Back to black

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"Muito distante daquilo que vivíamos, eu voltei a seguir pelo meu caminho problemático

Ainda era duas horas quando eu estava no apartamento de Bradley, arrumando uma desculpa para não voltar para casa e encarar meus problemas frente a frente. Era bom estar com ele, ele me fazia sorrir, ele me acariciava como se eu realmente quisesse que ele fizesse aquilo.
Tentando fugir de uma de suas carícias, fui até sua cozinha com a desculpa de que queria um copo d'agua mas o que encontrei escondido dentro de uma das xícaras era algo melhor do que isso.
Voltei para a sala segurando dois pinos vazios de coca.
-Quando ia me contar? Você disse que não vendia mais – falei mostrando os dois pinos no centro da minha mão.
-Eu não vendo, não quer dizer que eu não use – respondeu rápido fazendo pouco caso da minha indagação. Eu me sentei ao seu lado e acariciei seu rosto e não precisei dizer uma só palavra para entender o que eu queria – O que? Não!
Eu revirei os olhos.
-Só um pouco, o que tem de mal nisso? – indaguei irritada.
-O mal nisso é que você quer usar porque você está magoada com seu marido e agora se sente culpada por ter transado comigo – disse ele firme me irritando muito mais, não sei se pelo o que ele disse ou se era porque ele tinha razão. Mas eu sabia fazer ele se ceder a mim, outra coisa muito diferente entre ele e Jared. Jared podia estar puto comigo mas nunca trocaria nada pela minha saúde, já Brad, bem...
Eu acariciei seu braço e ele logo me olhou morder o lábio inferior, mal dei a ele um tempo para raciocinar e pulei sobre seu colo com uma perna de cada lado de sua cintura. Acariciei seus cabelos castanhos claros e mordi seu lábio inferior, roubando-o um gemido, ele estava encantado, enfeitiçado. Passei minha mão pelos seus braços novamente o arrepiando.
-Ta bom, ta bom! – disse ele como previsto. Mesmo não aceitando aquilo que ele mesmo estava fazendo, me entregou um pino de coca. Obviamente eu não estava muito certa se deveria ou não fazer aquilo e minha tremedeira ao tocar naquela droga comprovava isso, ninguém nunca quer voltar do buraco do qual saiu mas eu, eu já havia me jogado dentro dele de cabeça quando decidi por não sentir dor, não sentir medo. Era certo querer fugir, camuflar minha dor? Com certeza não, mas lá estava eu novamente fazendo coisas impulsionada pelas minhas dores que me machucavam e me dilaceravam, mas eu tinha certeza a dor jamais passaria e aquela ferida jamais iria cicatrizar, eu olhei para a droga em minha e depois para Brad com quem me pedia para não fazer aquilo com apenas um olhar, mas foda-se, foda-se ele, foda-se Jared, fodam-se todos! Eu deveria ser mais forte, pois é, eu apenas deveria mas não conseguia lidar com aquilo sem encher minha cabeça de droga, eu me virei para ele fazendo deboche e logo separei as fileiras de coca e cheirei tudo de uma vez com prática, meu nariz coçou e foi só isso o que me deixou totalmente frustrada então peguei dentro da minha bolsa mais um comprimido de oxicodona e mandei para dentro.
-Você quer se matar é? – Bradley gritou comigo.
Eu revirei os olhos e me joguei no sofá, e não demorou muito para o remédio fazer efeito. Bradley também como um belo viciado não aguentou e cheirou também, acendemos um cigarro de maconha e ficamos fumando no chão de sua sala como fazíamos quando erámos adolescentes. Mas eu não estava satisfeita com aquela sensação que eu estava sentindo então peguei algumas cervejas suas e acabei tomando mais do que deveria, resultado: coloquei meus órgãos para fora no banheiro dele e quando ele percebeu que não ia dar conta de cuidar de mim, resolveu me levar para casa, me levar para o meu “dono”. No caminho, tomando água e vento eu fui ficando melhor fisicamente, e pior psicologicamente. Eu estava ainda com meu vestido e agora cabelos soltos, e totalmente destruída. O que eu tinha feito aquela noite?
