Você e eu juntas

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Um desafio. Um voo que levou quase dez horas, com uma bebê. Sozinha. Eu só literalmente embarquei nessa quando consegui o aval da pediatra da Amara, que já fez um encaminhamento e indicações para seguir alguns exames dela em uma das suas clínicas na Espanha. Eu ainda nem acreditava em todo o suporte que o Sterling proporcionou pra mim, ele não mediu esforços. Nos deixou exatamente no portão de embarque do nosso voo, permitiu que o meu carro continuasse na sua garagem e eu fiz questão de simplesmente deixar o meu celular jogado por lá, eu não permitiria que o Michael me encontrasse em brecha nenhuma. A única coisa que o Sterling quis por segurança, era o número da Melanie para conseguir falar comigo quando eu chegasse.

Um desconhecido ainda me ajudou com as minhas malas no desembarque. Enquanto eu segurava a Amara apenas com um dos braços e empurra o carrinho com as nossas coisas ao passar pelos portões, no meio de tantas pessoas não tinha como não reconhecer a Melanie, ou só a sua energia. Ela passava os olhos em todas as pessoas, tentando conter as suas próprias emoções e só de ver ela, eu precisei controlar as minhas. Melanie abriu os braços assim que conseguiu nos encontrar e correu na minha direção tão animada, ainda assustada por estar me vendo, mas completamente animada.

- Normani! - Melanie quase me agarrou com tanta força, esquecendo a Amara, seus olhos se arregalaram ao tentar conter tanta energia e olhou para a Amara ainda mais assustada. - Meu Deus, bebê. Eu imaginei tanto esse dia, o dia que eu te conheceria! eu tô em choque. - Ela não sabia como reagir e me olhou perdida, confusa e ainda procurando algo. - Você me deixou em choque, como me avisou de uma hora pra outra que estava prestes a chegar aqui, na Espanha?! - Ela segurou firmemente os meus ombros e eu engoli em seco. - Cadê o Michael?

Eu não tinha respostas, porque nem mesmo eu sabia como olhar para a Melanie agora. Eu não imaginava que eu encontraria ela nesse momento, logo desse jeito. Ela me olhou ainda esperando, sem conseguir entender. Então, eu só consegui balançar a cabeça negando devagar e ela respirou fundo, olhando friamente nos meus olhos que já estavam sendo tomados pelas pequenas lágrimas e ela me abraçou, com muito mais cuidado ao tocar também na Amara.

- Eu vou matar aquele filho da puta. - Melanie sussurrou no meu ouvido. - Vou poupar a Amara ouvir alguns palavrões, mas não tenha dúvidas que a titia aqui vai ensinar os melhores à ela. - Melanie tentou pegar a Amara e eu acabei ajudando. - Você não tem culpa de nada, lindinha. O seu pai parecer ter, mas você definitivamente não. - Ela resmungou mais ao acariciar o rosto dela. - Eu sonhei com o momento que te encontraria! Eu imprimi todas as fotos que sua mãe me enviou, eu tô louca para tirar algumas selfies com você.

- Você não existe, Melanie. - Suspirei, mas ela balançou a cabeça tentando ao menos sorrir com mais confiança ao me olhar.

- Eu disse que eu cuidaria de você. Agora, irei cuidar das duas. - Ela respondeu baixinho, acariciando meu rosto logo em seguida. - Vem, vamos! Eu não quero ter que pagar a taxa de estacionamento que é um absurdo.

Melanie empurrou a minha mala enquanto eu mantinha a Amara nos meus braços de novo, uma das formas que eu mais conseguia distrair ela com o barulho massivo em todo o voo e principalmente aqui no aeroporto era com a chupeta, mas mesmo assim ela ainda cuspia pra fora, ao rejeitar na maioria das vezes. Melanie até tentou disfarça bem mais o seu olhar curioso e preocupado em mim, enquanto destrava seu carro e colocava as nossas coisas no seu porta-malas, entrei no banco de trás com a Amara já querendo mamar mais uma vez, Melanie se apressou rapidamente ao assumir o volante, se afastando do aeroporto.

- Eu já posso questionar o que te trouxe até Madrid dessa forma? Não que eu não esteja feliz por ter ver e conhecer a Amara, só estou tentando não me preocupar mais. - Melanie perguntou baixinho, disfarçando o seu olhar no trânsito, mas me encarando pelo retrovisor. - As pessoas costumam comentar que o primeiro ano de casamento é um dos mais difíceis e com um recém-nascido, sei que pode se tornar o mais aterrorizante.

Crazy In Love IIOnde histórias criam vida. Descubra agora