Goodbye kiss

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“Talvez os dias que tivemos passaram, vivendo em silêncio por muito tempo. Abra seus olhos e o que você vê? Não há mais risadas, não há mais fotografias"

Eu acordei com beijinhos e carícias que ah tempos eu não sentia, os beijos percorriam por todo o meu corpo me roubando um sorriso que se estendia de orelha a orelha.
-hmmm que bela forma de dizer bom dia – falei ainda sorrindo.
-É isso que você está perdendo todos os dias – ele sussurrou em meu ouvido.
-Jogo sujo – respondi fazendo um cara de brava, eu não queria abrir os olho com medo daquilo tudo ser apenas um sonho e sumir ao primeiro raio de sol que entrasse pela minha janela, mas Jared me abraçou fortemente e beijou meu rosto por completo, nariz, testa, olhos, bochechas, lábios.
-Você precisa acordar – ele disse – ainda é quarta feira.
-Estou gripada – falei – não me sinto bem para ir trabalhar e você poderia ficar aqui cuidando de mim.
Disse ainda de olhos fechados mas eu sabia que ele estava sorrindo, acariciou meu rosto.
-Eu gostaria mas hoje tenho uma reunião importante e não use uma gripe como desculpa para sexo, docinho, eu posso comer você na hora que eu quiser.
Mordi o lábio inferior sorrindo por ter sido pega, e abri apenas um olho.
-Hm, que tal agora?
Os olhos dele brilharam, ele estava nu na minha cama, aliás, nos dois estávamos apenas com um lençol branco que infelizmente cobria as melhores partes de nosso corpo.
-Seu desejo é uma ordem!

Aproveitei que ele foi até a cozinha para preparar o café e me apressei a ir até o banheiro, meus braços tremiam e eu podia sentir meu corpo começar a ficar agitado. Precisava cheirar, precisava urgentemente. Fechei a porta e rapidamente fiz duas carreirinhas sobre a pia do banheiro, e assim que o ultimo grão entrou no meu nariz o esfreguei rapidamente, Jared abriu a porta do banheiro.
-Nossa – ele me olhava estranho e eu congelei – seu nariz está muito vermelho, acho que essa gripe está ruim mesmo.
Funguei esfregando o nariz novamente e relaxando meus ombros.
-É... é, eu vou tomar um remédio e logo estarei novinha – tentei disfarçar.
-Não, nada de remédios, eu conheço um chá de limão que vai ser a solução – o encarei querendo dar risada, ele e sua mania de curandeiro – não acredita em mim?
-Eu? Que ofensa! – coloquei a mão no peito soando irônica, ele cerrou os olhos e deu uma risadinha – não temos limões.
-Vocês tem alguma coisa saudável nessa casa?
-Água da torneira – dei de ombros e ele riu.
-Tudo bem eu vou até a loja aqui do lado e compro alguns limões e aproveito para comprar algumas coisas saudáveis para tomarmos café.
Ele também não perdia essa mania de querer cuidar de mim mas como eu poderia negar? Mesmo que o que tenha acontecido na noite anterior tenha sido uma bagunça na minha cabeça eu não podia resistir aquele homem. Ele saiu e eu aproveitei para tomar um banho e relaxar, depois coloquei apenas uma calcinha de renda e uma camiseta grande, era meu look oficial de ficar em casa. Fui até a cozinha e ele estava certo, não havia nada decente para comer.
Duas batidinhas na porta roubaram minha atenção enquanto eu encarava a minha geladeira vazia, como ele poderia ter voltado tão rápido? Foi o que eu pensei mas recebi a resposta que não queria, não era Jared parado a minha porta mas Leo, que estava segurando um buque de rosas brancas e usando um terno, ele sempre usava terno, um sorriso se estendeu pelo seu rosto assim que eu abri a porta mas logo sumiu reagindo a minha expressão de surpresa e espanto. Que porra! Se eu pudesse dizer alguma coisa, diria que aquele era o famoso momento antes da merda acontecer.
-Bom, eu... me desculpa Margot aparecer assim sem avisar... – ele começou a falar um tanto perdido provavelmente pela minha expressão – eu achei que você gostasse de surpresas mas acho que você não estava esperando visitas hoje, certo?
