Athera nunca quis mais do que uma vida tranquila ao lado de sua família, e agora, depois do fim da guerra que deixou traumas, marcas e cicatrizes, ela decide finalmente tentar.
A imediata do grão-senhor mais poderoso do país vai em busca de liberda...
A garota de pele pálida e bochechas rosadas observava o corpo morto da mãe, parada na porta.
As gotas de suor corriam pelas costas do treino de arco de flecha e ela estava paralisada. Ela não estava surpresa, sabia que cedo ou tarde ela morreria, na verdade, era impressionante que não havia se matado. A garota se aproximou do corpo da mãe, um sorriso suave esboçado em seu rosto exausto, ela estava pálida e parecia dormir.
Ela tinha quinze anos. Ela era uma garota. Mas ainda assim, segurou o corpo flácido e frágil nos braços e a levou para descansar.
Gotas suaves tocavam seu nariz. Estava chovendo. Mas as gotas podiam ser confundidas pelas lágrimas que corriam e deixavam seu rosto morno. Ela limpava a terra das mãos. Havia enterrado sua mãe.
A lua estava tão grande aquele dia, adornada de estrelas como um colar em um pescoço. Ela sentia o chamado suave, seu nome murmurado. Ela piscou, sorriu.
Não dormiu, até que o primeiro raio de sol brotasse nos céus da cidade estrelada, ela observou o céu.
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Quando as ataduras saíram, eu finalmente vi minhas mãos. Estavam ladeadas de cicatrizes novas, ainda vermelhas e irritadas. Minhas palmas, meus dedos, por todo lado.
Azriel estava na minha frente, com o uniforme todo no corpo, segurando minhas mãos nas suas enquanto eu as observava. Nossas mãos estavam parecidas. As circunstâncias eram diferentes, bem como os tipos das cicatrizes. As dele eram macias, antigas, quentes ao toque e repuxavam sua pele. As minhas eram finas, cortes profundos que eu fiz questão de lavar com água do mar para ficarem.
Ergui os olhos e vi seu rosto, ele havia tirado a barba. O maxilar delineado e a pele macia. Toquei seu ombro com a mão, fechei os olhos. Me deleitei na sensação quente e suave, minha pele queimou em brilho e eu afastei a mão.
Ele sorriu.
- Você voltou. - Ele murmurou.
Eu quis encostar a testa em seu peito e sentir seu cheiro.
- Casa. - Eu disse, pressionando os dedos nos dele.
Ele sorriu novamente. Era tão... lindo. As curvas dos lábios, os dentes.
Saímos do quarto e foi como levar um tapa na cara. A luz do dia, o vento, as gotas de água do mar que voavam até o rosto, vida. O mundo estava vivo e operando fora das paredes do quarto. O barco estava cheio. Illyrianas, homens, feéricos.
Um baque oco e antes que eu pudesse piscar, Cassian estava na minha frente. Alto, os cabelos caindo pelos ombros, o sorriso no rosto. Minha nossa... como eu senti a falta dele.
- Olá, estrelinha. - Ele ronronou.
Dei um tapa em seu peito e ele me tomou nos braços, me confortei na sensação de seu abraço, seu cheiro quente e forte. Pele com pele. Meu irmão.
Caminhamos até a sala de reuniões atrás das velas enormes e entalhadas com arabescos e símbolos da corte noturna. Eu pisquei dentro da sala, desacostumada a ver tantas pessoas, olhos, poder e corpos.
Mapas se estendiam pela mesa, listas e nomes. Eu parei, mas nada mais parou e eu precisava agora recuperar o tempo. A presença de Azriel sempre atrás de mim, segura, familiar.
- Você parou de brilhar, então. - Rhysand disse, atrás de Feyre com um sorriso delineando os lábios.
Azriel segurou minha mão entre os dedos e eu olhei para nossas mãos unidas. Sem brilho.
- Acho que... - eu disse, processando minhas teorias - eu estou transbordando em poder novo, antigo e poderoso, esse poder desconhecido em minhas veias e quando... quando me concentro na sensação de familiaridade que Azriel me dá, pode ser um gatilho.
Fellas se aproximou, os cabelos brilhando sob um feixe de luz do sol.
- E que gatilho - ele disse - você brilhava como o sol, princesa, era difícil até te olhar.
Me lembrei do que havia feito, mesmo sem querer. Tirei nossa proteção... nosso fator surpresa.
- Merda - grunhi - eles nos viram, não viram?
- Não acho que tenham visto, foi rápido, e quando percebi seu brilho, explodi em sombras e nossos poderes lutaram por visibilidade, viramos neblina, foi difícil, inclusive estou exausto.
Eu sequer havia sentido isso.
- Eu restitui o escudo, estamos protegidos agora. - Thesália disse.
Bom... então nós não estamos expostos.
Repassamos o plano. Era bom estar com eles. Dizem que só se reconhece o valor de algo até estar sem, diante disso, talvez eu não tenha dado crédito o suficiente a minha família. Não sabia como havia sentido falta da voz de Rhysand, de seu tom de fala, do timbre melodioso de Mor, dos olhares reconfortantes de Fellas.
Eu ainda me sentia triste. Além da tristeza, eu estava exausta... tão... tão cansada. Mantinha meus olhos abertos por pura força de vontade.
Azriel e eu estávamos juntos na proa em um dos navios imponentes da corte noturna, um dos poucos. Os outros dez, alguns de Fellas, alguns de Thesália, flutuavam em nosso encalço. A brisa beijava minhas bochechas, meus cabelos voavam. Estávamos dolorosamente perto. O canto da batalha rugia em meu sangue.
Iriamos parar na costa, as veelas ficariam nos seus barcos e na água, acamparíamos, dividiríamos nossos exércitos, mais da metade oculto nas depressões das montanhas, nas florestas, na água. Eu, Azriel, Rhysand, Fellas e Helion iríamos com uma parte reduzida da frota até o pico montanhoso que dividia os estepes do acampamento e convocaríamos eles.
Quando Beron, o rei Tebas e os malditos deuses subissem a colina, enganaríamos seus sentidos, correndo de um lado para o outro, ficariam loucos.
Como um idiota previsível, muito provavelmente ele desejaria atacar nossa costa, onde os navios estavam. Então desceriam aquela depressão e estariam cercados. Sairíamos de todos os lugares, mar, florestas, ar, depressões afastadas.
Então comeríamos seus corpos e destruiríamos suas almas.
Eu repousei a cabeça no ombro de Azriel e fechei os olhos. Senti seus braços me erguendo e então eu estava em seu colo, o sono chegou sorrateiro e eu não percebi... só fui levada a terra dos sonhos.