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ᴍᴀʀɪᴀ ғᴇʀɴᴀɴᴅᴀ 💫

Mais um dia, na verdade eu nem dormir, mesmo que a gritaria tenha parado lá pras duas da manhã, eu não tive sono então fiquei desenhando, como sempre, mas a minha mãe dormia tranquila na minha cama.

Sai do quarto vendo meu pai na cozinha e passei direito, peguei minha toalha na área de serviço e voltei da mesma forma que fui, calada. Tomei meu banho no banheiro do corredor e voltei pro quarto, minha mãe já tinha se levantando e saído, tranquei a porta e me vesti, calça, meu tênis e minha blusa de uniforme, amarrei meu ninho de gato, vulgo cabelo do jeito que ficava mais bonitinho e saí com a mochila, celular e fone na mão.

Coloquei minha mochila no sofá da sala e olhei pra meu pai que comia sentado e calado na mesa, continuei com a minha cara de sempre, era neutra, não demonstrava nada, apenas que eu tava viva, em qualquer lugar eu usava ela.

Maria: O almoço é só esquentar, viu amor? - Olhei pra ela concordando, enquanto colocava o café no copo.

Fernanda: Se eu lembrar de comer, eu esquento.- Ela negou, terminando de lavar a louça.

Maria: Nada de comer besteira, garota. Pode ir almoçando, se não comer quando eu chegar te faço comer tudo pelo cu.- Sorri animada e tomei meu café com pão.

Fernando: Até mais tarde.- Falou passando por mim e beijando minha cabeça, fiquei queita e vi ele sair, minha mãe foi pegar as coisas dela e eu coloquei as coisas sujas na pia.

Fernanda: Acho que vou chamar a Lê pra cá depois da aula, fico fazendo nada mermo.- Falei saindo junto com ela.

Maria: Só não bagunça a casa, vocês parecem sempre que dançam até em cima da mesa, de tão bagunçado que fica quando vocês tão juntas.- Eu gargalhei, colocando meu fone.

Fernanda: Não ache que não, fia.- Ela me deu um tapa e eu me afastei rindo.- Beijo, tenha um bom dia.

Maria: Cuidado com quem você anda, escola é pra estudar.- Fiz cara de deboche e logo voltei a ficar quietinha, enquanto andava na direção da escola.

Passei pela padaria vendo um homem montando na sua moto que era bastante bonita e ele me olhou, desviei o olhar semicerrando por conta do sol e escutei a voz dele.

- Bom dia aí, gata.- Olhei pra trás com cara de monga e ele montou na moto sorrindo de lado.

Neguei com a cabeça respirando fundo e ele passou por mim, ignorei a ceninha toda e fui entrando na escola, de cara encontrei meu bondinho que já fofocava essas horas da manhã.

O dia passou bem rapidinho, a gente já tava entrando em dezembro, final do ano era tudo pra mim. Principalmente que eu não tinha preocupação com isso, apesar de tudo, seguia os conselhos da minha mãe de estudar, porque eu sei que isso que vai me dar futuro, entendo certinho.

Letícia: Cara, ir pra tua casa eu vou, mas eu tenho que ir falar pra mãe pessoalmente, ela tá meio presa comigo esses dias.- Falou quando a gente tava sendo liberadas.

Fernanda: Pô amiga, vai lá.- Ela riu.

Letícia: Tenho cara de vadia pra subir e descer o morro nesse sol? Sozinha ainda mais, as meninas vão pra casa de uns macho do asfalto aí hoje, cara. Hora do almoço o morro fica com pouco movimento, tenho medo, tu tá ligada.

Fernanda: Deixa eu falar com ela então, ela cai no meu papo fácil.- Letícia me entregou o celular rindo e a gente sentou na praça ali na frente.

Tinha vários traficantes e velhos bêbados por ali, mas ficamos quietinhas enquanto eu convencia a tia a deixar de boa, o que deu certo como sempre. Fomos pra minha casa e ficamos a tarde lá, três e meia da tarde a Lê tava arrumando as coisas pra ir, as outras meninas chegaram na minha casa e ficamos conversando na porta.

Alicia: Ai cara, bora subir pra ver o pôr do sol lá do alto, o céu tá lindo demais hoje.- Falou manhosa e eu ri.

Fernanda: Queria demais, se minha mãe pega eu tomo no meio do meu cu.- Elas negaram.

Clara: Bora bê, eu volto contigo.- A clara morava perto de mim, não morava no morro igual as outras, mas a mãe da Clarinha numa parava em casa, então ela vivia como queria.

Letícia: Bora amiga, se der alguma coisa eu tomo a culpa com a tua mãe.- Falou sorrindo.- A gente sempre fica lá, mas sempre fala de você.

Fernanda: Beleza, eu morrer vocês tão ligada.- Elas sorriam animadas e eu fui fechar a porta.

O nosso bonde era, Eu, Letícia, Clara, Alicia e Bruna, tinha a Victória também, mas ela andava com a gente as vezes, o negócio dela era macho, juro.

Fomos pra entrada do morro e lá eu vi como sempre, vários motoboys e vários meninos do tráfico também, tirava isso pelos cordões e caras, cara de bandido na certa. As meninas pediram pros motoboys levarem a gente lá em cima, mas alguns dos meninos se ofereceram ali, eu observei bem e só pela moto reconheci, era o menino do dia de hoje mais cedo, encarei ele que se ofereceu pra me levar e apenas fui na onda das meninas, subindo na garupa.

Alto do morro Onde histórias criam vida. Descubra agora