared, chamando por Jared!
-Oh, Léo, eu não... – lamentei tocando em seu rosto.
-Está tudo bem... – respondeu tentando não parecer decepcionado – eu entendo que o momento não é do melhor, mas preciso ser honesto com você: você merece mais do que alguém que te jogou para escanteio, Margot! Jared não merece você e ele também não quer mais estar com você.
Meus lábios tremeram, ele me olhava fundo nos olhos.
-O que? – balbuciei.
-Veja, eu tive o atrevimento de pegar sua correspondência e isso chegou para você.
Peguei o envelope branco com emblema do cartório da Califórnia de sua mão e senti meu coração falhar ao tocar naquele papel, levantei os olhos para ele antes de abrir o envelope rapidamente e me deparar com o que seria um tiro. Era o pedido oficial de divórcio, Jared estava pedindo divórcio e minha reação ao ler aquilo foi cair em uma das cadeiras. Eu tinha dito que estava acabado mas eu não estava preparada, não daquela forma.
-Eu sei que é difícil e um momento turbulento mas você precisa ser forte e manter os pés no chão – Léo colocou as duas mãos em meus ombros me apoiando. Uma lágrima maldita pretendeu cair mas eu não deixei, não deixaria mais! Dei um soco na mesa e rapidamente me pus de pé novamente recobrando minha força.
-Bom, se é isso que ele deseja. – falei firme – ah e adorei nossa noite!
Menti porque eu realmente não lembrava de nada além de flashes que me deixaram envergonhada mas ele pareceu muito contente com o que eu disse me beijando mais uma vez.
Léo me deixou em frente a indústria Leto e pareceu um pouco surpreso com o tamanho do edifício, perguntou se eu gostaria de companhia mas neguei, Nina estava já a minha espera em frente ao prédio.
-Você é maluca, me liga e marca um lugar sem me contar o que houve – disse ela me cumprimentando com um abraço.
-Veja – entreguei a ela a carta, seus olhos castanhos percorreram rapidamente o papel branco e depois me encarou com compaixão e pena.
-Oh Mag... - lamentou-se – eu sinto muito.
-Não sinta! – falei firme – se ele quer que seja assim, ótimo! Só preciso finalizar isso logo
Ela coçou a cabeça e trocou o peso das pernas cruzando os braços, pegando a mentira em minha voz. Claro que nada ali estava “ótimo”.
-Tem certeza? Podemos marcar uma reunião de reconciliação, já pensaram em fazer terapia de casal?
-Nina, a única forma de Jared e eu nos reconciliar é comigo em cima do seu pau rebolando e gemendo, não quero a porra de um terapeuta – respondi ríspida e ela ergueu as mãos em forma de rendimento.
-Estou apenas tentando ajudar – falou depois olhou para cima – acha que ele está ai?
-Com certeza!
Nós subimos o edifício rapidamente, caminhando pelos corredores luxuosos, brancos e dourados que a deixou encantada, parei em frente a mesa de Cristina que estava em uma ligação ela ainda usava aquele corte de cabelo ridículo.
-Sr. Leto está em reunião – ela disse.
-Eu já te falei que esse parece o seu bordão? “O Sr. Leto está em reunião” – imitei a voz dela – eu não dou a mínima, avise que estou entrando.
Passei pela sua mesa com Nina em meu encalce e abri a grande porta marrom, surpreendendo a reuniãozinha patética dele.
-Mas eu vou precisar de uma casa maior – Amber disse – não posso cuidar de uma criança naquele apartamento minúsculo.
-Peça pra ele te levar pra mansão dele, ele adora fazer isso com amantes gravidas. – debochei apoiada na porta com os braços cruzados, eles me olharam assustados e eu gargalhei – não é, docinho?
Ele fechou o rosto e eu me aproximei jogando a carta em cima da mesa dele e empurrando Amber para o lado, ela reclamou mas eu só revirei os olhos.
-Uma carta? Achei que seria algo mais dramático, nem houve lágrimas – o encarei rindo mas ele permanecia com aquela expressão séria, os olhos azuis percorreram meu rosto e meu pescoço e uma deliciosa se ascendeu neles.
-Acho que a noite foi muito boa por isso o bom humor – soou irônico e eu apenas ergui as sobrancelhas.
-Com certeza! – respondi o irritando ainda mais – bom, vamos para a parte mais legal, aonde eu assino?