-Na verdade eu... eu não tinha como imaginar que você ou... – eu coloquei minha cabeça para fora do corredor e olhei para os lados procurando por Jared, meu Deus, estava tudo tão perfeito! Joguei o cabelo para trás.
-Está tudo bem? – voltei minha atenção para ele.
-O que? Está, está! – falei voltando a olhar para os lados.
-Bom então eu acho que não seria incomodo me oferecer um café, ou uma água. – ele sorriu um tanto desconcertado, ele queria o que?
-Ah, você quer entrar? – perguntei mas não como um convite e sim uma surpresa.
-Seria um prazer – disse já entrando em seguida, que merda! Ele passou por mim e eu fechei os olhos, batendo a porta em seguida. Seus olhos percorreram todo o meu corpo antes de pararem em meu rosto novamente.
-Você está bem? – perguntou novamente porque era obvio que eu não estava.
Mas respirei fundo.
-Sim, estou. – falei tentando me controlar, se Jared o pegasse ali comigo ainda dava para explicar a situação. – você só me pegou de surpresa. Eu acabei de levantar, estou horrível.
-Você sempre está linda, Margot. – disse, ah como ele sempre era gentil comigo.  – e eu as trouxe para você, as vi no caminho para cá.
Ele me estendeu o buquê de rosas brancas, eu odiava rosas brancas, amava rosas vermelhas. Todas as vezes que eu vinha rosas brancas tinha vontade de pintá-las igual a rainha de Copas. Mas as aceitei com um leve sorriso no rosto, ele estava tentando tanto, me tratando bem, com respeito e gentileza quando, quando Jared deveria estar fazendo isso comigo e não esperando o resultado de um exame de gravidez que eu não tinha certeza se ele já havia pedido.
-Ah, obrigado, elas são realmente lindas. – respondi agradecida – vou coloca-las em um vaso.
Fui até a cozinha com ele atrás de mim com certeza observando minhas coxas expostas, peguei um grande vaso e o enchi de água colocando as rosas ali dentro. Fiquei de costas para ele dando graças a Deus mentalmente por não precisar encarar ele mas sabia que ele estava me observando pois assim que terminei senti as mãos dele atrás de mim tocando suavemente em meus braços.
Ele deu um leve beijo em meu pescoço, um beijo invasivo mas que meu corpo todo respondeu com um arrepio. Apertei os olhos com força, que droga! Me virei para ele e dei um sorriso forçado olhando em seus olhos.
-Por que eu sinto que não deveria estar aqui? – ele perguntou inocentemente acariciando o meu rosto. Eu não queria magoá-lo, não queria mentir para ele. Ele sabia exatamente como minha situação com Jared era complicada, e o quanto eu ainda o amava, mas será que ele entenderia que eu estava saindo com ele e mesmo assim tinha passado a noite com meu marido infiel? E logo ele retornaria para tomarmos café juntos como se nada tivesse acontecido entre a gente? Eu respirei fundo mas o peso da culpa continuava sobre meus ombros. Por que eu sempre me colocava nesse papel? Por que eu estava sempre aceitando migalhas de um amor que parecia fadado ao fracasso? Eu queria que alguém me respondesse o porquê eu tinha qualquer coisa que outras pessoas queriam como saúde, dinheiro, beleza, juventude, qualquer coisa, mas não podia ter uma vida com o homem que eu amava mais do que tudo e mesmo que eu decidisse seguir em frente eu sabia, tinha a certeza em meu coração de que nunca encontraria alguém que me fizesse se sentir tão viva quanto ele fazia. Sentimentos são sempre tão complicados de entender, são sempre confusos. Amamos desesperadamente alguém sem pensar que um dia podemos perder aquela pessoa, e em seguida, nos perder. E todos costumam dizer que a gente supera, supera mesmo? Ou será que todas as vezes que ouvirmos uma música, sentirmos o cheiro de algum perfume, ou ir em algum lugar as nossas memórias nos levarão de volta à aquela pessoa como fantasmas cruéis que assopram no nossos ouvidos coisas que não queremos saber, ou reviver? Nós tentamos e desejamos apagar essas memórias de nossas cabeças mas não conseguimos. O fato é que nunca superamos um grande amor não importa o fim trágico que ele tenha tido. Não importa porque no final tudo que nos sobra é um buraco no peito onde aquela pessoa costumava estar e também algumas lágrimas, que como diria Amy Winehouse; se secam sozinhas. Mas isso leva tempo e o tempo nem sempre é nosso aliado.
