“Mostre-me como lutar pelo momento de agora, e eu vou dizer para você querido se foi fácil ou não voltar para você uma vez que entendi que você esteve aqui o tempo todo”
-Como você está se sentindo? – perguntei segurando a mão extremamente magra de Lila, ela sorriu.
-Estou melhor, Margot, seu fígado foi muito bem aceito – respondeu de bom humor, era bom vê-la feliz daquela forma, sua pele já tinha a mesma cor de antes, mas ela ainda estava muito magra por causa do câncer. O cabelo ainda ralo continuava a cair por conta da quimioterapia e ela não queria ver ninguém além de mim, nem mesmo Lizzy ou Marina tinham permissão de vê-la, a vergonha e a culpa pelo o que fez a consumia e era notório.
-Logo você sairá daqui, Lila – comentei acreditando fielmente naquilo, logo estará em casa.
Ela suspirou.
-Eu não tenho casa – disse – eu não tenho nada! Vendi tudo o que me sobrou para poder pagar esse tratamento.
Meu coração apertou de compaixão, ela não tinha nada e eu tinha tomado quase tudo que ela tivera um dia. Por um momento eu tive uma ótima ideia, eu não pensava em voltar para Londres tão cedo e também não poderia ficar em um hotel ou vivendo na casa de Jared para sempre.
-Você pode morar comigo.
Ela abriu mais os olhos.
-Você tem certeza? – respondeu
-Sim! – afirmei – vou comprar uma casa e vai ter espaço suficiente para nós.
De repente ela começou a chorar me deixando assustada.
-Mag eu não... Não mereço – balbuciou e meio as lágrimas.
-Nem eu – respondi tentando acalma-la – e tenho dinheiro suficiente para duas vidas.
Nós duas gargalhamos.
Deixei ela no hospital e fui para o clube com Marina me acompanhando, eu já conseguia andar mas não longas distâncias e sentia incômodo mas na última consulta o médico disse que era normal. Assim que cheguei no clube as meninas logo fizeram uma rodinha ao meu redor me abraçando, e me enchendo de presentes.
-Margot sentimos tanto sua falta!
-Diz que veio para ficar!
-Margot isso não é o mesmo sem você.
Era o que eu ouvia e tentava responder todas e atender a todas, depois de tanto papo dei uma volta no local me surpreendendo com a forma que minhas meninas cuidaram dali, ele estava perfeito. Fiquei metade da tarde com todas elas até aproximadamente a hora de começar preparar tudo para abrir o clube mas eu não estava muito afim de ficar para a noitada então voltei para mansão, estava um tanto cedo, quase seis horas da tarde e assim que entrei na mansão o telefone tocou.
-Mag? – Jared disse – Nelly está? Preciso que ela vá buscar Hannah na escola, estou preso no transito.
Ele disse um tanto apreensivo.
-Tudo bem, eu aviso ela – respondi.
-Obrigada meu amor – ele falou automaticamente, como se fosse apenas um cumprimento mas eu não senti dessa forma, aquilo fez meu coração bater mais forte.
-Por nada – respondi e ele desligou, bom Nelly não estava em casa e mesmo se estivesse eu era a mãe de Hannah e mesmo que todos dissessem que eu não podia dirigir eu peguei o carro mas antes de sair dei de cara com Maggie entrando na mansão com Nate.
-Ah Sra. Eu o levei até o parquinho – falou e eu o peguei
-Tudo bem, agora vamos buscar sua irmã – ela abriu os olhos assustada
-Mas a Sra pode dirigir? – perguntou espantada e eu apenas assenti com a cabeça.
-E quem pode me impedir? – falei – é rápido, minha filha precisa de mim.
Saí com Nate no colo até o carro mesmo contra aquele olhar dela de desaprovação mas Maggie que tinha apenas 19 anos era acanhada demais para me contestar.
Segui até a escolinha de Hannah chegando em cima da hora, realmente muito em cima da hora pois só tinha ela na sala quando cheguei. A professora olhou para mim desconfiada.
-A Sra é? – perguntou
-Mamãe! – Hannah correu e me abraçou, respondi a pergunta da professora com um aceno de cabeça quem eu era, mas ela empinou o nariz fino colocando as mãos na cintura.
-A sra. Não tem permissão para pega-la – ela disse me repreendendo, vaca!
-Ah eu aposto que você queria que fosse o Sr. Leto aqui, não é? – falei e as bochechas rosadas coraram a deixando desconcertada na minha frente, sorri de lado diante da comprovação de que ela queria dar pra ele.
-Eu sou mãe dela e ele pai, acho que isso torna as coisas óbvias – falei – tira ele da sua cabeça, ok?
Ela travou a mandíbula e cerrou os olhos.
-Mesmo assim você não tem permissão para levar ela. – afirmou.
