''- Coração de fogo, por que está chorando?
- Porque estou perdida e não sei o caminho.''
(Sarah J. Maas)Afogando.
Acima de qualquer ajuda.
Afogando. Afogando. Afogando. Afogando. Afogando. Afogando. Afogando. Afogando. Afogando. Afogando. Afogando. Afogando. Afogando. Afogando. Afogando. Afogando. Afogando. Afogando. Afogando. Afogando. Afogando.
O ar fugindo dos pulmões, a queimação incessante na garganta, as lágrimas ladeando os olhos, pernas frágeis, ossos quebrados e corpo diminuído a pó.
Como eu ainda estava viva?
A pele marrom, os olhos grandes e castanhos, os cabelos pretos molhados de sangue. Sangue por todos os lados, sangue nas vestes, sangue nos lábios, sangue nos dedos, sangue nas bochechas, sangue escorrendo pelo queixo. Muito sangue, muito sangue.
De joelhos na grama, vagamente ciente do mundo ao meu redor, vagamente ciente das minhas mãos, vagamente ciente do ar, do céu, da luz do sol. Meu mundo se reduziu a ele, respirando com dificuldade em meus braços. Ele era tão grande, mas ele se encaixava tão bem em mim, entre meus braços, com os olhos brilhando.
Os cortes expunham pele, carne dilacerada, costelas quebradas. Asas se comportavam em minhas coxas, o sangue molhava minha pele, o sangue dele, espirrando em meu rosto, empapando minha roupa. O sangue dele. O sangue dele.
A vida que se esvazia de seu corpo era quase visível, era sol, era mundo.
Seu nome era Cassian. Ele era meu irmão. Ele estava morrendo.
- Athera... - Ele balbuciou, se engasgando com o sangue, a garganta rouca se embolando em pouca voz.
E eu estava me afogando. Era simples, eu não tinha mais ar e não sentia mais nada, seus olhos queimaram nos meus, ele me olhou tão profundamente.
- Oi Cass - eu disse, passando a mão em sua testa - eu sinto muito, eu sinto tanto, eu nunca quis, eu prometo, eu te prometo que eu nunca quis isso.
Ele piscou e lágrimas caíram de seus olhos. Eu estava tão desesperada, estava tão perdida e acima de qualquer ajuda, acima de qualquer saída. Sem ele eu não era nada, meu irmão, ele... minha nossa.
- Está tudo bem - ele disse, sua voz era cada vez mais baixa e ele respirava cada vez com mais dificuldade - eu... eu estou com medo de morrer.
Foi aí que eu me parti, que me quebrei em inúmeros pedaços. Me estilhacei. Peito e alma com o corpo quase morto de meu melhor amigo nos braços.
- Você não vai, não vai morrer, eu juro. - Eu disse, perdida em minha voz, colocando a mão em sua ferida, tentando salvá-lo.
Eu não poderia perdê-lo também. Não depois de Vivian. Não depois de tudo. Não ele, não mais ele.
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A Corte de Luz e Sombras (FINALIZADA)
Viễn tưởngAthera nunca quis mais do que uma vida tranquila ao lado de sua família, e agora, depois do fim da guerra que deixou traumas, marcas e cicatrizes, ela decide finalmente tentar. A imediata do grão-senhor mais poderoso do país vai em busca de liberda...