🌙 Takin' me a heartbreak

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Universo: Triologia Batman de Christopher Nolan

Takin' me a heartbreak
Ela superou muita coisa.

Engoliu tantos sapos quanto podia e suportou porque não era do seu feitio abandonar as coisas enquanto ela visse esperança ali. O ditado do brasileiro “a esperança é a última que morre” era seu lema de vida, ela levou o quanto pode levar e sinceramente, levou até além do seu próprio limite.

Recolheu as coisas e olhou a vista pela janela, a luz solar poente entre as árvores deixava a propriedade meio mística e misteriosa antes de cair no mar de trevas que lhe era de costume, ela adorava aquilo. E sentiria muita falta de sentar entre as árvores e testar os feitiços de seus grimórios, sentiria falta do cheiro de chá preto e biscoitos de gengibre. Sentiria falta de tudo ali.

Sentiria falta dele.

- Jamais imaginei que Constantine estivesse certo. - fechou a mala depois de guardar seus livros de magia. Deveria imaginar que os presságios de Morrigan seriam verídicos, aquela gótica jamais tinha errado em suas previsões.

Filha de mãe inglesa - celta para ser exata, sim uma bruxa - e pai brasileiro - que grita "devolvam nosso ouro" sempre que vai a Lisboa -, Sn tinha elos mágicos que iam além de sua própria compreensão, em tempos de crise ela se recolhia em seu interior, e conversava com suas antepassadas e Morrigan havia dito que um príncipe iria partir seu coração.

Não imaginou que o príncipe de quem Morrigan falava se tratava de um que andava a noite, batia em bandidos e botava ordem em Gotham.

- Eu deveria imaginar, sempre gostei mais de preto. - brincou secamente.

- Precisa de alguma coisa Srta. Caeli? - Alfred indagou parado na porta, os olhos claros do mordomo transbordavam empatia e tristeza por presenciar a partida da jovem bruxa.

Bruce sequer havia se despedido, deixou que ela lesse seus sentimentos e se tocasse sozinha. Era de se esperar.

- Oh não Alfred, meu táxi chega em poucos minutos, mas obrigada. - sorriu grata, pondo a mala no chão.

- Sinto muito Srta.

- Pelo que? - não tinha nada pelo que sentir.

Exceto um coração, expectativas estúpidas e sentimentos infrutíferos.

- Pela situação. - ele pediu licença e entrou no quarto, não havia mais nenhum objeto pessoal dela ali, nem os quadros excêntricos nem os pôsteres de Janis e Jimi. - Por muito tempo a senhorita com seus comentários espirituosos e mantras de meditação foram a vida que essa casa deixou de ter há muito tempo.

Ela sorriu, tirando um fiapo inexistente do paletó dele.

- Não se preocupe Alfie, não é porque esse ciclo fechou significa que outros não se abrirão. Vidas nascem a todo momento e logo a vida dessa casa também nascerá. Fico feliz pelo tempo que passei aqui mas acabou.

E eu estou levando um desgosto por ter acabado. Acabado dessa forma, é claro.

- Me ligue, eu estarei em Nova York e poderá me visitar se estiver na cidade.

- Eu irei. Ajudarei a levar a mala da senhorita ao carro.  - disse sem dar tempo de contestação e saiu arrastando a mala dela.

Sn sorriu e olhou mais uma vez o quarto ao redor, tantos momentos, tantas lembranças boas e ruins se construíram ali, ela amava cada uma delas, Sn amava todos os momentos que teve ali.

Ela o amava.

Droga, como o amava e por ama-lo, faria a vontade dele.

Juntou as mãos e entoou um cântico cêltico para proteger o dono, Morrigan a chamaria de burra depois, mas sentia que precisava manter aquele lugar, aquela casa protegidos, houve desgraça demais ali, e ela deveria colaborar para impedir que mais ocorressem.

Tirou o colar de prata envelhecida enfeitada pelo pingente de obsidiana preta e escondeu ali, impediria que Bruce tivesse pesadelos, ela sabia que os tinha em excesso.

Estava levando lembranças, sentimentos, escassos sorrisos, toques em excesso e um baita desgosto, bem, era isso que Bruce Wayne deixava e ela não podia reclamar: ele avisou.

Fechou a jaqueta e saiu do quarto, levando sua bagagem pessoal, além da bolsa de mão, fechando o ciclo.

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Para Yzabbel, com carinho 💓

𝗗𝗘𝗠𝗜 𝗟𝗢𝗩𝗔𝗧𝗢  || 𝚌𝚘𝚖𝚒𝚌'𝚜 𝚒𝚖𝚊𝚐𝚒𝚗𝚎𝚜Onde histórias criam vida. Descubra agora