Assim que chegamos ele estacionou o carro e pela enorme porta de vidros percebemos que ainda tinha gente lá, pelo visto o jantar havia se tornado uma festa. Eu desci do carro cambaleando e quase caí, mas Brad me segurou.
-Hey, você tá bem mesmo? – perguntou preocupado e se sentindo culpado.
Eu dei uma risada para tentar disfarçar.
-Sim – empinei o nariz e me apoiei no capô do carro – só voltando ao velhos hábitos.
Ele deu uma risadinha.
E por cima de seu ombro eu vi Jared dentro da casa, uma mulher loira estava conversando com ele e se jogando em cima dele.
-Agora ele vai comer todas as loiras que aparecerem?! – pensei alto, Bradley se virou para encara-lo depois olhou para mim novamente.
-Mas você não pretende deixar ele? – ele disse como se aquilo fosse realmente uma possibilidade. Suas palavras soaram tão estranhas em meus ouvidos que eu ignorei Jared para encara-lo.
-O que? – perguntei me recostando no capô. – deixar ele?
Ele deu um sorrisinho amarelado. Então a mulher que estava do lado dele deu uma risada alta, e eu percebi que os dois haviam saído para fora da casa, o que aquela vagabunda pensava que estava fazendo? Ignorando novamente Bradley o empurrei para que saísse da minha frente e caminhei com passos firmes até eles dois os surpreendendo.
Então tive a infelicidade de perceber que a mulher era acompanhante que trabalhou comigo quando eu também era.
-Margot, eu estava falando sobre você com Jared agora mesmo – ela comentou sem graça.
-Por que? Você quer dar pra ele também? – perguntei sem muitos rodeos, ela abriu a boca chocada com o que eu disse – eu lembro de você, não se faça de sonsa, você dá pra qualquer um por dinheiro.
-Eu só.... – ela começou falar e eu revirei os olhos, obviamente a droga ainda fazia efeito em meu sistema.
-Caí fora da minha casa antes que eu te chute, ta? – falei revirando os olhos, e ela tentou dizer mais alguma coisa mas eu a ignorei, puxando Jared para longe e deixando-a falando sozinha.
-Onde você esteve? – ele perguntou – provavelmente em algum clube pelo cheiro de maconha que estou sentindo.
Eu olhei para ele e travei, eu não sabia que ao olhar para ele iria me sentir daquela forma. Quando eu estava com Bradley, eu estava com tanta raiva dele, com tanto ódio mas agora eu estava me sentindo pequena e errada, eu estava me sentindo uma traidora, mentirosa, hipócrita. Eu desviei nossos olhares porque eu não conseguia manter a minha visão nele, não conseguia olhar para ele depois do que eu havia feito e por mais que eu tentasse sentir ódio tentasse me lembrar o motivo de ter feito aquilo com ele, tudo parecia banal. Se ele errou, então, eu tinha errado o dobro.
-Mag... eu sei que você ainda está com raiva de mim... – ele começou a falar segurando minha mão e virando meu rosto para encara-lo com a outra, mas eu não suportava, não suportava olha-lo daquela forma então me inclinei para frente e o beijei com força, e ele retribuiu segurando meu corpo em um abraço quente e forte. Meu deus, como eu amava aquele beijo! Como eu amava aquele homem! Eu não suportaria perde-lo, mas eu sabia, sabia que no momento que eu dissesse a ele o que eu tinha feito ele me deixaria.
Nosso beijo foi interrompido por um pigarreio, era Bradley. Ele ainda estava ali?
-Mag, nós precisamos conversar. – ele falou um tanto sem graça.
-O que você está fazendo aqui? – perguntou Jared já mal humorado.
