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Fiel 🎭

Fui subir pro alto do morro todo na minha, já tava acostumado a subir lá pra pensar, mas quando cheguei, a Victória e a Letícia estavam lá conversando sentadas, encarei as duas e elas me olharam.

Fiel: Ih fi, pode meter o pé.- Elas riram.

Vic: Tu acredita que tira a gente daqui? - Falou com deboche e eu neguei, sentando no sofá, já que elas tavam sentadas no chão.

Fiel: Qual foi cara, mete o pé. Minha mente tá a milhão, vou arrastar as duas a força.- Ela negaram me ignorando.

As duas brigaram tanto comigo pra não sair que eu acabei me distraindo um pouco, nenhum momento a gente falou da Maria Fernanda, só ficou conversando sobre altas paradas, que me animou até.

Eu já tinha conversado com a Victoria sobre meu vacilo, foi ela a nega que eu trouxe aqui pra pedir desculpa, nem eu sei o porquê.

Mas enfim, elas acabaram indo embora e eu acabei que fui também, entrei em casa vendo minha mãe sentada na sala e fui passar direto, mas ela me puxou pra sentar com ela.

Laura: Assiste essa porra aqui comigo.- Olhei pra televisão vendo que ela assistia uma série nada com nada e acabei que fiquei ali marolando.

A semana tinha passado devagar, parecia que a cada dia era um peso diferente nas costas pra levar, sábado era dia de descer pra praça e eu fui, nem tava tão animado mas meti o pé pra lá, desci quieto na minha, vi até a Maria Fernanda com as meninas, arrumada e parecendo uma rata.

Ela me olhou e eu balancei a cabeça fazendo sinalzinho de suave pra ela, fui pra perto dos meninos e peguei meu copo, me sentei no banco e vi a Clara se aproximando de cara fechada, encarei ela e ela ficou na minha frente.

Clara: Tem aí? - Falou estendendo o dinheiro.

Fiel: Mal educada, tá de mal humor é? - Falei colocando a mão no bolso e ela fechou a cara mais ainda.

Clara: Vai se fuder.- Pegou o pino da minha mão e eu peguei o dinheiro, vendo ela se sair.

Fiel: Tudo que vicia, faz mal viu garota?! - Falei alto pra ela escutar e ela só me deu as costas, saindo no meio da galera.

Eu nem tinha culpa de nada, meu trabalho é vender pra quem quer que seja, não tenho obrigação com ninguém. Tava gastando com os meninos e bebendo, até a Maria Fernanda aparecer do meu lado, vi que uns homens tavam olhando pra ela e fechei a cara, fazendo ela me olhar sem entender.

Fiel: Só tem homem aqui, Maria.- Ela olhou pros lados.

Mafê: E eu quero falar contigo.- Falou cruzando os braços e eu ainda vi os cara olhando pra bunda dela e comentando.

Fiel: Era só me chamar.- Me levantei puxando ela dali, me afastando.- Tuas amigas não falam que quando só tem homem num é pra se chegar não?

Mafê: Seboso...- Murmurou com voz de criança e eu encarei ela.- Você tava vendendo o que pra Clara?

Fiel: Ih, tá achando que é assim? Só sabe quem compra, tenho sigilo com os clientes.- Falei tomando minha bebida e ela meteu a mão no meu bolso.

A mão dela sarrou pelo meu pau e eu me afastei até, derrubando um pouco de bebida nela, ela se afastou tirando a mão do meu bolso e levantou um pino de cocaína, tirei aquilo da mão dela e ela me olhou puta.

Mafê: Derruba bebida em mim e ainda tá vendendo cocaína pra Clara? - Falou alto.

Fiel: Eu derrubei? Tu que bateu aí no amigo, fiquei nervoso pô.- Ela me deu um tapa e eu ri, a nega era do tamanho de uma formiga e pagava de braba.

Mafê: Cara, por que tu tá fazendo isso? - Falou limpando a blusa.

Fiel: Não tenho nada haver com quem compra, nem o que compra, eu só vendo, Maria. Se eu chegar e dizer não pra ela, ela vai em outro lugar e compra do mesmo jeito.- Maria Fernanda me encarou com chateação e eu respirei fundo.- Pô, cara. Você tem que falar é com ela, não comigo.

Mafê: Só queria saber o que ela tava usando primeiro, as meninas falaram que só eu iria conseguir fazer você falar.- Eu ri.

Fiel: Qualquer uma delas ali que perguntasse ia saber. Por que não mandou mensagem? Era mais fácil.- Falei balançando o copo.

Mafê: Exclui teu número...- Falou fazendo careta e eu olhei pra ela.- É brincadeira, memes e mais memes.

Fiquei olhando feio pra ela até ela me mostrar que não tinha apagado, quando fui me sair só escutei aquela voz de pilantra dizendo que tava com fome e que batata frita era tudo que ela queria.

Alto do morro Onde histórias criam vida. Descubra agora