Nunca botei muita fé no amor ou em milagres

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Lakeith Stanfield

Antes de anoitecer continuava sendo o melhor horário pra fumar a minha erva em paz, apesar do trabalho. Entre uma venda e outra, os olhos na rua e o alerta de emergência, ainda dava pra se aproveitar de muita coisa. Tínhamos uma viagem marcada e para estar em família, tínhamos ainda muito lixo pra limpar e conseguir tirar um dia ou mais, antes que eu pudesse suspirar e já dizer que eu tava cansado antes de começar, Donald apareceu dando um tapa nas minhas costas e eu acabei me engasgando ao invés de tragar.

- Eu amo fazer isso. - Donald começou a rir e eu o encarei franzindo o cenho. - Viaja não, desfaz essa cara de lesado. - Ele tirou o baseado da minha mão e colocou na merda da sua boca, puxou e segurou.

- Eu iria tirar essa dúvida... Quando a gente se torna pai, a gente tem que parar de fumar maconha? - Perguntei confuso e ele revirou os olhos, soltou e me devolveu o baseado.

- A gente não para com muita coisa não, irmão. - Donald resmungou e eu suspirei aliviado. - Mas é bom que o mais esperado é ganhar um pouco mais de responsabilidade. - Ele completou e eu coloquei a mão no peito, ainda aliviado. - Então, você já sabe se realmente é o pai?

- Fizemos o exame na semana passada e tamo aí esperando, eles coletaram as minhas amostras de DNA. Nem acredito que tive que ficar tanto tempo sóbrio, mas sei lá, acho que tô confiante. - Murmurei confuso, dei mais um trago e Donald me olhou sério. - De qualquer maneira não vou largar a Ashley, então tecnicamente eu vou virar um meio pai.

- Isso é verdade. - Ele cruzou os braços e se encostou na frente do meu carro ao meu lado, sorriu e deu dois tapas nas minhas costas novamente. - Tô orgulhoso de você, irmão. Por você ter encontrado a sua garota e prestes a construir grandes coisas com ela, isso é impagável.

- Foram 30 anos de espera. - Resmunguei e acabamos rindo juntos. - Milagres podem acontecer, até para os demônios.

Apaguei o baseado e respirei fundo, logo apareceu um dos nossos. Eu estava com o carro estacionado na frente de um dos nossos bares, o que sobreviveu da putaria da Jorja Smith. Me desencostei do carro assim que o cara já se aproximou mais dando alguns sinais, seus olhos já denunciavam exatamente o que ele queria e Donald ficou em alerta rapidamente.

- Stanfield! - Marlon me cumprimentou como toda as vezes e tocou na minha mão. - O de sempre, por favor.

- Aqui, meu mano. - Respondi ao apertar a sua mão em seguida, tirei do bolso do meu jeans à quantidade ideal reservada pra ele, passei o pacote de cocaína e o mesmo sorriu ao me entregar o dinheiro.

- Tá mais difícil de tirar diretamente com vocês, cadê os manos na rua? - Ele cochichou ao guardar o pó no bolso do seu moletom e eu balancei a cabeça.

- Tiramos os garotos da rua por enquanto, os porcos estão em festa. - Murmurei e ele balançou a cabeça assentindo da mesma maneira. - Avise aos mais próximos, estamos indo pelas beiradas novamente.

- A maioria não quer mais tirar com vocês. - Marlon respondeu de forma desconfortável, olhou através de mim e fez um sinal para o Donald, o mesmo correndo correspondeu e em seguida ele olhou pra mim novamente. - Tá arriscado desse lado, eles estão visando vocês demais. Tamo por fora, mano.

- O nosso continua sendo o melhor. - Garanti e ele concordou. - Vamos voltar, estreando coisa pesada e reabrindo os nossos pontos, fiquem atentos.

Crazy In Love IIOnde histórias criam vida. Descubra agora