-É? Quem vai me impedir? – perguntei e ela se calou – foi o que pensei.
Ela não disse mas nada então segurei a mão de Hannah com a mão direita enquanto com a outra segurava Nate, voltei para o carro coloquei Nate seguro no cadeirinha do carro e Hannah com cinto de segurança ao seu lado. Ela não queria, era impossível para ela ficar presa por alguns minutos mas em relação a segurança deles, eu não pensava duas vezes. Fomos indo sozinhos e cantando, ela e eu cantávamos a mesma canção enquanto eu dirigia em direção a mansão, era tão lindo ver ela e o irmão juntos. Nate alegre com a cantoria tentava bater palmas, mas por conta do brinquedo em sua mão não conseguia até que ele o jogou atrás do meu banco.
-Nathaniel! – o repreendi, mas ele riu. Ele sempre gostava de me afrontar, e eu me perguntava como eu ia lidar com isso dali uns anos quando ele estivesse maior.
Hannah ia se soltar do cinto para pegar o brinquedo mas eu não deixei, estiquei o braço para alcança-lo, mas não consegui. Tentei mais uma vez, até finalmente alcança-lo joguei o brinquedo para Hannah e voltei a colocar os olhos na estrada com mais atenção. Parei o carro no farol quando outro carro parou ao meu lado, é normal carros pararem ao seu lado mas não é normal quando dois ficam exatamente do seu lado mantendo a mesma velocidade que você. Tentei ver quem estava no volante dos carros ao meus lados porém o vidro muito escuro não me permitiu mas eu tinha certeza que eles estavam me seguindo. O carro atrás de mim também mantinha os vidros escuros, e estava cada vez mais acelerando.
Acelerei um pouco mais para poder sair dali do meio mas os dois ao meu lado aceleram também, que droga! Eu não conseguia virar nas ruas que queria, não conseguia sair dali do meio até que acelerei o mais rápido que pude.
-Hannah, confia na mamãe está bem? – falei vendo-a começando a se assustar. Mas os carros aceleram tanto quanto eu. Eu sabia que eles queriam me fechar por algum motivo. Continuei acelerando até conseguir entrar numa rua desconhecida. Os dois carros quase encostaram em mim, o de trás sumiu e quando eu vi os dos lados se afastando percebi que praticamente me jogaram na traseira de uma carreta pequena. A única coisa que meus instintos fizeram foi desacelerar meu carro para o impacto ser menor, mas não consegui desacelerar muito. Meu carro foi com tudo na traseira da carreta, mesmo com cinto bati com força a cabeça no volante e meu corpo foi para frente com tudo. Olhei para trás para ver como meus filhos estavam, Nate começou chorar e Hannah estava espantada, ela não chorava. Fiquei um pouco desnorteada e pessoas começaram a rodear meu carro preocupados. Abri a janela e uma moça veio correndo perguntando se eu estava bem.
-Meus filhos! Meus filhos! Eles estão sentados no banco de trás. – respondi desesperada. Ela desesperada também abriu a porta traseira pegando Nate e o acalmando. Eu não sentia dores, apenas minha cabeça que estava sangrando por conta da pancada contra o volante. A mesma mulher chamou Hannah para sair do carro, enquanto um outro homem chamava a ambulância. Abri a porta do carro e praticamente me joguei para fora também puxando Hannah para um abraço, ela me apertou com força.
-Moça você precisa se sentar. – o Homem falou segurando levemente em meu braço.
-Você viu? – falei para ele – me fecharam e me jogaram contra a carreta – falava enquanto passava a mão na cabeça sentindo-a latejar.
Ele e a moça com Nate nos braços se entreolharam
-É melhor você se sentar, a ambulância já vem. – falou.
-Não vou me sentar! Tentaram me matar eu e meus filhos. – respondi um pouco mais alterada, eles ficaram me olhando como se eu fosse louca – você não acredita? Vocês não acreditam?
Eles continuavam me olhando como se eu tivesse maluca.
-Me dá meu filho – falei puxando Nate que já tinha parado de chorar, mas Hannah me olhava apavorada também e aquilo me doeu tanto.
A ambulância logo chegou, não estávamos longe do hospital. Eu fui até o hospital dizendo que alguém havia tentado nos matar mas nem os médicos acreditaram em mim.
-Sra. Robbie, precisamos que a senhora se acalme para que possamos cuidar da Senhora. – falou o Doutor tentando tocar no meu ferimento mas eu não deixei.
-Você é surdo? – falei – Alguém jogou o meu carro com meus filhos dentro, atrás de uma carreta.
Eles haviam levado Hannah e Nate para cuidar porque acreditavam que eu estava em estado de choque, mas eu só queria que alguém acreditasse em mim e fizesse alguma coisa e não ficassem me olhando como se eu fosse maluca.
