“Eu tenho estado no ar, perdido na noite, eu não trocaria nada pelas suas mentiras ou pelo seu desejo pela minha vida. Isso é um retrato de um eu e você torturados? Você foi o amor da minha vida, a luz na escuridão, mas isso que eu sinto é o fim?”
A reunião estava quase acabando e eu não tinha conseguido prestar atenção em nada, o que era uma droga, estávamos falando sobre novos projetos e coisas importantes mas meus pensamentos só estavam em Margot. Em como eu estava ansioso para sair daquela reunião e encontrar Natalie, cancelar esse casamento e finalmente pedir a Margot em casamento, eu não precisava mais de tempo para tomar essa decisão, com a indecisão dela eu teria que ser rápido e enfiar logo uma aliança de casamento em seu dedo antes que ela endoidasse novamente e me mandasse embora da sua vida e eu não tenho certeza se conseguiria passar por isso de novo.
-Sr. Leto? – Rita me tira dos meus pensamentos. – O que o Sr. Acha?
Levantei os olhos e olhei o projeto.
-Está muito bom – falei tentando soar convincente todos ao redor da mesa me olharam confusos, nunca nenhum deles me viram tão no ar assim antes, mas era realmente difícil prestar atenção no que estava acontecendo. Saí do apartamento de Margot para ir atrás de Natalie mas tive que vir rapidamente para a empresa para essa reunião importante que já havia levado três horas. – Eu queria remarcar essa reunião.
Falei e todos olharam para mim mais espantados.
-Desculpe, Sr.? – Marcos perguntou receoso.
-Preciso resolver algo importante, vou marcar essa reunião para semana que vem e mantenho todos avisados. Terminamos aqui.
Falei me levantando e voltando para o meu escritório para poder arrumar minhas coisas e finalmente ir atrás de Natalie, o que não seria uma tarefa muito fácil. Assim que terminei de arrumar minhas coisas Cristina entrou na minha sala com os olhos arregalados.
-Sim? – perguntei, toda vez que ela ia falar comigo era como se engasgasse com a própria voz. – Cristina?
-Ah, tem uma Senhora que deseja falar com você. – falou, bufei.
-Diga que não tenho horário agora. – ordenei voltando a arrumar minhas coisas.
-Eu disse mas ela insistiu e disse que era algo muito importante sobre a Srta. Robbie.
Olhei para ela com as sobrancelhas juntas. Sobre a Margot? Minha curiosidade falou mais alto que a minha vontade de ir atrás de Natalie. Balancei a cabeça um pouco perdido.
Olhei no relógio, bem Natalie não iria fugir do país.
-Mande-a entrar. – falei me sentando em minha cadeira e passando a mão no rosto, Cristina saiu e logo a mulher entrou, olhei para ela tentando descobrir quem era mas não foi preciso ela dizer seu nome para que eu soubesse. Um choque tomou conta de mim e quase deixei que meu queixo tocasse o chão.
-Angelina? – falei perplexo sem conseguir conter minha confusão aparente, ela sorriu se aproximando a caminhando até a minha direção.
Aquele olhar, aquele andar era tão, tão familiar.
-Faz muito tempo, não, é Jared? – ela disse cruzando os braços e erguendo uma sobrancelha. Umedeci meus lábios, o que diabos ela queria ali e o que ela tinha a ver com a Margot? Ótimo, além de lidar com minha noiva minha ex namorada aparece para colocar mais lenha na fogueira.
-Anos, para ser exatos – falei, ela piscou algumas vezes. – Sente-se.
Apontei para a cadeira e ela se sentou elegantemente. Por que diabos cada movimento que ela fazia me era familiar? Até a forma de sorrir era familiar. Angelina passou os olhos claro por todo o escritório e soltou um suspiro.
-Parece que você realmente chegou “lá” – disse, olhei para as joias em seu pulso.
-Você também. – ela também olhou para as joias.
-Parece que sim. – falou divertida.
Limpei a garganta me sentindo um pouco desconfortável com a presença dela ali.
-Angelina, o que você quer? – perguntei tentando não soar grosso mas fui, mesmo assim.
-Ouch! – falou fazendo um biquinho, quem sempre fazia um biquinho? – que jeito rude de tratar uma dama.
Não pude conter um sorriso irônico.
-Você é uma dama agora? – falei.
Ela estreitou os olhos.
-Sempre fui... você que não tinha dinheiro suficiente na época para me tratar da maneira que eu merecia.