E eu só podia me sentir mais péssima, não tinha ideia do que era pior. Brigar com ele e colocar um fim definitivo na nossa relação ou imaginar uma vida inteira sem ele ao meu lado. Eu gostaria de não estar no meio desse furacão, eu gostaria de não me sentir tão perdida.
Levantei meus olho novamente para Leo e tentei espantar meus pensamentos dando um sorriso leve, ele era perfeito. Olhado assim de perto, meu Deus ele era perfeito! Lindo, gentil, um completo cavalheiro mas meu coração só chamava por um nome.
-Você deveria estar aqui – por fim respondi simplesmente porque quem não deveria estar ali era Jared.
E então se inclinou e com suas mão apertando minha cintura fortemente ele finalmente tomou coragem para me beijar. Com delicadeza, com desejo, com paixão. Seus lábios finos e delicados acariciavam o meu de forma gentil muito diferente dos beijos da noite anterior que eu e Jared trocamos, mas não importava, eu não consegui resistir ao seu beijo e levei minha mão até sua nuca o puxando com mais força para perto de mim, me perdi naqueles lábios desconhecidos até ouvirmos uma voz, voz que eu sabia que viria mas simplesmente não consegui evitar.
-Margot? – ela soou nos meus ouvidos não com raiva como eu estava esperando mas triste, magoada. Eu tinha acabado com ele. Leo e eu nos soltamos e o encaramos, ele estava segurando algumas coisas nas mãos me olhando perplexo sem acreditar no que tinha acabado de presenciar. Eu não percebi que estava chorando até uma lágrimas escorrer pela minha bochecha, meus olhos molhados pediam desculpas mesmo que eu não me sentisse cem por cento culpada.
Os olhos deles dois pararam sobre mim, ambos confusos e ambos se sentido traídos. Um estava notoriamente irritado se sentido enganado e os de Jared, estavam tristes.
-Jar... – minha voz falhou e eu nem sabia o que eu estava tentando dizer.
-Acho que eu realmente não deveria estar aqui hoje, não é, Margot? – Perguntou Leo arrumando sua blusa me encarando com frieza no olhar, estranho como a gentileza sumiu de uma forma tão brusca daqueles pares de íris azuis.
-Não, você realmente não deveria estar aqui – quem respondeu foi Jared com a voz seca e distante, e muito ameaçadora. Ele largou as coisas sobre a mesa e se aproximou de nós dois o encarando nos olhos. Leo não deu um passo para trás, mas olhou para as mãos de Jared e depois para seus olhos.
-Gosta de bancar o valentão na frente dela? – ele perguntou após ver as feridas nas mãos dele.
-Gosto de socar alguns babacas de vez em quando, especialmente quando tocam nela. – respondeu Jared e os dois bufaram juntos, como se soltassem fumaça pelo nariz. Um clima de raiva e ódio se instalou ali rapidamente que eu até deixei a minha tristeza de lado.
-Bom, eu toquei – Leo respondeu e eu vi uma ruga de ódio aparecer no centro da testa de Jared.
-É bom que você nunca a machuque, como fez com a sua ex ou eu mato você.
O que? Jared estava perdendo o juízo! Acusando-o daquela forma, Leo era o homem mais doce e gentil que eu já tinha conhecido sofrendo as consequências de um boato que surgiu. Como ele podia ser tão baixo? Vi a mandíbula de Leo endurecer e ele cerrar os punhos, Jar realmente tinha tirado ele do sério.
-Você não sabe nada sobre minha vida – respondeu o loiro – apenas o que você roubou de meu pai.
Uma risada saiu do fundo da garganta do mais alto.
