O amor é mais profundo do que a sua dor e eu acredito que você pode mudar

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Por ser a primeira noite em casa, não foi assim tão ruim. Não foi como se eu tivesse pesadelos, o meu pior pesadelo já estava acontecendo mesmo acordada. Eu fiquei inquieta, me mexendo e me revirando na cama, sentindo o cheiro dos nossos lençóis e principalmente o cheiro dele, todos os outros detalhes do nosso quarto não me ajudavam. Eu quase chorei, ainda que pouco, mas foi quase antes mesmo de conseguir pegar no sono e não consegui entender o porquê disso tudo estar acontecendo entre nós dois. A minha melhor escolha sempre foi você, Michael. Eu não queria sentir arrependimento, o meu coração continua sendo seu, por mais que eu não queira.

Antes de amanhecer, eu já estava acordada outra vez. Pela babá eletrônica ao lado do abajur, eu observei por longos e incansáveis minutos o Michael no quarto da Amara, próximo ao berço. Desde que eu dei banho nela ontem à noite e a troquei, aproveitando para conseguir amamentar de forma mais calma e tranquila, quando deixei ela no berço ele não se desgrudou mais dela. E antes de eu conseguir me levantar, eu aproveitei para responder algumas mensagens no meu celular, principalmente as mensagens da Melanie e da Ashley, alertando novamente que estávamos bem. Sterling tinha enviado mais algumas mensagens, talvez depois eu tento ligar para ele e contar que eu já estava de volta. Me levantei da cama e fui em direção ao banheiro, lavei o meu rosto e escovei os dentes, penteie o meu cabelo. Eu já estava com fome, fui ao closet apenas para pegar um dos meus robes e vesti por cima da camisola que eu usava.

Olhei para a babá eletrônica novamente e dessa vez o Michael não estava mais no quarto da Amara. Peguei o aparelho e sai do quarto, claro que fui primeiro no quarto da própria Amara, abri a porta devagar e ela ainda estava dormindo tranquilamente, as poucas vezes que ela acordou nessa noite foi o Michael quem cuidou dela. Eu beijei seu rostinho e suas mãozinhas, sai do quarto ainda em silêncio e respirei fundo, queria ir até à cozinha e arrumar um jeito de evitar o Michael, mas não tinha escolhas. Eu só esperava que ele tivesse ido para o seu escritório, sei lá. Desci as escadas e pelo menos pude notar que a sala de estar estava até então vazia, coloquei a babá eletrônica na mesinha de centro, mas escutei algo caindo na cozinha e assim que ergui o olhar, Michael estava lá. Por estar de costas ele não percebeu a minha presença, parecia estar fazendo alguma coisa e estava sem camisa, talvez ele estivesse indo sair para correr e eu respirei fundo ao me aproximar devagar, percebendo o kit de primeiros socorros na bancada, ele estava refazendo um curativo na sua cintura.

- O que aconteceu? - Questionei um pouco mais alto, Michael se virou no mesmo segundo ao pressionar o curativo na sua cintura e eu franzi o cenho, principalmente ao notar todos os outros cortes e até então, feridas no seu abdômen.

- Uns dois dias atrás teve uma operação de alguns policiais em uma das nossas áreas. - Michael praticamente resmungou ao responder, pressionando o curativo contra a sua pele e fazendo uma careta que eu definitivamente não sabia se era pra mim, ou pelo machucado.

- Delegado Urban? - Perguntei ainda confusa, mas ele balançou a cabeça um pouco incerto e eu suspirei, me aproximando mais.

- Talvez, mas não foi nada além de algumas trocas de tiros. - Ele respondeu. - E o Urban foi oficialmente afastado do departamento, perdeu o seu posto. Uma hora dessa ele deve estar fugindo com a família com o rabo entre as pernas, ele sabe que se permanecer em Los Angeles sem o mínimo dos seus soldadinhos, eu caço ele.

- Como ele foi afastado? - Perguntei confusa e Michael deu de ombros, quase se virando novamente para alcançar uma outra compressa desses gazes esterilizados.

- John deu um jeito. - Ele disse com mais indiferença e eu engoli em seco.

Ele pegou uma pomada para queimaduras, mas só usando uma mão parecia se tornar a coisa mais complicada do mundo. Respirei fundo, tocando nas suas costas e tirando a pomada da mão dele, Michael olhou pra mim no mesmo segundo, mas eu não ergui meu olhar e ele se virou pra mim, assim que ele tentou afastar a compressa percebi que era um corte definitivamente fundo e que não estava totalmente cicatrizado, não sei o que passou na cabeça dele em não procurar um médico, mais uma cicatriz entre tantas.

Crazy In Love IIOnde histórias criam vida. Descubra agora