Ele piscou rapidamente e hesitou um pouco, eu estava mais do que certa de que queria aquilo mas quando ele engoliu em seco meu coração pesou. Então é assim que terminaríamos?
Jared abriu a gaveta e depositou sobre a mesa alguns papéis que Nina rapidamente o pegou com um sorriso atrevido.
-Meras formalidades – disse lendo, Jared e seu advogado trocaram olhares e depois Nina me estendeu – você não quer nada? – perguntou a ele que apenas negou com a cabeça mas eu não entendi.
-Não quero nada que seja seu – falou rapidamente e meu coração apertou. O que aquilo significava? Que ele não queria nada meu ou não me queria mais? E por que eu estava tão preocupada com aquilo?
-Eu também não – respondi evasiva sem dar a entender exatamente o que eu queria. Encarei a caneta em minha mão e meu coração acelerou, de certa forma mesmo que indiretamente eu estava dando-o tempo para me impedir ou para que eu mesma me impedisse mas quando ergui os olhos e vi a barriga de Amber que estava maior a humilhação e a dor da traição falou mais alto então assinei o pedido de divórcio e logo em seguida ele fez o mesmo.
-Está feito! – falei colocando as mãos na cintura e respirando fundo.
-Hannah irá ficar com você aos finais de semana – disse friamente – e você poderá visita-la sempre que quiser.
-Oi? – perguntei meio confusa, eu teria restrições sobre minha filha? Me senti frustrada com aquilo mas não podia negar que ele naquele momento era o melhor para estar com Hannah até que eu comprasse uma casa minha e me livrasse das drogas, então pediria a guarda dela para mim.
Não iria brigar, pelo menos não naquele dia que eu já estava me sentindo derrotada, perdida, ansiosa e extremamente triste. Nós dois agíamos de forma tão fria como se nunca tivesse nos amado, lutado um pelo outro. Que droga! Uma onda de melancolia rapidamente me tomou e eu apenas balancei a cabeça me retirando daquela sala sufocante, precisava ficar sozinha.
O táxi me deixou em frente ao cemitério e eu procurei pelo nome dele, o encontrando com um buque de rosas já mortas, me abaixei em frente ao túmulo e passei a mão retirando algumas plantinhas que estavam ali. Bradley Soileau. Seu nome estava escrito de forma tão bonita, como ele era. Bonito, inteligente, risonho, e como me fazia falta!
-Você estava certo – falei – sempre esteve, fico agora me imaginando como seria se você nunca tivesse partido. Sabe, Brad, sinto que teria preferido que você nunca tivesse ido embora, sinto tanta sua falta que as vezes acho que não vou aguentar.
Havia tanta coisa acontecendo nesses últimos dias que eu mal tive tempo de sentir o luto e perda de Bradley. Bradley tinha me dito isso, que ele me machucaria, me machucaria muito feio e ele estava tão certo.
Em um segundo, mais uma onda de dor comovente veio sobre mim, fechei os olhos e inspirei profundamente o ar quente. Fazia quase dois meses que eu havia perdido Brad, quase havia perdido minha filha e agora tinha oficialmente perdido Jared. Foi como se eu tivesse passado os últimos dias só chorando, chorava tanto que ficava surpresa como ainda havia lagrimas para chorar. As pessoas sempre dizem que com o tempo tudo vai ficando mais fácil quando se perde alguém. Diziam que, com o tempo, ia melhorar. Mas eu não entedia como isso poderia acontecer, a cada dia tudo se tornava mais difícil. O mundo só ficava muito mais escuro. A dor só se aprofundava mais. Fechei os olhos por um instante e quando os abri limpei a única lágrima que estava umedecendo minha bochecha direita. Meu lábio inferior tremeu de tristeza contida. Não queria mais chorar, estava tão cansada.
Desejei que Bradley estivesse vivo.
E desejei que não me sentisse tão morta.
Naquela mesma tarde recebi uma ligação de alguém eu não estava esperando, foi um choque para mim e então pedi que ele fosse até minha agencia e em menos de uma hora ele estava lá.
-Mark! – não contive meu sorriso de felicidade ao vê-lo, apesar dos anos ele parecia permanecer o mesmo. Vestindo um terno de mais de mil dólares, me abraçou forte afagando meu cabelo como se soubesse por todo o furacão que eu estava passando nos últimos meses, e o abraço dele foi tão acolhedor, nós passamos algumas horas conversando sobre muitas coisas e eu acabei desabafando sobre o que eu estava sentindo e Mark foi um ótimo ouvinte e um ótimo amigo.
