Um pouco mais perto

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Esqueceram de me contar sobre algumas coisas nessa última fase. A dificuldade de dormir, as falsas contrações, a falta de ar, as ondas de calor e as alterações de humor que ainda oscilam de uma forma tão mais rápida, o desconforto e todo o peso, o cansaço me sobrecarregava. Nesses meus últimos dias, eu passei tentando terminar de organizar as últimas coisas para à chegada do meu bebê, Donna e Zazie tem me ajudado perfeitamente bem nisso. Conseguir se preparar para o parto e prestar atenção aos sinais é tão importante nesse momento da gravidez que me assusta, as idas até a clínica aumentaram junto com os últimos e mais importantes exames, mas estávamos bem.

Eu me aproximei mais uma vez do berço, que tinha acabado de chegar nessa manhã junto com os outros móveis que já foram montados e todos os últimos detalhes pareciam prontos, para receber o motivo da minha mais nova ansiedade. O quarto permaneceu ainda completamente claro, em tons neutros e tudo levado ao branco, com alguns toques em dourado e mesclando com os tons em madeira. Eu respirei fundo pela milésima vez ao passar as mãos pelo enxoval que já estava no berço, a Donna tinha acabado de deixar tudo aqui impecável antes de sair. Ainda não consigo acreditar, talvez eu só acredite quando esse bebê estiver nos meus braços. Eu sinto medo só de imaginar, mas se eu conseguir ser para você, meu filho, o que a minha mãe foi pra mim. Eu vou conseguir.

- Tá tudo bem? - Escutei a voz baixa do Michael atrás de mim, no mesmo segundo que senti o seu toque no meu ombro eu me assustei. - Calma, linda. Sou só eu.

- Eu tô bem. - Respondi e passei a mão pelo meu rosto para se livrar mais uma vez das lágrimas antes que ele pudesse ver, me virei e acabei largando um dos travesseiros do berço que estava na minha mão, Michael franziu o cenho ao me olhar e sua mão desceu até a minha barriga. - É só a mesma ansiedade de sempre.

- Você sabe que basta ligar para a sua médica e ela acaba com toda essa espera. - Ele murmurou e eu balancei a cabeça negando.

- Eu não estou ansiosa em querer saber o sexo do bebê, você deveria parar de tentar me convencer disso. - Resmunguei, quase sem graça. - Eu só não consigo parar de imaginar que um bebê pode simplesmente chegar à qualquer momento nas nossas vidas. - Suspirei ao olhar nos seus olhos. - E se for o nosso Apollo? Agora estamos tão mais perto.

- Vamos saber, meu amor. Só que em alguns dias, ou ainda semanas. - Ele murmurou novamente e eu respirei fundo, sendo abraçada mais uma vez e sentindo os seus beijos no meu pescoço. - Se você não estiver se sentindo tão bem para sair, acho que a sua amiga Ashley entenderia.

- Você não conhece mesmo a Ashley. - Balancei a cabeça negando ao afastá-lo. - E nem o estado emocional atual dela, é claro que ela não entenderia. Precisamos ir.

Com a chegada do Caleb, Ashley estava passando por um período pós-parto assustador e difícil, são detalhes que nunca passaram na minha cabeça, ou na dela. Tudo era novo. E a sua energia só foi caindo, juntando com toda a preocupação dos primeiros dias e semanas de vida do seu bebê, somente agora nesses últimos dias ela está conseguindo voltar a ser um pouco mais ela mesma. Estávamos sempre por perto, agora com esse desejo dela de ter todos por perto e celebrar ainda de forma íntima o primeiro mês de vida do Caleb com um jantar. Fora todo o distanciamento que ela estava recebendo e enfrentando dos seus pais, a última coisa que minha amiga precisava era se sentir sozinha nesse momento. Os pais da Ashley não estavam mais nem mesmo tentando entender as mudanças na sua vida, desde a sua relação com o Lakeith e agora com a chegada de um filho. Era mesmo uma nova vida.

Michael deixou o quarto assim que me beijou outra vez e por mais que eu não quisesse sair desse quarto, que se tornou um pedacinho dos céus na nossa casa. Precisamos mesmo ir. Mas eu facilmente conseguiria passar o resto da noite ainda aqui, admirando mais o berço, os móveis, os quadros, todas as pelúcias e cada brinquedinho, organizaria mais mil vezes todas as roupinhas e abraçaria cada uma delas no meu corpo, para sentir esse cheirinho gostoso que lembrava os cheirinhos de bebê, algo perto de um aroma delicado de flores e voltaria diversas vezes nos meus próprios sonhos para continuar te encontrando, meu bebê. Antes que o Michael me apressasse, eu já estava pronta na verdade. Nada diferente, mais um dos meus vestidos longos, que ainda era um dos únicos que cabia em mim e minhas botas de sempre, só peguei um casaco ao deixar o quarto do bebê. Michael já estava me esperando no hall de entrada, ele segurou minha mão assim que eu o alcancei e entramos no elevador, descemos até a garagem.

Crazy In Love IIOnde histórias criam vida. Descubra agora