-Eu a trouxe para casa. – ele respondeu rapidamente.
-Vocês estavam juntos?
Eu congelei ao olhar para Bradley, Deus, ele queria que eu realmente contasse a verdade para Jared e o deixasse.
-Bradley, agora não! – eu falei firme mas ele não queria me ouvir, ele queria tanto que nós dois terminássemos. Me encarou irritado e eu sabia que se eu não fizesse nada ele iria falar para Jared. – me espere lá dentro, ok? – pedi para Jared que assentiu mas não saiu antes de ameaçar Bradley com apenas um olhar.
-O que você estava fazendo? – ele perguntou irritado.
-Beijando meu marido?! – falei o obvio. Ele balançou a cabeça e passou a mão nos cabelos – o que você quer de mim?
-Que você fique comigo! – ele segurou meus punhos e os apertou.
-Eu não vou! – respondi, eu estava tão cansada daquela merda toda.
Ele me olhou incrédulo no que eu disse e seus lábios tremeram um pouco antes dele dizer algo mais.
-Então o que foi aquilo que aconteceu hoje? Você quer brincar de amante, porque eu também topo. – sua voz soou engraçada, mas a sugestão dele era verdadeira. Eu balancei a cabeça me soltando de suas mãos.
-Você não está entendendo, Bradley. – falei – eu não vou ficar com você, nós não combinamos, somos duas bombas juntos! E eu amo Jared, hoje... eu só quis ferir ele. – falei abaixando o tom da voz, então ele deu um passo para trás com as sobrancelhas erguidas como se eu tivesse acertado seu rosto com um tapa, um tapa forte.
-Quer dizer que você me usou para se vingar do seu marido? – ele perguntou mas não era preciso eu responder. A minha expressão fez ele se calar por alguns segundos e fechar o punho como se quisesse acertar alguma coisa, ele nunca foi muito bom em segurar sua raiva, ou controlá-la para si. – você continua sendo a mesma vadia manipuladora da qual todos falam, não é?
Ele rosnou se aproximando.
-Eu achando que você queria algo comigo mas era por causa dele, tudo por ele, não é? – ele estava próximo de mais de mim, ardendo em raiva.
Eu não conseguia achar palavras para poder responder ele, ou me defender porque eu sabia o que eu tinha feito, usado ele e não somente para ferir Jared. 
-Não finja que você não sabia disso Bradley. – finalmente encontrei algo a dizer – não finja que você não sabia que enquanto você estava em cima de mim, era nele que eu estava pensando.
Ok, outro soco.
-Não, eu achei que você tivesse finalmente voltado a me amar! – ele falou alto demais quase chamando atenção para nós.
-Isso nunca vai acontecer! – eu gritei mais alto do que ele sem me importar em chamar atenção – nunca!
E eu achei que ele fosse paralisar mas isso só o deixou mais furioso ainda. Por isso Bradley e eu não daríamos certo, aquela noite era uma reprise de todas as outras que nós já vivemos juntos: começávamos a noite bem, nos amando, transando, usando droga e bebendo, depois brigávamos e houve vezes em que nos agredimos fisicamente, era uma relação tóxica, daquelas que todos romantizavam mas não sobreviveriam a ela.
-Eu to começando a achar que você mereceu que ele fodesse outra, você sempre faz o que quer, sem se importar com quem você vai ferir, sem se importar qual cabeça que vai rolar para você chegar no topo, é egoísta, arrogante! Eu não sei como eu pôde um dia amar você!
Eu dei risada frente a hipocrisia dele e a maneira ridícula dele de tentar se defender.
-Oh, agora você não sabe, não é? Mas parece um vira-lata que faz o que eu quero quando eu bato pé, não foi somente para me vingar que te usei Brad, pense bem, sempre foi muito fácil usar você pra conseguir ficar chapada.
-É, porque eu não estava conseguindo pensar direito enquanto gozava em você hoje!