-Mas não acho que você tenha vindo aqui só para me ouvir lamentar – falei e ele sorriu. – Como estão as coisas em Londres?
-Vão muito bem, inclusive é sobre isso que vim conversar com você. – disse aguçando minha curiosidade – eu tenho acompanhado seu trabalho e vejo o quanto você cresceu não só com a agencia mas com os clubes também.
-Sim, estou reformando um em Beverly Hills.
Ele sorriu.
-Londres é uma cidade de negócios, principalmente quando envolve garotas. – falou ele sugestivo. – minha proposta é abrirmos uma agencia em Londres, podemos ser sócios e trabalhar juntos.
Parei um pouco para pensar sobre aquilo. Parecia uma ideia interessante ainda mais quando se tinha a oportunidade de trabalhar com um magnata como ele que tinha experiência e conhecimento no mundo dos negócios. Além do mais, eu não ia perder a oportunidade de fazer dinheiro.
-Mas como isso iria funcionar? – perguntei tomando um gole do meu café.
-É um tanto simples. Nós dois gerenciaríamos, dividimos o lucro entre nós dois e como estou morando em Londres ficará tudo mais fácil para ser administrado, mas ainda estou florescendo essa ideia preciso de você para me ajudar.
Ora e porque não? Seria maravilhoso expandir os negócios. Estendi minha mão para ele e ele a apertou.
-Bem, agora você tem uma nova sócia. – nós dois sorrimos e ficamos mais algum tempo falando sobre o projeto, a cada ideia que tínhamos eu me sentia mais ansiosa e esperançosa sobre aquilo. É claro que daria muito certo. Por volta das sete horas ele foi embora e eu finalmente terminei meu dia, Mark havia dado uma animada e espantado aquela tristeza e melancolia um pouco mas somente uma coisa, ou melhor, alguém faria meu dia ficar cem por cento melhor.
Resolvi fazer uma surpresa então dirigi direto para a casa de Jared, com o divórcio já rolando eu poderia chama-la assim agora. Adentrei a casa que estava silenciosa para a minha surpresa, não queria ver Jared mas não havia outra forma de ver Hannah. Na cozinha apenas Rebeca estava fazendo o jantar.
-Ah, Sra. Desculpe eu não a ouvi chamar – ela logo se desculpou com um sorriso que eu retribui.
-Não se preocupe. Hannah está? – perguntei mas ela negou
-Ela pode estar no escritório do Sr. Leto, ele estava lá agora a pouco. – respondeu mexendo nas panelas mas não sabia exatamente se ele ainda estava lá com ela então eu mesma caminhei até lá e abri a porta sem bater, mas acabei dando de cara com Amber. Ótimo!
-Jared já vem – ela falou estalando a língua no céu da boca e jogando o cabelo longo para o lado – nós estamos resolvendo sobre nosso filho.
Ergui as sobrancelhas.
-Bom para vocês – respondi já me virando para sair dali afim de não estragar mais o meu dia mas a voz dela me impediu.
-Deve ser triste, não é? – falou – ver seu homem ser pai de outra criança.
Parei na metade do caminho encarando-a, engraçado como sua voz não gaguejava mais nem seus olhos ficavam perdidos, ela não estava tímida ou acanhada mas a mão na cintura e o peito estufado fazia jus a garota que eu sabia que ela era.
-Não – falei calma – não é triste. Triste é ver uma garota como você indo tão baixo, isso é triste. – falei caminhando até ela novamente, suas íris azuis escureceram de raiva e ela travou a mandíbula.
-Você sabe o quão baixo uma mulher pode ser, aliás você veio de lá, acompanhante ou você prefere stripper? – zombou estalando a ponta da língua novamente e depois deu risada da própria piada. Ela estava tentando usar meu passado para me atingir? Bom, não houve efeito nenhum sobre mim.
-Bem, eu não danço agora, eu faço o dinheiro se mover – soei arrogante – posso ter sido uma stripper, mas eu faço meu próprio dinheiro. Não preciso sentar no pau de ninguém ou ter um filho para garantir meu dinheiro. – dessa vez eu ri da expressão furiosa que ela fez.
-Você não sabe nada sobre mim! – falou firme.
-Você é uma criança mimada, eu sei que você e Margareth estão armando! – disse mas ela balançou a cabeça ficando claramente mais furiosa.
