Crazy In Love II

Eu espero que o céu tenha te dado uma segunda chance

Não tínhamos notícias. Eu simplesmente cai no sono nessa noite da pior forma, sem nenhuma notícia. Quando acordei antes mesmo de amanhecer, o Michael ainda não atendia as minhas ligações, as tentativas entre as ligações só marcavam fora de área, nem os outros tinham informações sobre o que aconteceu na operação em Nova York. Sem notícias. A única coisa que o Daniel foi capaz de confirmar, foi o voo de emergência que eles fizeram nessa mesma madrugada e se não fosse por um dos funcionários responsáveis pelo jatinho particular, não saberíamos que eles já estavam voltando e já deveriam estar em Los Angeles. Eles não passaram nem mesmo 24 horas em Nova York, alguma coisa aconteceu, mas até agora ninguém consegue entender.

Eu levantei da cama pela segunda vez completamente agoniada, não conseguia simplesmente esperar amanhecer desse jeito torturante. Eu estava passando mal, os lanches que eu acabei comendo com a Ashley não me fez muito bem, eu coloquei tudo o que ainda restava para fora outra vez. Minha cabeça pesava e o cheiro de qualquer coisa se tornou mais insuportável. Lavei meu rosto diversas vezes, escovei os dentes mais uma vez e tentei respirar fundo, meu celular já estava na bancada de mármore no banheiro. Eu estava esperando qualquer ligação, mas até agora nada. Sai do banheiro com mais receio, olhei para as paredes de vidro na nossa suíte, entre as cortinas abertas, eu não aguentava mais ter esperar amanhecer para ir atrás deles. Puxei meu robe na poltrona mais próxima, eu o vesti apressadamente ao disparar para fora do quarto e senti aquela velha tontura ao praticamente pular o último degrau. Meu Deus, o que tá acontecendo?

Respirei fundo ao tentar me equilibrar, disparei pela sala de estar, mas assim que escutei o som do elevador o meu coração disparou em outro sentido. Arregalei os olhos, com toda a cobertura ainda levemente escura, com a única claridade do nascer do sol, que refletia entre os espelhos pelo resto dos ambientes. Recuperei o fôlego ao correr para o hall de entrada, quem poderia ser? Eu precisava de qualquer notícia. Assim que as portas do elevador se abriram, eu encontrei o Michael. Ele ergueu o olhar no mesmo segundo, seu rosto estava completamente sujo não só de suor, mas principalmente de sangue seco e moletom que ele usava estava em um estado pior, os seus olhos estavam cansados além de perdidos. Eu franzi o cenho ao encontrar ele desse jeito, acabei soltando o meu celular e deixando cair no chão, mas quase tentando suspirar de alívio por encontrá-lo.

- Michael, eu estava tão preocupada! Eu não consegui nem dormir nessa noite, vocês desapareceram sem dar notícias. - Disparei cada palavra confusa ao encarar ele e o mesmo engoliu em seco, se mantendo ainda mais rígido ao dar um único passo para fora do elevador. - O que aconteceu?

- Eu perdi o Donald, Normani. - Ele respondeu baixo, quase sem voz de tão rouco. - Nós perdemos o Glover. - Ele tentou dizer mais uma vez ao me olhar seriamente e eu arregalei os olhos, mesmo ainda franzindo o cenho.

- Como assim nós perdemos o Donald? - Questionei sem entender absolutamente, mas seus olhos mudaram completamente ao nem mesmo conseguir me encarar diretamente e ele não me respondeu, eu engoli em seco.

Michael colocou as mãos na cabeça ao tentar procurar pelo ar e soltou um grito entre os seus dentes. Sendo tomado pela fúria, ele se virou ao quer querer se esconder e tentando conter todas as essas sensações, meu coração acelerou no mesmo segundo que ele fechou a mão em punho e socou à parede. Uma, duas e três vezes, fazendo um dos quadros do hall de entrada cair e empurrou a mesa alta de vidro mais próxima, derrubando o único arranjo no chão. Eu senti minhas mãos começarem a tremer em cada palavrão que saía rasgando pela garganta do Michael, de um jeito incontrolável, enquanto ele tentava quebrar e socar qualquer coisa que estava na sua frente, acertando até mesmo as portas de aço do elevador. Eu tentei me aproximar, tocar na suas costas, mas ele me afastou de um jeito completamente violento enquanto as suas lágrimas caíam.