-Eu preciso que a senhora assopre aqui – ele falou me mostrando um bafômetro – é um procedimento rápido.
Olhei para ele indignada.
-Você acha que estou bêbada? – falei ficando mais irritada ainda – eu não estou bêbada, saco!
A enfermeira tentou me tocar mas a empurrei com força fazendo-a cair, o Doutor nervoso comigo mandou que outros dois enfermeiros me segurassem para poder me dopar, e foi o que aquele filho da mãe fez, preferiu me dopar do que acreditar em mim. Acordei depois de não sei quantas horas ainda sentindo como se uma tonelada estivesse sobre o meu corpo.
-Você está bem? – eu mal abri os olhos e a primeira voz que ouvi foi de Jared.
-Estou – falei ou murmurei, mas sei que ele sorriu e me abraçou.
Esfreguei os olhos e me sentei na cama, ele perguntou o que aconteceu e eu lhe contei mas eu sabia que ele também não acreditava em mim mas me sentia dopada ainda para poder falar mais alguma coisa. Levou mais algumas horas para que eu pudesse me sentir bem novamente, me sentir eu mesma e meu quarto já estava cheio.
Todo mundo falando e falando tentando disfarçar que não acreditavam em mim.
-Mag, não precisa fazer essa cara – falou Marina
Eu olhei para ela querendo bater nela. Todo mundo ficou quieto. Mas Léo entrou no meu quarto desesperado correndo até mim e me abraçando com força. Eu revirei os olhos.
-Meu Deus, você está bem? O que aconteceu? Mag, você bebeu?
Eu contei até dez mentalmente antes de gritar com ele ou bater nele.
-Estou bem! – falei tentando não alterar a voz mais foi difícil.
-É melhor todo mundo sair e deixar a Margot sozinha – Jared falou, Léo o ignorou.
-Vem, vou levar você para casa. – ele disse segurando minha mão.
-Ela não vai a lugar nenhum. – Jared falou segurando o braço dele, Léo riu nervoso.
-Tire sua mão de mim – falou
-Tire sua mão dela. – Jared respondeu, então os dois se encararam por mais dois minutos. Eu revirei os olhos, não tinha paciência para aquilo.
-Dá para os dois pararem? Eu quero ir para casa Jared. – falei.
-Você não pode, o médico disse que você precisa ficar em observação durante algumas horas.
-Eu não quero saber. – falei – vocês não acreditam em mim! Eu não preciso ficar em observação, preciso que alguém me responda por que tentaram me matar, eu e meus filhos. E você – me dirigi a Léo – sumiu durante esses dois dias e agora aparece querendo bancar o namorado preocupado.
Ele reprimiu o lábio e abaixou a cabeça envergonhado.
-Desculpa, eu estava um pouco chateado. – falou.
-Então volte da onde veio e continue chateado – respondi, eu estava realmente estressada.
-Você ouviu ela, vai embora – Jared falou. Léo Ficou de pé e se pôs a frente dele peitando-o.
-Eu sou o namorado dela, vai embora você. – ele falou, Jared deu risada e todo mundo ficou ali quieto assistindo. Confesso que nosso espirito de querer ver brigas não morria nunca. Levantei da cama eufórica e ia saindo do quarto quando Marina entrou na minha frente.
-Onde pensa que vai? Volta para cama, agora! – ela falou.
-Estou indo ver meus filhos! – respondi, achei que ela me entenderia.
-Está indo para lugar nenhum! – falou mandona – vai para sua cama, Margot. Ninguém tentou matar você, isso foi coisa da sua cabeça. Você levou uma pancada forte e precisa descansar, aliás o que você estava fazendo dirigindo? Você deveria estar repousando!
-Marina eu não acredito que você não quer confiar em mim. – falei ficando chorona.
-Margot, não me faça te arrastar para sua cama e não se atreva a chorar – ela disse mais mandona. Então eu comecei a chorar, eu estava prestes a explodir então ou eu chorava ou eu matava alguém.
-Mag... – ela falou com pena – eu não quero te machucar, mas você realmente precisa ficar de repouso. – falou mas eu continuei chorando – ah meu Deus eu odeio você!
Ela disse porque também ficou chorosa.
-Já chega, melhor todos deixarmos ela sozinha por um tempo – Jared falou fazendo todo mundo sair enquanto eu chorava igual criança, voltei para a cama e escondi meu rosto na palma das minhas mãos e chorei. Esperava estar sozinha mas Jared veio e me abraçou, só ele entendia a minha montanha russa de emoções, depois que Nate nasceu eu parecia ser isso, uma montanha russa de emoções complexas e difíceis de lidar.
-Hey, não precisa chorar. – ele falou afagando meu cabelo.
-Vocês não sabem o que estão falando. – falei soluçando – eu estava dirigindo e aí... aí...
