Careful who you're talking to

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“I’m a sad girl, I’m a mad girl, I’m a bad girl...”

Duas semanas de tentativas de ignorar Jared haviam se passado. Eram mensagens e ligações ignoradas, olhares ignorados e tentava ao máximo manter uma conversa que se resumia a “Oi” com ele, Natalie já havia decidido muitas coisas sobre o casamento e cada semana que se passava se mostrava mais ansiosa ainda. Decidimos o belo vestido que a deixou maravilhosa, a igreja, mesmo que Jared não fosse muito religioso, também já havia sido escolhida. Faltava detalhes sobre a festa do casamento, eram muitas coisas para se resolver em pouquíssimo tempo mas estávamos dando conta.
Na verdade, nunca me senti tão sobrecarregada com coisas a fazer. Em duas semanas viajei para Alemanha, Rússia e Paris com Mark e resolvi problemas do casamento, tudo para manter uma cabeça tão ocupada que não haveria tempo para pensar naqueles olhos azuis estonteantes.  Mas para aguentar tanta pressão tive que requerer ajuda da minha querida cocaína, que andava comigo agora para todos os lados.
No sábado de manhã acordei com meu telefone tocando.
-Alô?
-Vamos sair hoje – disse Lizzy animada. Esfreguei os olhos e olhei para Mark que dormia ao meu lado. – Faz duas semanas que não saímos, Mag, vamos por favor!
Implorou. Suspirei fundo.
-Vamos, aliás, se Mark não quiser fazer nada estarei livre.
-Estou começando a odiar esse contrato idiota. – ela resmungou.
-Eu que o diga. Bom, mais tarde vou para casa.
Desliguei o telefone e a manhã não foi nada muito diferente do que tinha sido nos últimos dias, Mark e eu tomando café, falando sobre coisas idiotas que para ele eram importantes e comidas saudáveis, ao menos com ele eu me mantinha saudável. Coloquei um vestido e avisei para ele que sairia com Lizzy naquela noite, mas que precisaria passar em casa.
-Onde você vai? – perguntou desviando os olhos para mim.
-Te disse que sairia com Lizzy hoje – respondi.
-Volte e troque de roupa por favor. – falou rapidamente dessa vez voltando seus olhos para os documentos a sua frente, abri a boca indignada segurando um palavrão que parou em minha garganta.
-Não entendi. O que há de errado com a minha roupa?
-Está muito curta, Margot, ainda posso ver suas coxas, volte e troque de roupa. – fiquei alguns segundos parada olhando para ele perguntando mentalmente se aquilo era sério. – Agora.
Resmungando como uma adolescente voltei para o quarto e abri a porta do armário que era reservado para mim, peguei uma calça Jeans e uma blusa e coloquei me sentindo a mulher mais infeliz do mundo. Onde eu havia me enfiado? A raiva de estar se sentindo presa era tão grande que quis chorar, mas não o fiz, aliás, eu sabia disso desde o momento que assinei aquele contrato idiota. Aquele contrato idiota! Que assinei por estar com raiva.
Voltei para a sala.
-Está melhor, Sr.? – falei irônica, ele sorriu de lado.
-Me ligue quando chegar.
Revirei os olhos e ia saindo.
-E não revire os olhos para mim – disse assim que abri a porta, a fechei atrás de mim revirando-os novamente. Idiota! Dirigi até o meu apartamento pedindo aos céus que Lizzy já estivesse pronta, não queria ter que ficar esperando ela se maquiar para podermos ir por uma noite se divertir como uma pessoa normal, com pessoas normais, e não um bando de gente chata com assuntos chatos.
Parei na porta do meu apartamento procurando a chave na minha bolsa enorme.
-Que droga! – murmurei para mim mesma, finalmente a encontrei no fundo da bolsa, a peguei e abri a porta. Assim que dei o primeiro passo para dentro da sala, fiquei impossibilitada de dar o próximo. Olhei para Lizzy rapidamente que fumava um cigarro, ela levantou a sobrancelha como quem diz “eu também não sei que merda ele quer aqui”.