-E então você decidiu se prostituir para manter seu luxo? – falei ficando irritado, não deveria, aliás, foi algo que aconteceu anos atrás mas ainda mexia comigo.
Angelina, antes de Margot, foi a única mulher que amei antes dela me trair com um bando de velhos milionários que podiam sustentar sua luxuria, mas eu não a amava mais e nunca a amei da mesma forma que amo Margot. E o meu amor por Angelina não virou ódio, e sim mágoa, mas com o tempo aprendi a ser indiferente em relação a isso até não saber mais como amar alguém e querer me prender a uma pessoa que eu não sentia nada, além de respeito.
Mas ter ela ali na minha frente estava mexendo comigo, me deixando irritado e desconfortável.
As pessoas são lembradas pelos sentimentos que elas despertam em nós e quanto maior o sentimento maior aquela pessoa se torna, no caso de Angelina ela era a definição de mulher que eu deveria me afastar, que qualquer homem deveria se afastar. Fria, egoísta, cruel, gananciosa, e usava qualquer um para poder chegar aonde quisesse.
-Ah não seja malvado comigo, Jar. – ela disse sorrindo – eu estou aqui para te livrar de uma grande enrascada.
-Por que eu confiaria em uma mulher como você? – falei.
-Como assim? – se fez de desentendida.
-Você é manipuladora, mentirosa, arrogante, gananciosa, não sei se algum adjetivo bom serve a você.
Ela fez outro bico mas depois sorriu.
-Você confia na Margot Robbie, isso é motivo suficiente para mim.
Meu coração gelou ao ouvir ela falar da Margot. Então elas realmente se conheciam?
-Margot é a cópia perfeita de mim, em tudo. Você já deve ter notado, é tão fria e manipuladora quanto eu e você a ama! Sabe o que eu acho? Que você tem uma queda por mulheres assim já que mulheres bobas e inocentes como a Loren, você trai.
-Margot não é como você.
Ela riu alto, me olhando como se eu fosse um idiota.
-Você está tão cego de amor! – zombou – Deus! Vocês realmente estão apaixonados.
E ela continuava rindo dessa vez me fazendo se sentir um idiota.
-Como você conhece a Margot? – perguntei mas ela ainda estava rindo.
-Eu criei a Margot! – ela disse alto. – achei uma garotinha estupida e inocente e transformei ela na pessoa que ela é.
Sim, os movimentos, as expressões, tudo que Angelina fazia era exatamente o que Margot fazia. Como se fossem cópias, como se alguém tivesse ensinando Margot a agir, a andar e a falar daquela forma. Aquilo realmente me deixou intrigado, elas não eram idênticas fisicamente mas eram como se fossem as mesmas pessoas.
-Margot é uma mulher doce, diferente de você que trai qualquer um, inclusive seu noivo para chegar a riqueza. – falei pensando em todas as coisas que Margot me contou sobre o que sua mãe a fez passar, eu entendo que nenhum sofrimento é desculpa para causar mal aos outros mas ela não era malvada, só tinha feito para si uma capa de proteção e morria de medo que as pessoas se aproximassem e eu ter conseguido faze-la sair de dentro dessa capa só me fazia querer tê-la para mim para sempre, e ser dela.
Ela revirou os olhos e cruzou as pernas.
-Ai, Jared, supera isso! Eu fui uma vadia gananciosa, ok. Eu trai você com uns caras ricos? Sim. Mas tínhamos apenas vinte e dois anos, você ainda trabalhava como um louco usando terno de segunda mão e eu precisava ficar rica. – ela falou como se aquilo fosse normal – Eu resolvi minha vida e você ficou milionário, ambos chegamos aonde queríamos, certo?
Balancei a cabeça, de certa forma ela estava correta.
-Mas, algo me deixa realmente intrigada. – disse limpando a garganta – você realmente acha a Robbie uma mulher doce?
Não respondi dando a ela outra oportunidade de rir.
-Como você não pode enxergar a cobra por trás daqueles olhos azuis? Prova número um: ela fingiu ser amiga da Loren para estar com você. – ela falou sem me dar a chance de responder.
-Eu também trai a Natalie, isso faz de mim uma pessoa ruim. – falei calmamente, ela revirou os olhos.
-Ah isso não é o suficiente para você acreditar em mim... Bom – ela coçou a cabeça – prova número dois: Ela mentiu para o Mark, disse para ele que ficaria longe de você mas continuou mantendo esse casinho com você.