Eu tentava falar mas tudo que vinha eram lagrimas fazendo minha garganta fechar, o que tornava mais difícil fazer eles acreditarem em mim.
Jared me abraçou com muito mais força.
-Você anda estressada, precisa descansar um pouco. – ele disse – que tal uns dias longe daqui para se acalmar?
-O último cara que me disse isso me levou para Londres durante um ano. – falei tentando soar engraçado mas ele fez um careta um tanto incomodado com o que eu falei. – Mas concordo com você. – disse tentando consertar aquilo.
Ele sorriu.
-Que ótimo que concorda. – ele falou – pois vamos nesse final de semana mesmo.
Ele falou de uma forma tão convicta como se ainda fossemos casados mas não dava para negar, qualquer idiota que olhasse para nós dois saberia dizer que ainda erámos completamente apaixonados um pelo outro. Mesmo depois de tantos erros, brigas, discussões, magoas, ainda erámos apaixonados um pelo outro.
-Mas acho que sua namorada não vai gostar muito da ideia – falei, ele ficou quieto e eu quis saber o que passou na cabeça dele exatamente.
-Bom, Rachel e eu precisamos ter uma boa conversa. – falou.
-Como assim? – fiquei curiosa.
-Não posso cometer o mesmo erro pela terceira vez, Margot. – a sua voz tinha um tom sério que aflorou mais ainda a minha curiosidade porém eu sabia que mesmo que eu quisesse saber ele não me diria, pelo menos naquela hora.
Enfim, assim que saí do hospital fui levada diretamente para casa. Maggie estava cuidando de Nate enquanto Hannah estava distraída com um monte de bonecas e brinquedos. E pela primeira vez aquela semana a casa estava vazia e silenciosa, Rachel havia viajado a trabalho então não estaria ali aquela semana.
Apesar de já estar em casa com meus filhos e segura eu ainda estava com medo, depois do sequestro de Hannah qualquer coisa me deixava paranoica principalmente quando se tratava deles então Jared teve uma grande ideia.
-Você acha que isso vai funcionar? – perguntei.
-Claro que sim – Hannah e Nate estavam entre nós dois na cama dormindo, ele do outro lado me olhava sorrindo, Deus o que estávamos fazendo? – se sente mais segura agora?
Seus dedos acariciavam meu braço que estava por cima das crianças.
-Uhum – murmurei o deixando satisfeito, Hannah e Nate dormiam tranquilamente entre nós dois e era uma visão tão linda que eu quase não me movia para não acorda-los.
-Mag, se importa se eu te perguntar algo? – ele disse baixo ainda me acariciando, eu neguei – já faz quase duas semanas que você está aqui com Nate e raramente Léo vem ver ele, ou você.
Senti um frio passar pela minha espinha.
-Ele é muito ocupado. – justifiquei, o que não deixava de ser verdade.
-Mas para vocês dois? – perguntou indignado e eu podia entender, Jared mesmo sendo dono de um império sempre conseguiu tempo suficiente para Hannah e eu.
-E você, Rachel parece viajar bastante – tentei trocar o foco do assunto.
-Viaja – respondeu – ela é o tipo de mulher que o trabalho vem em primeiro lugar, e eu admiro isso.
Agradeci mentalmente que o quarto estivesse escuro porque eu não queria que ele visse meu ciúmes estampado. Eu levantei meu tronco apoiando-me em meu cotovelo.
-Eles são lindos, não são? – olhei para meus filhos, ele ficou na mesma posição que eu.
-São iguais a você! – a voz soou baixa e carinhosa, sua mão tocou meu rosto levemente e eu fechei os olhos por um breve segundo sentindo-o. Como eu ainda o amava desesperadamente.
Mordi meu lábio e abri os olhos encontrando os dele, mesmo no escuro eu podia enxergar o brilho daqueles olhos azuis cintilantes que atravessavam minha alma e como se pudesse entender o que eu queria, apenas com um leve inclino seus lábios tocaram o meu, não soube dizer ao certo o que senti. Uma mistura de êxtase com adrenalina que percorreu o meu corpo de uma só vez, a vontade de quere-lo cada vez mais me fez puxa-lo pela nuca para um beijo mais intenso. Meu coração batia acelerado em meu peito e era como se eu fosse explodir de felicidade e paixão.
Assim que nos soltamos nos encaramos por um segundo.
-Boa noite, Margot.
-Boa noite, Jared.
VOCÊ ESTÁ LENDO
A acompanhante (CONCLUÍDA)
Romance(+18) "Margot era uma acompanhante de luxo, mas não qualquer acompanhante. Era a garota mais requisitada e mais cara da agência. Após ter sido deixada pela mãe aos quinze anos para trabalhar como striper em uma boate qualquer na Califórnia e na busc...