-O que você está fazendo aqui? – falei para Jared que estava sentado no sofá como se estivesse na própria casa. Sorriu de lado.
-Você não me atende e não responde as minhas mensagens ah duas semanas.
-Que engraçado... é o mesmo tempo em que estou ignorando você.
Ele juntou as sobrancelhas e a sala ficou quieta, só podíamos ouvir o barulho do cigarro de Lizzy sendo queimado a cada tragada que ela dava.
Balancei a cabeça e fui para a cozinha depositando minha bolsa em cima da mesa. Abri a geladeira e peguei uma grande garrafa de Whisky, era isso que eu precisava. Coloquei uma grande quantidade no copo e mandei tudo para dentro rapidamente, Jared parou no vão da porta e se encostou a parede com os braços cruzados.
-Você tem que parar de me ignorar, Margot. – falou calmo demais, olhei para ele e depois respirei fundo.
-Ah por favor! Nós já falamos sobre isso. Você tem que parar de ficar correndo atrás de mim igual um cachorrinho, Mr. J. – tentei ao máximo soar arrogante mas minhas voz parecia querer sair fraca diante dele. Limpei a garganta e passei por ele indo em direção ao meu quarto para poder tirar aquela roupa, ele me seguiu até o quarto olhando em volta. Era a primeira vez que ele entrava ali, não havia nada de novo ou interessante, era apenas um quarto normal.
Ele riu passando a mão no queixo.
-Eu só quero que você pare de fugir disso. – ele falou rapidamente um pouco desesperado. Olhei para ele e cerrei os olhos, retirei minha blusa e joguei nele que a pegou rápido. Retirei minha calça Jeans e fiquei apenas de calcinha e sutiã procurando por uma roupa mais legal. – Viu? Nem consegue conversar comigo direito.
Continuei vasculhando o meu guarda roupa a procura de uma roupa legal, agarrei um vestido justo vermelho e coloquei, ele parecia ter desistido de falar e só ficou observando. Me sentei a minha penteadeira passando um batom vermelho do mesmo tom que o meu vestido e balancei um pouco meu cabelo deixando-o mais selvagem.
-Acha que fico bem nesse vestido? – perguntei para ele ficando em pé, com as mãos na cintura. Ele cheirou rapidamente a minha blusa que estava em suas mãos e adentrou mais o quarto, sentando-se a cama.
-Você é inacreditável. – ele disse sorrindo.
Olhei-me no espelho novamente.
-Acho que fica bem em mim.
-Margot porque é tão difícil para você ser honesta? – ele ficou em pé e logo estava atrás de mim, colocou as mãos em meus ombros. O toque de sua pele contra a minha me fez arrepiar, ele inclinou a cabeça um pouco cheirando meu pescoço, fechei os olhos rapidamente mordendo o lábio inferior. Meu estomago congelou. – O que aconteceu com seu coração para ter tanto medo de se apaixonar novamente?
Ele mordeu rapidamente o lóbulo da minha orelha.
Caramba, Jared Leto! Eu não te amava, ao contrário, eu te odiava! Odiava por me fazer querer sentir isso.
-O que você tem medo de perder, Ms.? Você não acha que vou me cansar disso? – dessa vez ele olhava para mim, encarei seus olhos pelo reflexo do espelho.
-Não tenho medo de te perder, tenho mais medo de me perder. – me virei para ele com nossos corpos próximos, fitei seus lábios rapidamente e depois olhei diretamente em seus olhos – só não me faça escolher, porque vou escolher você.
Algo como esperança brilhou em seus olhos, um sorriso leve apareceu nos lábios mas permaneci imóvel e séria com raiva de ser tão fraca diante dele. Eu me recusava admitir que sentia alguma coisa por ele, admitir até mesmo que ele fazia meus pelos se enrijecerem mas ele não parecia tão preocupado em relação a demonstrar os seus sentimentos. Vencida pela vontade do meu corpo, ia me inclinando para frente para beija-lo mas a voz de Lizzy nos interrompeu.
-Margot vamos! Pelo amor de Deus! Se eu ficar nesse apartamento por mais um minuto vou enlouquecer.
