Crazy In Love II

Filha do destino

Quando Tessa abriu a porta do seu apartamento, foi mais estranho ainda. Não pelo lugar, mas por nós. Senti como se estivesse realmente a conhecendo, principalmente com tanta personalidade assim. O apartamento era enorme, eu não tinha dúvidas do que eu encontraria em mais uma cobertura. As paredes eram de um cinza queimado e os móveis pretos, totalmente escuros, os espelhos eram quase como quadros vintages, a decoração era impecável de tão sofisticada e com uma sacada ainda maior, deixava tudo amplo e bem iluminado. Os quadros e obras de arte faziam toda diferença, tudo era aparentemente ligado a música e eu tinha certeza que olhava como uma criança, já que a Tessa acabou fingindo uma tosse desconfortável ao deixar sua bolsa em um dos sofás mais próximos e um gatinho preto, com os olhos bem verdes pulava da grande mesa de jantar no segundo ambiente para o chão.

- Michael. - Tessa disse assim que me virei para ela, a mesma erguia o seu celular que brilhava ao alertar a ligação. - Quer atender? Ele já deve estar paranóico. - Ela ergueu a sobrancelha e eu balancei a cabeça negando, o que fez ela acabar sorrindo. - Bom, nem eu.

- Ele vai superar, vão ser somente alguns minutinhos fora. - Respondi e ela balançou a cabeça assentindo, o que me fez sorrir ao menos um pouco.

- Eu precisava subir e tomar um banho, antes de irmos até o galpão, mas eu não conseguiria fazer isso agora até realmente mandar a real pra você, Normani. - Tessa voltou a dizer, eu sentia um pouco do seu desconforto e eu respirei fundo, ela apontou para o segundo sofá e eu me sentei, ela subiu as mangas da sua camisa antes de se sentar em uma distância confortável. - Eu queria me desculpar, pela forma e as palavras que eu usei em Houston ainda no Texas, com você.

- Eu me precipitei em outras coisas também, Tessa. - Respondi e a mesma suspirou, acabou balançando a cabeça ao não concordar totalmente e eu só consegui ficar mais séria.

- Não foi realmente confortável pra mim, ver você querendo remexer em coisas que tiveram um ponto final e eu sinto muito, se eu despertei algum gatilho em você. - Tessa começou a dizer, eu a encarei da forma mais paciente e ela me olhou do mesmo jeito. - Eu preciso que você entenda, eu respeito seus sentimentos, mas o Michael é com todo o meu coração, apenas o meu irmão mais novo. - Ela completou sem jeito. - Donald falou uma coisa certa nessa manhã, você faz parte, mais do que nunca, de quem é o Michael hoje e consequentemente você é da família, não somos só uma equipe ou amigos, Normani. Nossos laços e raízes são maiores que isso.

- Eu também respeito isso, Tessa. Eu entendo completamente. - Murmurei ainda mais sem graça e ela balançou a cabeça novamente, desconfortável. - Nós duas parecíamos bem antes da viagem ao Texas e eu estava realmente alegre em poder conhecer você, eu não entendia o seu comportamento desde o início comigo, mas eu deveria ter tido uma conversa sincera já que estávamos tentando ter essa aproximação.

- Eu acho que eu me assustei, porque talvez eu nunca tivesse visto o Michael loucamente apaixonado. - Ela sorriu sem jeito ao dizer e eu juntei as minhas mãos, ainda sem graça e ela me olhou de forma séria. - Jordan é uma pessoa difícil, mas nunca desistiu daquilo que ele quer e eu vejo, qualquer um consegue ver o quanto ele quer você. Isso ainda não justifica o meu comportamento, eu sei. Só que eu fui sincera ao dizer que eu incentivei ele a te buscar, no final eu sempre vou querer o melhor para o meu melhor amigo e o melhor pra ele tem sido você, Normani.

- Eu jamais faria ele ficar entre mim e a sua família. Eu errei em lidar com as minhas próprias inseguranças, Tessa. - Respondi ainda mais baixo e suspirei. - Escutar todas essas coisas, enfrentar o que tá acontecendo e principalmente encarar as últimas semanas que foram horríveis, os dias mais estressantes e confusos na minha relação com ele, só me fez ainda ter medo. - Completei, realmente me abrindo pra isso. - Eu ainda tenho um medo absurdo de perder ele, Tessa. Isso me fez pensar em tantas coisas e encarar tudo de um jeito inseguro.