Eu me irritei mais ainda e acertei seu rosto com um tapa, ele olhou para mim com a mão na bochecha e depois me acertou com outro. Eu não caí, mas quando eu virei para o lado eu vi tudo girar e não por conta do tapa que ele havia me dado mas porque Jared estava ali de braços cruzados, ao lado de Cara e Marina, eu não sei da onde eles saíram mas eles estavam ali e eu achei que fosse apagar.
O olhar dele pairando sobre mim, eu não conseguia decifrar se ele estava com raiva ou se ele estava magoado, talvez os dois. Então eu olhei novamente para Bradley que tentava conter um sorriso irônico, daqueles que ele sempre me dava quando “vencia”. Jared apenas me deu as costas e saiu andando, eu tentei chamar ele mas as palavras pararam em minha garganta.
-Você sabia que ele estava ouvindo! – eu gritei alias rosnei.
-Você não é a única vadia manipuladora! – ele respondeu e então eu voei pra cima dele acertando-o com socos em seu peito, e começando logo e seguida a chorar, chorar de ódio, de raiva de confusão, de tristeza, de culpa, uma mistura sufocante de sentimentos. Ele segurou meus pulsos e eu finalmente senti minhas pernas fraquejarem e caí sobre meus joelhos, ali, na frente ele, chorando como louca. De repente eu senti um abraço por trás e por mais que eu quisesse que fosse ele eu sabia que não era.
-Calma Mag. – Marina disse, Brad se ajoelhou a minha frente e sua expressão irritada foi substituída por culpa e preocupação. Ele me acariciou, eu estava com ódio dele mas a culpada daquilo era somente eu, eu fui atrás dele, eu quis me vingar.
-Magzinha... – ele tentou me consolar mas eu me soltei dos braços de Marina e o empurrei com as duas mãos em peito.
-Fica longe de mim! – rosnei furiosa – não quero te ver nunca mais, Bradley.
Ele ficou parado me olhando então eu mesma me levantei me soltando de Marina e correndo para dentro da casa atrás dele. A minha casa estava cheia e tudo que eu queria era que ela estivesse vazia.
-Você precisa falar comigo – falei entrando no quarto enquanto ele estava sentado apoiando um cotovelo sobre a penteadeira, pensativo.
Seus olhos azuis se levantaram até mim. Furiosos, confusos, tanto quanto os meus.
-O que aconteceu hoje depois que você saiu daqui? – perguntou tentando manter o tom calmo na voz mas eu sabia, aliás eu podia sentir o quanto ele estava furioso comigo.
Pensei um pouco antes de tornar a falar, eu não sabia o que eu deveria dizer, se eu deveria omitir alguma coisa, eu estava antes tão certa de querer feri-lo e agora que ele finalmente estava, odiei aquilo. E por um momento eu quis nunca ter deixado de ser egoísta, fria, calculista, eu não aguentava aquelas merdas de sentimento, eu não sabia lidar com todo aquele lixo dentro de mim.
-Eu fui até a casa de Bradley porque eu estava furiosa com você – comecei com meu confessionário – não só porque você transou com outra mas porque eu tomei dois comprimidos de oxicodona.
Seu semblante caiu quando eu disse isso mas ele não me interrompeu.
-Eu estava tão magoada, tão confusa e eu quis tanto te machucar que eu transei com ele, no sofá, igual uma vagabunda. – falei enquanto as lagrimas rolavam no meu rosto – e depois para conseguir lidar com a culpa de ter feito eu cheirei muita cocaína e bebi.
Era estranho falar tudo aquilo, era muito estranho narrar aquelas coisas por que enquanto eu falara era como se eu estivesse contando um enredo de um filme e não a minha própria história, que ele ouvia, quieto, irritado, sem dizer uma única palavra.
Então ele se levantou e eu achei que ele iria me agredir ou algo do gênero, mas apenas levou as mãos na cintura.