-A sua empresa é minha! – ele falou arrogante.
-E parece que a sua mulher é minha! – eu fechei os olhos porque eu sabia o que aconteceria, e aconteceu! Jared o acertou com um soco que o fez tombar a cabeça para trás e cair se segurando nas cadeiras, eu abri a boca espantada correndo para socorre-lo, mas ele negou minha ajuda ficando de pé arrumando o paletó, o canto de sua boca sangrava e ele encarou Jared com fúria. Apenas limpou a boca e passou reto por ele saindo em seguida do meu apartamento, cruzei os braços encarando Jared sem saber o que falar sem xingar ele tamanha era a minha raiva.
Nós dois ficamos em alguns momentos em silêncio até ele finalmente quebrá-lo.
-Então, você esta realmente saindo com esse cara?
-E o que você estava esperando? Que eu fosse ficar esperando você resolver sua vida com aquela garota? – perguntei alterando sem querer a minha voz mas ele se apoiou na cadeira movendo a mão com certeza dolorida pelo trauma.
-Honestamente, Margot? Achei que poderíamos resolver isso. – falou tão calmo e eu o encarei perplexa, confusa. Resolver? Como? Meu peito que antes parecia duas saídas de ar pressurizadas finalmente explodiu e eu caí em lágrimas na sua frente.
-Não tem como resolver, Jared! – gritei – não tem!
As palavras pularam da minha boca até mesmo me assustando. Eu estava descontrolada, sentindo um mar agitado dentro do meu peito e da minha cabeça.
-Você pode ter o filho com outra mulher! Eu... meu Deus, eu não sei como vamos resolver uma coisa dessas! Chega, acabou!
Os olhos azuis se arregalaram me encarando.
-Não! Eu vim aqui te pedir perdão, pedir, implorar, me ajoelhar, fodase! – ele se aproximou – mas você estava nos braços de outro!
Ele se aproximou mais e eu não soube como me sentir referente aquilo. Bem? Mal? Arrependida? Eu não tinha certeza de nada apenas que eu estava querendo que tudo acabasse, todo aquele peso, aquela pressão dentro do meu peito me sufocando.
-Como você acha que eu me sinto? – tentei controlar minha voz – Quando penso em você tendo que ter um filho com outra pessoa, com alguém que eu odeio. Eu sou a mãe da sua filha! Eu! Você deveria estar comigo, você diz que não suporta me ver com outro, mas honestamente? Eu não sei nem se tenho estruturas para estar com outra pessoa depois do que vivi com você.
Ele estava estático, me olhando com os olhos marejados e respirando fundo. Eu tentava buscar dentro de mim todas as palavras que pudessem expressar o que eu estava sentindo mas eu não conseguia.
-Então o que você quer? Me diz! – ele exigiu e eu me senti cansada, cansada daquele ciclo. Daquelas brigas e voltas, daquela merda toda.
-Acabou, Jared. – falei de uma vez para que a frase não morresse em minha garganta. Ele balançou a cabeça.
-Nós temos um trato! – afirmou batendo com força na mesa me assustando.
-Você acredita nessa gravidez! – gritei sentindo a garganta arder – eu não sei o que você quer de mim se você acredita nela.
-Quero apenas a chance de acreditar que vamos recomeçar. – falou com a voz baixa e triste e eu me virei prensando meus dentes um contra o outro. Meu deus! Eu queria sumir.
-Não, acabou. – disse sem olhar para ele.
-Ainda não acabou. – falou e me virou para frente – nós temos a droga de um trato! Você não vai dar as costas pra isso agora.
Eu o fuzilei furiosa por ter concordado com aquela merda.
-Ate sair os resultados.
-Ate sair os resultados. – concordou.
-Vá embora – pedi porque eu queria desabar, eu ia desabar mas não queria fazer isso na frente dele. Demorou alguns segundos até ele finalmente cruzar a porta de saída, eu estava uma mistura insana de raiva e tristeza e o vaso com rosas brancas foi estilhaçado na parede da cozinha por conta disso.

A acompanhante (CONCLUÍDA) Onde histórias criam vida. Descubra agora