Command (Vminkook)

Capítulo XV

Eu nunca tinha andado de avião, as horas de viajem pareceram horas. Tentei dormir um pouco, sentia que as olheiras que carregava comigo se estavam a tornar cada vez mais assustadoras. De óculos de sol, para não me confundirem com um zombie, as lágrimas inundaram os meus olhos, fui assim que adormeci por uns meros momentos que se transformaram em horas. A senhora e o senhor ao meu lado estavam demasiado ocupados com trabalho para descentrar-se de si. A hospedeira de bordo ainda ofereceu comida, mas o meu estômago estava demasiado agitado, principalmente ao ver a quantidade de chamadas do Jungkook, Taehyung, Jin e Hoseok. Mas não havia volta a dar, eles iriam encontrar outro Omega e eu iria tentar sobreviver na minha nova terra. Paris sempre fora uma cidade de sonho, por certo que nunca tinha pensado ficar nela nas circunstâncias que eram, mas era a minha melhor escolha.

Entretanto as horas foram passando e aterrámos. A diferença horária era enorme e aterradora. A primeira coisa que fiz foi encontrar um hotel para dormir aquela noite e procurar por uma casa. O hotel era bastante simples e perto do sítio da cidade onde queria viver, um bairro sossegado, perto de uma livraria e de uma pastelaria. Consegui conversar com um dos proprietários e chegar a um acordo para um apartamento vago para arrendar. Como a renda vinha com despesas incluídas e todo equipado, pagava um pouco mais, mas eram menos preocupações. Dei entrada no imóvel e no dia seguinte mudei-me. Como não tinha nada para vestir e comer, saí para ir comprar umas peças de roupa, mandar o meu telemóvel para o lixo, comprar um novo e fazer algumas compras. Estar sozinho era uma novidade, mas o meu lobo facilitava, pela primeira vez não falava comigo com sarcasmo, ao invés ajudava-me. Os seus instintos era de certo apurados.

Em casa, procurei um emprego e consegui um na biblioteca que era relativamente perto. Tinha de apanhar o metro, mas compensava o esforço, queria um emprego sossegado. A experiência que tinha tido não fora a melhor. Além disso ficará surpreso ao perceber a mente aberta que tinham, os Omegas eram vistos como Alfas e Betas, tratados igualmente. Mas também França era a terra da liberdade, Paris era a cidade da luz. Para além do emprego na biblioteca, também escolhi um part time para os finais do dia e para o sábado, a trabalhar na pastelaria. O curso de culinária com o Jin Hyung era uma mais valia, ele tinha sido um excelente professor. Só a memória fez-me chorar todo encolhido no sofá. Eu estava sozinho.

Sem dar conta, já era segunda e fui para o meu primeiro dia de trabalho. Tive de tomar os supressores de cheiro, os Omegas lúpus eram raros em todo o lado e se descobrissem que era um, aparecia nas notícias e todos saberiam onde estava. No metro havia imensos artistas, parei algumas vezes a ouvir as melodias lindas e distractoras, a ver dançar, pintar e representar. Mesmo assim cheguei a horas. Foi refrescante ter um emprego tão silencioso e relaxante. Adorava organizar os livros e ir ajudando os estudantes a encontrarem o que precisavam. Algumas pessoas de mais idade estavam sentadas nos sofás a lerem os jornais e livros dos seus tempos. As salas de leitura estavam cheias de crianças sorridentes. Senti uma leve tristeza junto com o meu lobo, nós não teríamos cachorros como planeáramos a vida toda.

- Desculpe? - Não estava à espera depois de estar a ouvir a manhã toda francês e de ter de pôr em prática o meu curso de línguas, que alguém viesse ter comigo a falar Coreano. Virei-me e vi um homem um pouco mais velho, mais ou menos da minha altura e de cabelo cinzento a olhar para mim. Vestia um fato e a sua cara não era muito simpática. Engoli em seco. - Onde está o gerente?

- O gerente está na sala no fundo do corredor da entrada, do lado esquerdo. Quer que o acompanhe?

- Ao menos fala coreano... Min Yoongi, o meu nome é Min Yoongi.

- Hm... Park Jimin.

- Está muito nervoso, Jimin. Eu só vim mesmo pedir algo que o me pertence ao senhor Smith, nada com que se deva procurar. Está com ar de quem não comeu durante a manhã e acontece que não gosto destas coisas a que chamam cupcakes. Fique com ele. - Estendeu-me uma caixa cheia de cupcakes de diferentes sabores e decorações. Eu e o meu lobo ficámos animados, deve ter sido a primeira vez que sorrimos desde aquele dia. - Ah! Os seus Alfas estão à sua procura, está escrito em toda a imprensa. Não sei o que aconteceu, mas tenha cuidado.