Suspirei como se estivesse saindo de um transe. Passei a mão na cabeça me afastando dele, que ficou um pouco decepcionado com a minha reação.
-Por favor, Jared. Não podemos mais nos ver, não podemos mais falar sobre essas coisas... apenas vá e fique com Natalie, ela pode te amar da maneira que você deseja.
Ele travou a mandíbula e se aproximou de mim segurando meu rosto com as duas mãos, obrigando-me a encara-lo.
-Não pode fazer isso. Você começou com esse joguinho.
-E agora eu quero terminar.
-Não vai acontecer.
Segurei seus braços, involuntariamente meus olhos se encheram de lágrimas.
-Eu não posso te amar! Você não entende? Eu não posso.
Mas ele parecia querer não aceitar isso, seus olhos se encheram de raiva e amargura.
-Mas você já ama! – e me beijou a força, mordi o seu lábio inferior e o acertei com um tapa o empurrando para longe de mim. Minha respiração ficou pesada, ele levou a mão no rosto incrédulo com o que eu acabara de fazer.
-Saí daqui! – falei, ele sorriu de lado mas saiu me deixando naquele estado. Me sentei na cama passando a mão na minha cabeça. Que droga. Porque ele tinha que fazer essas coisas comigo? Lizzy apareceu na minha porta revirando os olhos.
-Vai ficar chorando por ele ou vamos nos divertir? – levantei os olhos para ela, dane-se, eu não ia ficar em casa chorando por seu ninguém. Me levantei, retoquei meu batom que ele havia borrado e fomos para um bar no centro de Los Angeles, entramos e andamos diretamente até o balcão.
Ela pediu duas cervejas.
-Esse barman até que é bonitinho... – disse sapeca, apesar de Lizzy estar sempre acompanhando os melhores e mais bonitos milionários o gosto dela por caras jovens e tatuados permanecia sempre o mesmo, mesmo que parecesse a mulher mais glamorosa que existisse na face da terra ela ainda conseguia também parecer uma adolescente selvagem, talvez o fato de tê-la conhecido assim não me deixa ter outra imagem de sua pessoa.
Lizzy olhou para mim e riu, olhando depois por trás de mim abrindo a boca e ficando com o olhar fixo em um ponto.
-Merda... acho que não vamos ter uma noite muito boa hoje. – disse. Me virei para ver o que ela estava olhando e suspirei, irritada. Revirei os olhos e voltei minha atenção para ela. – acha que ele veio atrás de você?
-Com certeza. – a nossa cerveja chegou sendo aberta pelo Barman tatuado. – ele é um idiota orgulhoso que não consegue receber um não.
Dei um gole na minha cerveja.
-E quem é o cara tatuado ao lado dele? – ela sorriu de lado. Balancei a cabeça compreendendo seus pensamentos.
-Nem pense nisso, é o irmão dele... Shannon. Tão safado quanto ele.
-Gosto de homens safados. – e levou a bebida a sua boca. Virei-me novamente olhando por cima do ombro e eles haviam se sentado em uma mesa, Shannon estava falando com a garçonete enquanto Jared lançou um olhar sério para mim. Não sei como, mas em minutos seguintes eu já estava caminhando em direção a eles, com Lizzy no meu encalce e sua cerveja.
-Vai ficar me seguindo agora? – disse irritada, ele estudou bem meu rosto e sorriu de lado. – Me deixa em paz, Leto!
-Só vim tomar uma cerveja, não tenho culpa se temos o mesmo gosto para bares. – disse se divertindo com meu temperamento. Lizzy lançava um de seus belos sorrisos para Shannon, que rapidamente entendeu os olhares e sorrisos da garota. Revirei os olhos irritadas com aquela situação.
-Tudo bem se quiser ficar ai me admirando a noite toda. Só pare com esses olhares. – Bati o pé.
Ele riu novamente.
-Que olhares?
-De quem já me viu nua! De quem já me fodeu diversas vezes... – cerrei os dentes, ele estava realmente me dando nos nervos. Que diabos! O sorriso em seus lábios se estreitou ainda mais.
-Não é exatamente com esse olhar que estou te olhando.
