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Maria Fernanda 💫

Vi o Fiel sendo algemado na minha frente, enquanto me levavam pro hospital, ele continuou me encarando firme e só fui colocada na ambulância, saindo dali. Comecei a chorar baixinho enquanto passava a mão no rosto, minha coxa doía muito, os moço ali me deram alguma coisa e eu acabei dormindo.

Acordei num hospital com o Pedro e Letícia do lado, fiquei encarando o teto até eles chamarem minha atenção, respirei fundo e olhei pra minha coxa que tava só a merda.

Pedro: Difícil entender um "não saía de lá." né cara? - Falou com chateação na voz.

Mafê: Não saímos pra dar rolê, ele estava me levando pra casa.- Olhei pra Letícia.

Let: Ele foi pego, logo sai...- Neguei com a cabeça.- O que rolou?

Mafê: A prima dele ligou, falou maior putaria, eu que atendi porque ele tava dormindo. Só queria meter o pé sabe? Ele falou que ia me levar, mas no meio do caminho aconteceu polícia atrás da gente e foi isso.

Pedro: Ainda bem que você não vai nem abrir o bico pra reclamar de alguma coisa, sabia muito bem dos riscos.- Encarei ele.- Que foi? Bem antes de se envolver, todo mundo falou o que?

Mafê: Não cara, só tô preocupada com ele.- Respirei fundo.

Pedro: Uma coisa, Fiel fugindo ou não daquela cadeia, tu não vai pisar lá, tá me escutando né? - Falou sério, apontando pra mim.- Ele pode passar dez anos lá dentro, mas tu não pisa lá. E se quiser pisar, depois dos dezoitos anos, comigo não vai morar mais.

Let: Acho que isso se conversa em outra hora.- Falou calma, passando a mão no meu cabelo.- Importante agora é você tá bem.

Fernando: Maria? - Nós três olhamos pra ele, Pedro se armou pra ele e eu fechei a cara.- Como você tá?

Mafê: Saí daqui.- Encarei ele.- Se afasta de mim.

Fernando: Eu quero mudar, eu juro filha.- Neguei.

Mafê: Não esqueço todo mal que você me fez, eu não tô afim de olhar pra você agora, me dá licença.- Apontei pra porta.

Pedro: Mete o pé, porra.- Gritou e a Letícia repreendeu ele, por conta de ter outras pessoas na sala.

Ele saiu baixando a cabeça o Pedro veio pro meu lado beijando minha cabeça, comecei a chorar quando ele me abraçou e fiquei assim por um bom tempo...

1 mês depois...

Já tinha se passado um mês, muitas coisas se desencaixaram aqui, fico perdida as vezes. Eu não podia ser presa com o Fiel por eles não terem prova de nada, era só acusações que eu era cúmplice, além disso, eu era de menor, então pra mim, não deu em nada.

O ano novo foi uma bosta, natal pior ainda, pelo menos pra mim. Saí com o Pedro, Vic, Letícia e Igor, mas senti falta do Shrek.

Fiel continua preso e acabamos não tendo nenhum tipo de contato, eu queria ver ele, mas não tinha forma, eu ficava metade do tempo no meu quarto desenhando, que aliás, era o que me distraia como sempre.

O curso de desenho começava só no finalzinho de fevereiro e ainda estávamos no final de janeiro.

Pedro: Consegui um bagulho pra tu.- Falou entrando no meu quarto.- Tu pode mandar carta pro Fiel, tá liberado.

Sorri de lado vendo ele fazer careta e ele veio pro meu lado vendo meu desenho, tinha rabiscado a vista do Alto do morro, Pedro deu a ideia de mandar isso pro Fiel, já que era algo que significava pra nós, ou pelo menos pra mim né.

Ele saiu do meu quarto me deixando sozinha e peguei um papel e um lápis, fiquei olhando pra aquelas coisas por maior tempo do mundo, não sabia o que escrever, não tinha esquecido nossa briga, não tinha esquecido nada daquela noite, não queria ser otaria e ser totalmente carinhosa, mas não queria ser seca cuzona. Só que a gente não tinha tido nem a oportunidade de conversar nem nada, isso era o que mexia comigo, porque eu não sabia o que sentir, ou o que fazer.

Fiquei balançando o lápis nos dedos até meu celular vibrar, número privado, mensagem normal e eu abrir. " com saudades, gatinha." Fiz careta sorrindo de lado e respirei fundo, iniciando a escrever aquela bendita carta.

Alto do morro Onde histórias criam vida. Descubra agora