SETENTA E CINCO

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O mundo todo vai ouvir a canção da vida
Quando a portadora da luz voltar pra casa.

Eu tinha o total de doze novas cicatrizes pelo corpo ao final do primeiro dia de batalha

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Eu tinha o total de doze novas cicatrizes pelo corpo ao final do primeiro dia de batalha.

Meu corpo latejava dolorido em tantas e tantas pequenas partes que me mover cada passo era uma luta. Passo após passo.

Entretanto, pessoas morreram. Pessoas perderam membros, asas, pessoas estão bem piores que eu. Desse modo, eu posso ignorar minhas doze novas cicatrizes e curar quantos me fosse possível. Mesmo sob pedidos de Azriel, Fellas, Feyre e até Narcissa, para que eu descansasse, eu continuava ali mesmo no alto da madrugada. Curando, ou apenas proporcionando uma passagem para o além-mundo sem dor.

Coisas mudaram em mim, era necessário assumir. Eu me sentia mais conectada as curas. Antes, quando deitava mãos sob uma doença ou ferida, sentia a pessoa, batidas abafadas de seu coração e o sangue bombear, quanto mais conectada a essa pessoa eu fosse, mais claras eram as sensações corporais que eu sentia. Por exemplo, ao curar Cassian, quando esse fraturou gravemente as asas na guerra contra Hybern, eu sentia meu corpo dolorido, principalmente na ponta dos dedos, joelhos e onde as terminações nervosas se concentravam. Isso porque Cass é meu irmão e eu sou muito próxima a ele.

Agora, tudo é novo. Quando estendi as mãos sobre o primeiro ferido, choraminguei de dor e quase cai de onde estava. Meu poder se expandiu e agora, ao curar os feridos, eu sinto cada pequena parte de seu corpo. Seu coração bate e lateja em meus ouvidos, seu sangue é quase um rio me emergindo. As dores da ferida pulsam nas veias da minha testa, meu corpo arde e meus olhos lacrimejam.

Mas eu continuo. Suporto as dores e com o tempo... elas se tornam melhores. Grunhidos a menos a cada doente, cada vez mais rápido e eficiente. Eu estava me machucando, sentindo uma dor anormal ao curar as pessoas... mas perto de proporcionar-lhes a vida, uma cura completa ou um auxilio, minha dor não é nada.

Bom... algumas coisas não mudam, certo?

As horas correm entre gritos de dor e mãos estendidas. Quando a madrugada está alta e temos pouquíssimas horas até o próximo ataque, sinto as mãos de Rhysand em meu ombro, me viro e ele parece acabado.

- Se você não for dormir agora, Athera, eu vou te apagar. - Ele diz, me encarando com cansaço e perspicácia.

- Rhysand, ainda existem muitas pessoas...

Ele ergue a mão.

- Olhe para mim, vamos - ele diz, segurando meu rosto entre as mãos - temos muitos curandeiros aqui, e se você não descansar e cuidar das próprias feridas, não vai conseguir lutar amanhã... e sabe que não podemos fazer isso sem você.

Não podemos fazer isso sem você.

A frase ecoou nas paredes da minha mente e eu pisquei repetidamente para espantar as lágrimas. Me empertiguei e balancei a cabeça. Eu podia... sim, um pequeno diálogo sobre a próxima estratégia e descansar um pouco, certo? Eu acho... bom, sim, eu posso.

A Corte de Luz e Sombras (FINALIZADA)Onde histórias criam vida. Descubra agora