-Acha que estou com ele por dinheiro? Existe diversas maneiras de uma mulher fazer dinheiro! Estou fazendo isso para provar que eu posso ser melhor do que você!
Bati meus cílios confusa e um tanto perturbada com o que ela disse e notando a minha confusão ela se pôs a falar.
-Desde criança eu vivo a sua sombra, irmãzinha, tudo era sobre você! Nossa mamãe sempre fez questão de acompanhar sua vida só para jogar na minha cara que você se casou com um milionário! Você teve uma filha! Você tem dinheiro suficiente para queimar na nossa frente! E eu? Uma idiota, fútil! Só que eu roubei seu homem, Margot! Eu vou ser melhor do que você.
Ela disparou falando rápido e um tanto desesperada me assustando. Tentei rapidamente juntar aquelas peças, tentando compreender as coisas que ela estava falando. Eu achava que Amber havia sido uma menina mimada e amada, mas infelizmente sofreu toda a pressão de uma mãe frustrada. Me perguntei se eu teria que agradecer por Margareth ter me abandonado.
-Amber você não precisa provar nada a ninguém – falei tentando acalma-la sentindo compaixão por uma menina que parecia estar surtando.
-Eu não preciso, mas eu vou! – gritou me assustando – eu vou! E sobre o Jared, eu me apaixonei. No começo eu só queria ser você, ter sua vida mas...
Ela começou andar em direção a mesa se afastando de mim como se falasse sozinha.
-Eu me apaixonei... – ela parou de frente a mesa e me olhou com um sorriso de lado – e você não vai tirar ele de mim mais.
Juntei as sobrancelhas e me aproximei dela, que mantinha uma expressão estranha no rosto.
-Amber...
-Você fez as coisas tão fáceis para mim! Surtando e me batendo – gargalhou – a cada tapa eu jurei que você iria pagar Margot!
E então ela apoiou as duas mãos sobre a mesa pegando uma pequena luminária erguendo-a, preparei-me para me defender quando ela levou a luminária em direção ao próprio rosto acertando-o.
-Não! – eu gritei retirando a luminária de sua mão, ela cambaleou zonza com sangue escorrendo pelo lado direito da cabeça – o que você fez?
A encarei desesperada e perplexa mas ela sorriu e se apoiou novamente na mesa.
-Você vai me pagar – e mais rápido do que eu pudesse dizer algo ela empurrou sua barriga contra a ponta da mesa, eu abri a boca desesperada e antes que me movesse ela empurrou novamente com mais força e de novo e novo.
-Para! – gritei empurrando seus ombros para longe da mesa e ela se debateu em meus braços gritando como louca me deixando desesperada. Tentei acalma-la mas ela se debatia tanto, arranhando meus braços e meus ombros que por impulsividade acertei seu rosto com um tapa, ela finalmente parou e seus olhos lacrimejados focaram-se no meu enquanto seu corpo caia em meus braços.
-Meu Deus! – ouvi a voz de Nelly e olhei para a porta. Jared, Nelly, Shannon, Cara e Constance me encaravam, hora olhando para mim e hora olhando para a garota que já estava ajoelhada na minha frente chorando como uma criança. Eu ainda tinha a luminária em minha mão.
-Finalmente vocês chegaram ela precisa de um médico – falei rapidamente – e um psiquiatra.
Jared atravessou o escritório com passos largos e firmes segurando em meu braço me machucando.
-Você perdeu sua cabeça? – falou furioso eu abri a boca igual uma idiota.
-O que? – perguntei.
-Ai!!! – Amber gritou me soltando levando as mãos na barriga e se curvando – minha barriga.
Jared se abaixou em sua frente.
-Ela me empurrou contra a mesa... – disse gaguejando e caindo em lagrimas – acertou minha cabeça e depois me empurrou!
Senti os olhos de todos sobre mim e nitidamente o olhar de julgamento. Todos perplexos acreditando que eu realmente tinha feito aquilo com ela, olhei para cada um deles desesperada buscando alguém que acreditasse em mim mais foi inútil.
-O que? Ela está mentindo. – falei.
-Eu não! – gemeu novamente e abriu as pernas, por onde escorria sangue o que não seria uma surpresa para mim. – ai meu Deus!