Limpei a garganta, eu também tinha feito aquilo. Seria hipocrisia da minha parte se eu julgasse a Margot por algo que eu também já tinha feito com Natalie algumas vezes, como menti para as pessoas e até para a minha própria mãe quando disse que também me manteria afastado da Margot, mas eu sabia como era difícil para ela porque também era difícil para mim ficar longe dela, ficar longe da voz dela, enfim dela por completo. Eu a amava e ela também me amava. Angelina ficou me olhando esperando alguma reação mas como não teve, apenas revirou os olhos e bufou abrindo sua bolsa.
-Ok, vou ter que apelar. – falou divertida e colocando uma pasta em cima da mesa. Depois uma foto da Margot usando um vestido azul e olhando para trás, sorrindo. Que foto linda. – Só para checar se estamos falando da mesma Margot.
Ela não precisava fazer aquilo.
-É ela.
-Ótimo. Você sabia que a sua preciosa e doce Margot é uma prostituta?
Juntei as sobrancelhas.
-Ela me contou que era stripper aos quinze anos – falei calmamente tentando desarma-la mas o sorriso dela só se alargou mais.
-Oh, ela não te contou? – riu pelo nariz – ela é realmente uma vadia! Eu ensinei ela corretamente, estou muito orgulhosa.
-Seja objetiva. – comecei a ficar apreensivo.
Ela ergueu as sobrancelhas e abriu a pasta mordendo o lábio inferior como se estivesse se divertindo muito com aquilo.
-Ok, ok, calma – falou – eu vou ler devagar para ver sua reação.
-Angelina!
-Ok! – disse – hum... por onde eu começo? Ah Já sei! – Ela encheu o peito de ar antes de começar a falar – Carmen, aka Margot Elizabeth Robbie, vinte e dois anos. Loira, 1,68 de altura, olhos azuis, sorriso perfeito.
-Isso é uma ficha para ser modelo? – a interrompi, ela desviou os olhos para mim tediosos.
-Isso é a ficha da minha agencia.
-O que? – pisquei repetidas vezes, eu tinha ouvido direito?
As ultimas noticias que tive de Angelina foi que ela tinha virado uma das chefes da Agencia que gerenciava garotas para acompanhar homens ricos. O que era verdade, conheci muitas delas que acompanhavam alguns conhecidos meus. Eu não possuía nenhum tipo de preconceito por mulheres que faziam isso minha raiva era pessoal, era com Angelina por ela ter mentido para mim e me traído para poder chegar ao sucesso, e quando eu conhecia uma garota assim era inevitável manter essas lembranças longe. Era como abrir uma antiga ferida.
Mas o que ela estava tentando dizer?
-Pelo amor de Deus, Jared. Você não construiu esse império sendo lerdo assim! – ela falou jogando a ficha em cima da mesa, a puxei e comecei a ler. Havia uma foto simples da Mag, as coisas que ela havia lido e outras informações mais pessoais como cor preferida, presentes e lugares preferidos. Gostos por música, e até mesmo por homens.
Mordi o lábio e olhei para Angelina que sorria.
-Como a vida é engraçada, não é? Você terminou comigo por eu ser uma acompanhante e acabou se apaixonando pela minha versão mais nova.
-Isso é mentira – falei tentando desacreditar naquilo que estava diante dos meus olhos. Não podia ser verdade.
-É a maior prova que a Margot é uma vadia egoísta. Ela não te contou e nem pensava em te contar, ela foi hoje mais cedo no meu escritório perguntando se havia uma forma dela trabalhar em anonimato, com um codinome.
Fui tomado por uma intensa raiva e mágoa! Eu não podia acreditar nas palavras que estavam entrando em meu ouvido, eu não queria acreditar no que Angelina estava dizendo.
-Não – disse me recusando a acreditar naquilo – você não pode estar falando sério. Que tipo de brincadeira é essa?
Seus lábios se transformaram em um sorriso maldoso. O mesmo sorriso que Margot dava.
-Não é brincadeira, Jared. Você acha que eu faria isso com você? Fiquei com raiva por ela estar com você, mas não posso deixar que ela fique mentindo para você. Ela quer te manipular, quer fazer a mesma coisa que fiz.
Juntei as sobrancelhas, nervoso e joguei aquela ficha para longe de mim.
-Ela não faria isso.
-Ah faria sim. – disse – ela recebe treze mil por mês do Mark fora os luxos que ele banca, você acha que ela abriria mão tão facilmente disso para estar com você?