-Seu único intuito era me machucar? – perguntou. Eu assenti com a cabeça então ele segurou meu queixo com a mão direita e me fez olhar diretamente em seus olhos – que bela forma de resolver as coisas, Margot.
Eu juntei as sobrancelhas.
-Eu não teria feito nada disso se você também não tivesse me ferido. Eu não gosto de ficar por baixo.
Ele deu um sorrisinho de lado.
-E então, estamos quites? Ainda não, porque você voltou para essas merdas, além daquele filho da puta comer você, ainda te dá drogas. 
Eu me soltei dele com força.
-Eu quis, eu quis me entupir de droga até eu esquecer que você comeu a sua secretária! – eu disse engolindo ele com apenas um olhar, nós ficamos quietos por alguns instantes sem conseguir nos encarar direito, ele se sentou na ponta da cama passando a mão no cabelo e depois escondendo o rosto na palma das mãos e eu pude jurar que o ouvi fungar. – O que está acontecendo com a gente?
Perguntei quebrando aquele silencio maldito que se assolou entre nós, e também esperando por uma solução da parte dele, uma solução que não incluía em nós nos separando mas ele estava distante de mim, magoado comigo e eu ainda estava também.
-Eu não faço a mínima ideia – respondeu ele – desde que aquele desgraçado apareceu você tem se tornado uma outra pessoa.
Encarei ele, ele ia jogar toda a culpa para cima de mim?
-Você não pode querer jogar tudo para cima de mim dessa forma. – falei e ele se levantou – não pode simplesmente esquecer que você também fodeu com tudo!
-É, eu transei com outra, Margot. Transei com outra e foi errado, muito errado, que justificar o que você fez com isso? Por que a gente não começa da parte em que você estava beijando aquele desgraçado? Por que não começamos da parte que você está apaixonada por ele?
Ele berrou e eu paralisei frente as palavras dele, eu não podia crer no que eu estava ouvindo. Eu apaixonada por Bradley? Não, Jared estava errado!
-Eu não estou apaixonada por ele! – retruquei gritando também. Ele fechou a mão e bateu com força em cima da penteadeira se virando de costas para mim, ficando em silencio novamente mas a raiva que ele sentia emanava pelos seus poros e eu estava começando a ficar desesperada, começando a ficar apavorada com a ideia dele querer me deixar. Eu me aproximei dele, mas assim que ele se virou segurou meu queixo novamente dessa vez com força, acho que era não somente a noite de discussões mas também de todos nós nos batermos e não tem nada de romântico nisso.
-Foi bom, Margot? – ele começou a dizer entredentes apertando meu queixo – você gostou dele fodendo você? Você gozou para ele?
Eu fiquei calada mas não por que estava com medo, mas estava com raiva, com muita raiva.
-Responde! – ele rosnou quando eu fiquei quieta para irrita-lo ainda mais – você gostou de dar para ele, Margot?
-Vai se foder! – respondi cravando minhas unhas em seu pulso o machucando – deve ter sido tão bom quanto aquela vagabunda sentando em você.
Era o ponto chave, jogar na cara dele que sempre era tão certinho, as coisas erradas que ele também havia feito. Eu era o tipo de mulher que sempre estava fazendo merda atrás de merda e sabia assumir isso para qualquer, colocava a cara para bater independentemente da situação, ele tentava ser perfeito em tudo e era o fim quando ele não conseguia. Ele me soltou furioso.
-Quer saber? Que se foda isso! – ele passou por mim abrindo a porta do quarto e saindo, e eu como uma desesperada fui atrás dele passando por todos na minha sala de estar que prestavam atenção na nossa discussão e o segui, aquele idiota entrou na lamborghini e saiu em disparada, a minha única opção foi entrar no meu carro e segui-lo pelas ruas da Califórnia como se estivéssemos em uma corrida mas não tinha comparação, sem dúvida eu era muito melhor motorista do que ele. Então ultrapassei ele e joguei meu carro a frente do seu o fazendo desacelerar, e aos poucos ele até que finalmente paramos em uma rua fechada.
