Athera nunca quis mais do que uma vida tranquila ao lado de sua família, e agora, depois do fim da guerra que deixou traumas, marcas e cicatrizes, ela decide finalmente tentar.
A imediata do grão-senhor mais poderoso do país vai em busca de liberda...
Eu não tenho medo do mundo e sei que não sou mais a garota que se assusta com os monstros espreitando debaixo da cama, eles quem se escondem de mim. E eu sei.
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Lucien estava caminhando na neve com botas pesadas, reconheci logo como as que eu dei a ele, três jaquetas e uma calça.
- Lucien? – Eu gritei seu nome.
Ele acenou com a mão e começou a subir a montanha até mim, minutos depois, se aproximou, o olho bom brilhando, a boca e o nariz vermelhos do frio os cabelos vermelhos salpicados de branco da neve, ele sentou-se ao meu lado.
- Olá, Athera. – Ele disse, sentado, com dedos tremendo.
Olhei pra ele e usei uma faísca do meu poder para criar uma redoma de ar morno, ele inspirou fundo e mexeu os dedos.
- Melhor agora, certo? – Eu perguntei, sorrindo pra ele.
- Sem sombra de dúvidas. – Ele afirmou – mas o que faz aqui?
Eu arqueei a sobrancelha e respirei fundo, olhando seu rosto, o olho de metal e o verdadeiro.
- Espairecer, aqui é bonito. – Eu falei. Ele sorriu.
- Quando se pode voar, tudo parece mais simples, certo? – Ele disse, a voz com um tom sarcástico que me lembrava muito Rhys.
Eu sorri de volta, era simples estar com Lucien, por algum motivo eu me sentia tranquila para sorrir, ou franzir o cenho, ou fechar os olhos.
Talvez por que ele soubesse como é... querer alguém que não pode ter.
A conversa se desenvolveu surpreendentemente rápido, ele me contou sobre como estava sendo a estadia com Jurian e Vassa, como eles eram os desgarrados, sempre com esse tom tão irônico e defensivo de quem havia sido muito traído e machucado, e sempre com essa coisa pela metade no olhar, de quem apenas sobrevivia sem ter o que queria.
Mas por alguns momentos eu esqueci tudo o que ocorreu na noite passada e só conversei com ele, contei do acampamento e das fêmeas illyrianas que eles estavam garantindo que fossem treinadas.
- Deve ser uma tarefa mesmo tortuosa – Lucien disse, depois que eu contei sobre a resistência do chefe do acampamento – Devlon é um macho desprezível, e digo isso pelas poucas vezes que interagimos diretamente.
- Nisso não há o que discordar, mas de fato, esse trabalho vai ser tão importante para elas, com isso, vai ser possível que se defendam de machos imundos. – Eu disse, cuspindo no chão ao meu lado.
Os olhos de Lucien brilharam por um momento, ou, bom, o olho bom, o metálico não poderia fazê-lo, e eu sorri por dentro pensando nisso.
- Você vai retornar para Vassa e Jurian? – Perguntei.
