Command (Vminkook)

Capítulo XII

Ser ignorado pelo Jungkook era ainda pior do que ter gritado comigo, simplesmente não falava ou olhava para mim. As vezes que entregava documentos ou tinha algo para dizer, os seus olhos não se despegavam do écran do computador. Sabia que o que tinha dito tinha sido demais, ainda que tenha sido um desabafo de como verdadeiramente me sentia. Quando atirou o meu relatório da reunião de mais cedo para o caixote do lixo, foi a gota de água para uma cascata de lágrimas me sacudir e fazer correr para a casa de banho. Tranquei a porta e chorei inconsolável agarrado à bancada de pedra com os lavatórios, até cair no chão e abraçar as pernas. Eu tinha perdido os meus Alfas, eles iam rejeitar-me.

Não te vou consolar, lida com os estragos que provocaste... A sensação de abandono tornou-se real, nem o meu lobo me apoiaria.

- Park Jimin, abre esta porta imediatamente! Relembro-te que estás no teu horário de trabalho, acredita que em casa falaremos sobre este assunto! Agora, levanta-te do chão e abre a porta...

Fiz o que me disse, levantei-me e só faltava rastejar-me para fora da casa de banho. Estava à espera que estivesse atrás da mesma, mas fui recebido pela sua ausência. Limpei o meu rosto o melhor que pude e voltei a sentar-me na minha secretária a tentar no meio de soluços e mais lágrimas, reescrever o relatório. Só que não me conseguia controlar. Por instinto liguei ao Jin Hyung.

- Hyung... - Falei num fio de voz, que se dissiparia com facilidade entre o barulho das pessoas a falarem. Era uma má hora. - Fiz asneira.

- O que se passa, Mochi? Respira fundo, assim não vou conseguir ajudar. - Deve ter ido para outro sítio, porque de repente deixara de ouvir barulho ou tanto barulho. - Fala comigo, estás a assustar-me.

- Eu gritei com o TaeTae e disse-lhe coisas más... Eles não gostam mais de mim, vão-me rejeitar, eu sei disso. Chamei-os infantis e demasiado possessivos. Não foi a melhor forma de expressar os meus sentimentos, mas foi mais forte que eu, antes que desse conta já tinha feito mal. Eles não vão perdoar...

- Calma, bolinho, não digas essas coisas. Respira fundo e calma, não te vão abandonar. Todos cometemos erros e tu também tens direito a cometê-los. Só pede desculpa, tudo se vai resolver, eles também precisam de confiar mais em ti. Espero que te oiçam também, senão a Omma Jin vai aí tratar de colocar juízo nessas cabeças ocas.

- Achas, Hyung?

- Claro que sim. Tem só calma e fala com eles. Vou ter de desligar agora, mas depois falamos melhor. Aquele Alfa do outro dia está outra vez a reclamar. Eu vou lhe dar com o rolo da massa e expulsá-lo!

Imaginar o Jin Hyung ser agressivo, bater em alguém com o seu rolo de massa foi o que me fez esboçar um pequeno sorriso, acalmar-me e finalmente acabar de escrever o relatório. Bati à porta do Jungkook antes de entrar, estava tão nervoso...

- Entra!

Dei um pulo, tal como o meu coração, com o seu tom. Fiz como o Jin Hyung me disse e avancei na direção da sua secretária. Estiquei os documentos, a curvar-me e de cabeça baixa.

- Desculpa, eu não tinha de gritar. Está aqui o relatório, espero que esteja melhor, voltarei a reescrever se não estiver bom. - Não gasguejei nem me atrapalhei com as minhas palavras. Podia estar um caco, mas eu tinha de pedir desculpa e continuar a ser profissional. - Precisas de um café?

- Não estamos em casa, aqui é senhor Jeon.

- Sim, senhor. - Vários flashbacks atravessaram de forma confusa, desorganizada e  difusa a minha mente. - Precisa de alguma coisa?

- Que vás esperar-me junto do meu carro, o Taehyung já está à nossa espera.

Voltei a curvar-me e fui buscar os meus pretenses que tinha deixado em cima da minha mesa. Em vez de usar o elevador desci as escadas e esperei pelo Jungkook junto da porta de pendura. Por sorte não demorou, não era grande fã do escuro. De novo o silêncio era o meu inimigo, um mero pedido de desculpas não serviria. Num piscar de olhos estávamos num restaurante de luxo, a caminhar em direção do Taehyung já sentado numa mesa resguardada. O seu semblante estava fechado. Mal cheguei junto de si, curvei-me e pedi desculpa.