Eu desci do carro furiosa, andando até o capô da lamborghini.
-Você não vai me deixar! Você não vai me deixar! – dei dois socos fortes em cima do carro dele, que o fez descer. – eu fiz tudo por você, eu mudei tudo na minha vida por você, eu fiquei confusa e perdida quando Bradley apareceu mas eu nunca deixei de amar você, eu fiz tudo por você!
Eu falei disparada enquanto andava até ele já começando a chorar. Ah, minhas malditas lágrimas.
-Você me decepcionou, eu confiei em você! – eu parei na frente dele, seus olhos passaram de irritados para piedosos, sua expressão gélida agora estava diferente, como se ele finalmente tivesse entendido que eu estava desesperada com medo de perde-lo. Então ele tocou em meu rosto com a palma da mão e tudo e mim estremeceu, eu fechei os olhos por alguns segundos sentindo-o tocar minha pele.
-Eu odeio te ver assim! – ele disse.
-Então não me deixa assim. – segurei sua mão e apertei forte dando um passo a minha frente para me aproximar, nós ficamos centímetros de distância encostados no carro. Estava feito, tínhamos magoado um ao outro, tínhamos feridos um ao outro e o que restaria disso eu não sabia tudo o que eu queria era poder permanecer ao lado dele mesmo que as coisas ficassem complicadas. Ele limpou uma lágrima que escorreu pela minha bochecha e levantou meu rosto para ele, me beijando logo em seguida. Um beijo quente e forte, do qual ele rapidamente entrelaçou suas mãos em meu cabelo atrás da minha cabeça, descendo até o meu pescoço.
Eu olhei em volta, a rua estava escuro e deserta. Então ele me puxou para dentro da lamborghini e dirigiu até um beco escuro a centímetros de distância.
-O que você pretende aqui? Me matar e esconder meu corpo? – perguntei descendo do carro, o que o fez rir mas não me respondeu apenas me puxou com força para perto dele e com agilidade, travou meu braço atrás das minhas costas e debruçou meu corpo sobre o capô do carro.
-Não, minha lindinha, eu pretendo de comer aqui e fazer você esquecer que aquele filho da puta tocou em você.
Sentindo o metal frio contra meu peito, eu dei uma risadinha. Não era o melhor momento, muito menos o melhor lugar mas eu queria, meu corpo queria, minha mente queria. E foi o que ele fez, abrindo meu vestido pelo zíper lateral, eu estava com frio mas o corpo quente dele me aquecia e tudo aconteceu muito rápido, mal fechei os olhos e ele já estava dentro de mim com seu pau, me fodendo contra o carro no meio de uma rua deserta.
Eu tentava controlar meus gemidos para que não saíssem mais alto do que o normal mas era muito, muito difícil. O pau grande e gostoso dele entrava e saia de mim com força, e rapidez.
-Isso, Margot, geme pra mim – ele se debruçou sobre minhas costas e sussurrou em meu ouvido, eu soltei outro gemido manhoso quando ele tirou seu pênis por completo e logo em seguida o colocou com força. – você gemeu assim pra ele? Ele te comeu gostoso assim?
Eu apenas respondi com um ronronar negando, porque Bradley não chegou perto daquilo que eu estava sentindo. Especialmente quando ele segurou meus cabelos novamente por trás da minha cabeça e mordeu meu ombro.
-Só eu conheço esse corpo... cada centímetro – sussurrou em meu ouvido. – só eu te faço gozar assim.
Ele disse quando minhas pernas cederam pela força do orgasmo que veio sobre mim, fazendo todo meu corpo estremecer e meus olhos revirarem, aquele formigamento que dá, depois aquela sensação de que estamos saindo de nossos próprios corpos que nos deixam aérea por alguns segundos. Aquele filho da puta estava certo, só ele conseguia fazer isso comigo.