-De qualquer forma, pare já com isso. – Peguei a cerveja de sua mão e tomei um gole virando-me e puxando Lizzy pelo braço. Voltamos a nos sentar no balcão.
-Eu estava me divertindo com o Shannon.
Abri a boca irritada com ela.
-Por que Jared te deixa tão irritada? Aliás, irritada não é a palavra certa, ou é? – seus lábios também se estreitaram em um sorriso maldoso e irritante, arregalei os olhos para ela e dei um tapa em seu ombro.
-Nem ouse. – disse – encha sua boca de cerveja, é o que você faz de melhor.
Ela riu levantando as mãos em rendição.
-Tudo bem, não está mais aqui quem falou. Aliás, acho que devemos dançar um pouco.
Claro. Dançar. Como não pensei nisso antes? Como se dançar fosse realmente resolver todos os meus problemas. Dançar faria aquele contrato idiota sumir, Jared sumir, Natalie sumir, sentimentos sumirem. Mas acabei indo com ela para a pista me envolvendo com as poucas pessoas que estavam ali dançando um tipo de música country, um garoto aparentemente da minha idade se aproximou de mim e começamos a dançar juntos, Lizzy disse que iria ao banheiro.
-Vamos beber alguma coisa? – o garoto disse, ele tinha olhos castanhos e cabelos escuros. Não era tão bonito, mas parecia ser uma boa companhia. Estava acompanhado de um outro garoto mais alto que ele, de olhos mais escuros. Voltamos para o balcão ficando a vista de Jared, que tinha as sobrancelhas juntas mostrando uma ruga de... ciúmes?!
Olhei para ele e sorri. Ele sabia exatamente o que aquele sorriso significava, vi sua mão se fechar e ele bater na mesa, Shannon estava conversando com uma garota peituda.
-Toma, beba. – o garoto me ofereceu assim que parei de olhar para Jared e voltei a minha atenção para eles.
-O que é isso? – perguntei.
-Uma bebida especial – disse sorrindo, cheirei a bebida que tinha uma coloração azulada, o cheiro forte de álcool entrou nas minhas narinas e meu estomago pareceu se contorcer. Eu iria mesmo colocar aquilo para dentro do meu corpo? Que se dane. Eu queria me divertir, não é mesmo? Virei o copo bebendo um pouco mais que a metade, os meninos se entreolharam e sorriram. Virei rapidamente para Jared que balançava a cabeça negativamente. Cinco minutos! Cinco minutos contados e senti minha cabeça girar, me levantei me sentindo mal apoiando minha mão no balcão, mas quase caí perdendo o equilíbrio, o menino de olhos castanhos me segurou.
-Não se preocupe... – ele sussurrou no meu ouvido – amanhã você não vai se lembrar.
Sua voz era divertida e um pouco engraçada, a minha visão ficou turva e minha cabeça pesada, com meu corpo leve, eu não sentia direito meus membros mas conseguia ouvir as vozes e falar coisas involuntariamente. Eles me levaram para fora do bar, pelos fundos.
-Qual o seu nome? – um deles perguntou, não consegui distinguir qual. As coisas rodavam e eu estava com sono, muito sono.
-Margot Robbie – falei lentamente. Eles riram. Então um deles veio por trás de mim e segurou meus braços atrás do meu corpo, eu não tinha força para me soltar ou me mover, mas meu consciente dizia que algo estava errado, eu não deveria estar ali. Foi quando o outro garoto veio e tentou me beijar, beijando meu pescoço e passando sua mão sobre o meu corpo.
-Não... – falei fraco me remexendo inutilmente. Ouvi eles rirem de novo, o garoto ia levantando meu vestido quando foi afastado de mim, alguém o puxou para longe e então o outro me soltou e ia sair correndo mas foi impedido por outra pessoa. Sem forças na pernas caí no chão. Não sei quanto tempo levou, mas fui socorrida.
-Hey, Margot? – a voz doce e preocupada entoou nos meus ouvidos. – Vou te levar daqui.
Então senti meu corpo deixando o chão gelado.

A acompanhante (CONCLUÍDA) Onde histórias criam vida. Descubra agora