Todos ficaram espantados e se propuseram a ajudá-la enquanto ela gemia e chorava, eu estava tão perplexa e assustada com o que tinha acontecido que não consegui dizer nada. Chamaram uma ambulância que rapidamente foi buscar aquela vadiazinha mentirosa, enquanto ela estava entrando na ambulância tentei finalmente falar com Jared.
-Jared eu... – toquei em seu ombro mas ele me empurrou
-Não toca em mim! – falou extremamente nervoso – porque você fez isso?
-Eu não fiz! – disse também furiosa – eu não toquei nessa vaca mentirosa.
-Nós vimos você acertar ela com um tapa. – falou com cara de nojo e eu balancei a cabeça.
-Porque ela estava descontrolada! Olhe meus braços, ela me arranhou – disse de uma forma desesperada para que ele acreditasse em mim mas pela sua expressão eu sabia que era inútil. Ele apenas balançou a cabeça e entrou na ambulância. E ficou claro que ninguém ali acreditaria em mim.
Saí da presença deles afim de fugir daqueles olhares que me julgavam como louca, fiquei com minha filha até que ela dormisse mas não consegui voltar para casa, fiquei por ali pois não poderia negar o quanto fiquei preocupada e completamente confusa. Por que ela fez aquilo? Se lançou contra ponta da mesa para se auto machucar, correr o risco de perder o filho simplesmente para me culpar? Aquilo não fazia sentido algum para mim. E enquanto eu tentava entender o que tinha acontecido aquela noite Jared chegou pela madrugada, me pegando ainda acordada. Ele apenas jogou as chaves do carro em cima da mesinha e suspirou colocando a mão na cintura e eu soube que nada estava bem.
-Ela perdeu o bebê – disse por fim e minha respiração falhou.
-Meu Deus... – exclamei, ela tinha causado o próprio aborto mas algo dentro de mim soube que seria idiotice tentar dizer aquilo para ele.
-Por que você fez isso? Você não... – ele começou a falar mas parou no meio da frase.
-Eu já disse para você que eu não fiz nada! – afirmei me aproximando mas ele se afastou e nossa, como aquilo me feriu – Jared! Eu nunca faria isso.
Ele suspirou novamente.
-Talvez você não... mas você sobre efeito de qualquer coisa se torna impulsiva – eu balancei a cabeça tentando entender o que ele estava querendo dizer. Ele estava supondo que eu estava drogada?
-Eu não acredito que você está dizendo isso!
-Era meu filho também! – ele alterou a voz – ela não é a melhor pessoa do mundo mas era meu filho, Margot!
-E você acha que eu simplesmente matei uma criança por sua causa? – gritei de volta. Era engraçado como nós dois nos alterávamos repentinamente e logo em seguida nos arrependíamos. – quer saber, talvez você esteja certo acho que isso coloca o ponto final em tudo.
-Sim, isso coloca – minha respiração falhou mas eu permaneci firme.
-Ótimo, seja qual for o jogo da Amber você está caindo perfeitamente e eu sinto que talvez você queira isso. – disse me aproximando e novamente ele se afastou e talvez eu entendesse o motivo dele se afastar, pois sua presença também ne deixava fraca.
-Vai embora da minha casa! – não entendi de prontidão mas depois as palavras fizeram sentido em minha cabeça, apenas assenti e peguei minhas coisas.
Não posso negar que saí dali um tanto perturbada e não queria ficar sozinha, Lizzy não estava no apartamento então eu virei em outra direção até o hotel em que Léo estava hospedado, não lhe contei nada sobre o que havia acontecido mas para ele era uma surpresa enorme eu aparecer ali aquele horário. Me aninhei em sua cama mas não consegui dormir, meus pensamentos estavam me sufocando e por mais que os braços dele estivessem sobre mim, a noite estava fria. Tudo era uma confusão, uma bagunça.
-Não consegue dormir? – ele perguntou balancei a cabeça negando e ele suspirou. – quer falar sobre o que aconteceu?
Neguei novamente e ele compreendeu.
-Tente dormir amanhã tenho uma proposta para você – disse sugestivo aguçando mais minha curiosidade, o encarei com milhões de coisas passando pela minha cabeça sem imaginar o que poderia ser.
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A acompanhante (CONCLUÍDA)
Romance(+18) "Margot era uma acompanhante de luxo, mas não qualquer acompanhante. Era a garota mais requisitada e mais cara da agência. Após ter sido deixada pela mãe aos quinze anos para trabalhar como striper em uma boate qualquer na Califórnia e na busc...