Então ele passou o indicador sobre o liquido que escorria por entre minhas pernas e trazia de volta até minha intimidade, massageando a área ali com seus dedos me roubando ainda gemidinhos, depois voltou a me foder até chegar ao seu ápice explodindo dentro de mim com força. Ele se debruçou sobre mim novamente, mordendo meu ombro na curva de meu pescoço.
Assim que ele saiu de trás de mim me virei para ele um tanto fraca, mas buscando seus olhos azuis. Ele fechou o zíper da calça e rapidamente colocou suas duas mãos em meu rosto me puxando para um outro beijo. Então é assim? É assim que nós resolveríamos as coisas? Transando em cima do carro em uma rua abandonada? Eu não sabia mas tudo que eu sabia era que ele podia me comer daquela forma sempre que quisesse e por mais que eu estivesse o odiando o meu corpo traidor continuaria amando-o.
-Vamos para casa, para a nossa casa! – ele falou e nós voltamos, eu queria ir com ele no mesmo carro mas tivemos que ir separados o lado bom era que enquanto dirigia eu tentava colocar algumas coisas no lugar, tinha tanta coisa acontecendo naquele momento na minha vida que eu só queria parar um momento no ar. Nós chegamos e percebemos uma movimentação estranha na casa, o jantar, festa, seja lá o que fosse ainda estava acontecendo mas alguma coisa parecia diferente. A música já não estava mais tocando e havia uma viatura de policia parada no meu portão, Jared e eu saímos do carro estranhando todo aquele alvoroço e eu imaginei que talvez tivessem chamado a polícia para um de nós dois, até pelo fato de encontrar Constance chorando inconsolável. Jared segurou minha mão e caminhamos até ela que falava com um dos policiais.
-Ah meu Deus! Aonde vocês estavam? Vocês estão com ela? – ela apertou meus braços com força, desesperada. Eu achei que ela estivesse falando de Cara mas ela também estava ali, mantendo o mesmo desespero em seus olhos.
-Ela quem? – perguntei tentando me manter calma sem saber pra quem olhar.
-Eu olhei cada canto da mansão, onde ela costuma se esconder, olhei nos jardins mas eu não a encontrei... ela não está aqui e Hannah não é de se esconder – Nelly apareceu correndo desesperada, tanto quanto Constance. Meu coração parou de bater dentro do meu peito e eu ouvi zunidos no meu ouvido, o que? O que ela estava dizendo?
-O que você está falando? – Jared soltou minha mão e se aproximou de Nelly que engoliu em seco antes de responder. Eu paralisei, não tive reação alguma.
-Ela sumiu – Nelly disse com os olhos marejados – Constance e eu colocamos ela para dormir como toda noite e depois passei em seu quarto para vê-la mas ela não estava mais lá.
Eu conseguia ouvir, conseguia ver suas bocas se mexendo mas eu não conseguia acreditar naquilo. Então empurrando todos eles eu corri, corri até seu quartinho com todos eles em meu encalce, eu achei que fosse uma brincadeira de mal gosto um tipo de carma por tudo que eu havia feito aquela noite mas não, assim que entrei no quartinho de minha filha ele estava vazio, somente um urso caído no centro como se ela o tivesse deixado ali, eu adentrei o quarto e o segurei abraçando-o contra meu peito. O desespero foi tomando conta de mim aos poucos, comecei a chamar por ela, indo de quarto em quarto na casa, jardim, banheiros, sala, gritando para que as poucas pessoas que estavam ali fossem embora.
-Hannah, onde você está? – gritei mas mais como um grito de dor do que como uma pergunta que foi lançada ao ar, e tudo que obtive como resposta foi o silêncio. A minha filha tinha desaparecido de dentro da minha própria casa.

A acompanhante (CONCLUÍDA) Onde histórias criam vida. Descubra agora