Athera nunca quis mais do que uma vida tranquila ao lado de sua família, e agora, depois do fim da guerra que deixou traumas, marcas e cicatrizes, ela decide finalmente tentar.
A imediata do grão-senhor mais poderoso do país vai em busca de liberda...
É escuro, os sons são vazios e o vento beija o rosto pálido de bochechas vermelhas da garota de olhos azuis e lábios trêmulos.
Ela impulsiona seu corpo pequeno pelos pés, se segurando com a ponta deles, os olhos grandes piscam e brilham. A lua a seduz e canta canções de ninar. Sua mãe chora no andar de baixo enquanto ela mal está de pé. Ela sorri e respira.
A lua sempre fora seu astro favorito. Os cheiros e as sensações. Ela quase esquece que o pai está morto, que a mãe não se lembra mais que ela existe. Ela quase esquece quando a lua canta pra ela.
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Eu ajusto meu uniforme e me olho no espelho uma última vez. Meus cabelos presos em tranças, o tecido justo se colando a pele. Meu rosto, meus dedos. Tento respirar mais compassadamente, repasso o plano em minha mente de novo.
Está tudo bem, eu estou bem, eu não sou culpada, minha família está comigo.
Azriel surge atrás de mim, o uniforme recém colocado lustrando com os sifões posicionados, ele passa um braço em minha cintura e beija meu pescoço, me perco por um momento na sensação de sua pele, da ponta de seus dedos, de seus lábios macios em mim. Tudo está bem, ele está aqui.
- Nós vamos fazer isso. - Ele murmura.
Olho nosso reflexo no espelho, todas as partes de nós se encaixando como um quebra-cabeças perfeito. O antebraço na curva da minha cintura, o rosto no vão do meu pescoço, os lábios em minha pele.
- Sim, nós vamos. - Eu concordo.
Nós precisamos.
Estamos todos juntos, os grupos, os líderes. Na frente do acampamento, organizamos nossas locações, os agrupamentos que vão descer pelo mar e os que vão por terra. Temos pouco tempo, iremos dividir a magia por partes, as veelas vão cuidar de nos ocultar pelo mar, os grupos de terra vão correr pelas depressões. Vamos estar lá em pelo ou menos três dias.
Elas estão lindas.
É a primeira coisa que penso quando as vejo. Em seus uniformes, arrumadas, armas ao lado do corpo, asas abertas. Menos uma. Estão lindas e vão planar comigo, Azriel e Cassian de quatro em quatro horas para observar o estado geral do caminho. Prescrutar possíveis armadilhas. Os corpos eretos, os olhos vidrados.
Narcissa está com os cabelos trançados até a nuca e soltos pelas costas, as asas farfalham atrás do corpo, ela sorri. Ela é tão forte, tão linda. Elas são poderosas, são o motivo, meu desejo e meu projeto desde que eu me salvei. Elas estão curadas, são boas, essencialmente boas. Meu sorriso esconde a culpa e a saudade das que ficaram atrás de nós, eu sinto falta delas. De cada uma delas. Dói como o inferno ainda, ainda lembro de seus rostos, de seus olhos e das formas particulares de suas asas.