Capítulo 32

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Capítulo 32 🖤

|Luan narrando|

Já eram duas horas da tarde e nada de Maria Júlia chegar. Pensei em pegar meu celular e enviar uma mensagem perguntando se ela não viria, mas tenho medo de parecer precipitado.
— Licença?! — Maria Júlia abriu a porta da minha sala e eu parei de ler algumas anotações.
— Meia hora de atraso. — Coloquei minhas mãos sobre a mesa e ela revirou os olhos.
— Peguei trânsito e o meu irmão ainda ficou enrolando. — Colocou sua bolsa e seus cadernos sobre minha escrivaninha.
— Sorte que não tenho muitos pacientes hoje, mas procura não se atrasar. — Pedi e ela assentiu.
— Vou chamar o próximo paciente. — Pegou a prancheta na minha mesa e saiu da sala.
Ela estava muito quieta pro meu gosto. Nem sequer me pediu um beijo como fazia das outras vezes.
Comecei atendendo um bebê de cinco meses, depois atendi uma menininha de três anos e assim por diante. Cada criança que entrava naquela sala, despertava em mim uma vontade enorme de ser pai. Mas o que me chamou mais atenção, foi o jeito de Maria Júlia lidar com crianças. Ela acalmou uma menina de quatro anos que tinha medo de hospital e segurou um recém nascido pra que eu pudesse aplicar a vacina. Foram duas cenas que ficaram martelando na minha cabeça.
— Terminamos meia hora mais cedo. — Maria Júlia tirou seu jaleco e pegou sua bolsa.
— É... — Suspirei, passando a mão na nuca. — Você está bem estranha hoje.
— Não estou não. — Franziu o cenho. — Só estou um pouco cansada, desanimada.
— Entendi. — Arqueei uma sobrancelha.
— Posso ir embora ou vai precisar de mais alguma ajuda? — Gesticulou com as mãos.
— Pode ir. — Respondi apenas. — Aliás, vai embora como?
— Han... bem, eu vou sair com uns colegas meus da faculdade, daí um... amigo meu vem me buscar. — Desviou o olhar e eu suspirei. Já entendi o tipo de amigo que vem buscar ela e não sei porque isso me incomoda tanto!!!
— Você disse que estava desanimada, vai sair assim mesmo? — Cruzei os braços e ela suspirou fundo. — Maria Júlia, não precisa mentir pra mim, eu sei muito bem o que você vai fazer com seu “amigo”. — Fiz aspas no ar.
— E isso te atinge por um acaso? — Me encarou.
— Não. — Menti e ela deu de ombros, pegando suas coisas.

...

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