Me levantei tentando controlar minha raiva que subia pelo meu corpo querendo me dominar. Passei a mão no rosto, como não poderia acreditar na Angelina? Ela estava ali, cheia de provas nas mãos e por isso Margot estava sempre tão confusa, dizendo coisas sem sentido, por isso disse que a aliança de Mark era total besteira... estava fácil agora, era só ligar os pontos. Ela tinha mentindo para mim e pretendia continuar, não era a garotinha doce que eu achei que fosse era uma mulher egoísta manipuladora e egocêntrica que pretendia continuar mentindo para mim para poder continuar mantendo seus luxos.
Balancei a cabeça, estarrecido, irritado, triste, perplexo. Eu me apaixonei novamente pela mesma mulher só que em outro corpo, era tão... tão... eu não conseguia encontrar as palavras certas para descrever ela. Que decepção! Por isso eu estava com Natalie, porque por mais ingênua e burra que a garota fosse não mentiria para mim, não faria as mesmas coisas que Angelina e Margot fazem. Elas mereciam ficar juntas, porém sozinhas. Uma razão pela qual elas não encontravam o amor? Era porque não mereciam.
Angelina colocou suas mãos em meus ombros.
-Eu sei que é difícil aceitar, Jar. – falou – mas é a verdade, eu precisava te contar.
-O que você quer? – perguntei ríspido – eu sei que tem algo por trás disso. Você quer alguma coisa.
Ela abriu a boca.
-Eu não quero nada... só queria abrir seus olhos. Eu conheço a cobra que é Margot Robbie e sei como ela só vai te levar para o buraco.
Desviei minha atenção dela, eu a odiei por estar tão certa mas agradeci por ter me mostrado. Eu estava cego, enfeitiçado por Margot Robbie que era uma bruxa encantadora.
-Obrigado – falei, outro sorriso apareceu em seu rosto.
-Não tem que agradecer, querido. – respondeu – só faça o que tem que fazer, fique longe da Robbie, se case, sei lá. Vá embora! Ou ela nunca vai te deixar em paz porque quando coloca uma coisa na cabeça, ela não desiste de jeito nenhum e com certeza ela quer o seu dinheiro... Se ela realmente te amasse já teria aberto mão de tudo isso.
Se ela realmente me amasse já teria aberto mão de tudo aquilo, eu tive que concordar com Angelina. Eu sempre fui claro para ela como eu estava disposto a me livrar daquele casamento, de tudo só para estar com ela mas não era a mesma coisa que ela queria, ela não ia abrir mão daquilo tudo para ficar comigo. Continuaria mentindo e me enganando.
Assim que Angelina saiu do meu escritório dirigi rápido para casa, quase bati o carro umas duas vezes com a cabeça em Margot. Como ela pode? Eu estava realmente nervoso, estava realmente magoado. Entrei no meu apartamento e meu coração se despedaçou quando entrei no quarto, Natalie estava sentada na cama chorando, mordi o lábio inferior.
-Nat... – sentei ao lado dela, ela levantou o rosto para mim.
-Jared... eu fiquei esperando você chegar como você pediu – falou com a voz manhosa, balancei a cabeça. Antes de Angelina aparecer eu tinha preparado o discurso perfeito mas depois que ela me contou tudo aquilo eu tinha tomado outras decisões. Não seria enganado mais por mulher alguma.
-Você vai me deixar? – Natalie perguntou quebrando meus pensamentos. Suspirei.
-Não, Natalie. Vim aqui te pedir desculpas. – desculpas? É isso que a gente pede quando trai? – Margot estava o tempo todo se insinuando para mim... foi apenas uma diversão.
Tentei dar uma explicação melhor do que essa mas não consegui. Eu estava sendo um canalha jogando toda a culpa nas costas da Margot, que tentou acabar com aquilo algumas vezes mas eu continuei insistindo simplesmente porque amava ela demais e não conseguia ficar longe. Natalie piscou algumas vezes sem entender direito e talvez um pouco contente.
-Você não vai me deixar?
-Não. – falei e então ela abriu um sorriso e se jogou em meus braços.
-Eu fiquei com tanto medo de você me trocar por ela... – falou ainda chorando, respirei fundo. – vou tentar arrumar outra madrinha para nós, prometo que a vadia da Margot não vai mais ficar entre a gente.
E me beijou. Esse é o fim, Margot.
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A acompanhante (CONCLUÍDA)
Romance(+18) "Margot era uma acompanhante de luxo, mas não qualquer acompanhante. Era a garota mais requisitada e mais cara da agência. Após ter sido deixada pela mãe aos quinze anos para trabalhar como striper em uma boate qualquer na Califórnia e na busc...