Crazy In Love II

Por que você arriscaria isso, baby?

Eu estava queimando de raiva, principalmente por me sentir frustrada. Primeiro era a Samantha, depois o Brandon. Não, ele não deveria esconder coisas como essas, não mesmo. Eu estou arrasada. Como ele poderia pensar que isso era o certo a se fazer, me colocar no escuro e pensando que tudo fosse sobre a sua proteção, eu entendo os seus motivos e as dificuldades que podem aparecer com tantos perigos rondando, mas não era assim que as coisas funcionavam. Isso não me traz segurança nenhuma! Eu estou mais do que com raiva de toda essa situação. Eu não consegui parar quieta, a Ashley trançava o cabelo da sua cliente e elas conversavam baixo, Ashley me olhava de vez em quando e eu ignorava o seu olhar preocupado, eu nem mesmo consegui abrir a boca pra falar sobre a possível coisa com o Brandon que apareceu. Enquanto ainda parecia cair o mundo lá fora, com toda essa tempestade e só piorava pra mim.

Parei de andar de um lado para o outro assim que faróis altos piscaram quase na entrada do salão, refletindo na parte debaixo dos vidros da porta, mesmo com os portões de segurança um pouco mais baixos, em seguida uma sequência rápida de buzina. Ashley me encarou no mesmo segundo através do espelho enquanto suas mãos ainda trabalhavam e eu respirei fundo, cruzei os braços seriamente e a minha maior vontade era sair do salão despejando toda a minha raiva no Michael, mas ele estava sendo salvo pela chuva forte que caía na cidade. Ashley me encarou ainda mais séria assim que ele buzinou pela segunda vez e eu bufei, mas irritada ainda. Eu não iria sair daqui. Me aproximei de uma das cadeiras e me sentei, encarando furiosamente as portas de entrada. Ele buzinou mais uma vez, Ashley me olhou novamente ao largar a trança que estava nas suas mãos.

- Se ele derrubar o meu salão, eu mato vocês dois! - Ashley disse mais alto e eu revirei os olhos. - Amiga, você precisa fazer alguma coisa. Escutar, ou acabar com ele. Você é quem sabe, mas precisa fazer alguma coisa.

- Eu não vou entrar no carro dele, Ashley! - Respondi tentando controlar a minha própria ignorância.

Só que não seria tão fácil assim, não mesmo. Os faróis não abaixaram, mas escutamos o barulho da porta se fechando um pouco alto pela batida e em seguida a aproximação do Michael, com a metade do vidro sendo tampado pelo portão, eu só consegui ver ele das pernas para baixo e em seguida ele bateu fortemente contra o portão, ele já estava na parte da fachada do salão e Ashley no mesmo segundo me encarou de volta, antes de arregalar os olhos.

- Normani, você precisa fazer alguma coisa! - Ashley tentou dizer baixo ao me olhar seriamente, olhando de um jeito desconfortável para a sua cliente em seguida e eu respirei fundo.

Eu praticamente quis soltar um grunhido de tanta frustração, mas me levantei assim que o Michael bateu no portão pela segunda vez e rapidamente fui até a minha bolsa, eu a peguei com raiva e puxei a blusa do meu moletom novamente, Ashley me olhou de um jeito apreensivo e sua cliente nem mesmo disfarçava ao estranhar toda a situação, eu caminhei em direção as portas do salão, alcançando uma das chaves que estava mais próximas e destranquei primeiro a porta de vidro, em seguida o portão de proteção. Assim que eu subi mais o portão, eu senti o vento frio entrando de volta e o Michael quase todo molhado me encarando seriamente, seus olhos queimando de raiva.

- Que porra você pensa que está fazendo?! - Ele disparou contra mim e eu bufei no mesmo segundo, apertando minhas coisas contra o meu corpo.

- Você acha mesmo que tem alguma razão para falar assim comigo?! - Disse entre dentes ao encarar ele e minha maior vontade era de empurrar ele, ou simplesmente abaixar o portão novamente e voltar para o salão.

- Entra no carro. - Michael diz como uma ordem e eu bufei no mesmo segundo, ele até me deu passagem, mas eu não me movi.

Ele me olhou ainda mais furioso e segurou o meu braço, eu puxei meu braço de volta com mais força e olhei para chuva, encarando a tempestade. O salão não era mesmo longe da minha casa, só quatro quarteirões, eu abaixei o portão de segurança de volta com mais raiva ainda ao dar as costas para o Michael, mas ao invés de ir em direção ao carro como ele pensou e fez, eu saí caminhando ao abraçar minha bolsa e meu moletom, eu já estava completamente molhada e quase correndo por conta da chuva forte em direção a calçada.