CINQUENTA E UM

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Passado e presente são uma coisa só quando estamos perdidos. 

A casa está cheia

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A casa está cheia.

É maior que a casa da cidade, menor que a casa do vento. 

Feyre, Mor, Lumus, Lucien, Elain e Narcissa estão na sala. Elain está bebendo chá em uma cadeira distante, Lucien me observa com os olhos vidrados enquanto as demais se concentram em trocar ataduras e auxiliar as fêmeas, que estão todas lá. 

Todas as sobreviventes. 

Menos Vivian.

Elas se levantam – algumas não conseguem – e ficam de pé, fazendo uma reverência, eu faço meu máximo para manter a postura ereta e as lágrimas dentro do corpo.

- Senhora, o grão-senhor nos ofereceu sua casa as montanhas para nos recuperarmos, mas pedirmos para ficar até que acordasse, estamos felizes que está bem. – Ela diz, a voz mais firme do que eu já via a visto usar.

Elas deveriam fazer fila para me esbofetear.

 As suas morreram, foi culpa minha. 

Mas elas são soldadas agora, são fiéis a sua general. Isso aquece meu peito, ao mesmo tempo que me assusta e me deixa tão culpada.

Eu me abaixo como posso para retribuir a reverência.

- Vocês não sabem como eu sou grata por isso, pela força de vocês naquele campo de batalha, pela fidelidade que entregaram a mim, a sua corte e aos seus senhores – eu digo, mantendo a voz firme e a expressão confiante – o que aconteceu naquele campo foi horrível, mas não posso mentir para vocês e dizer que acabou, foi apenas o prelúdio e o começo do que enfrentaremos. Mas se permanecerem firmes e unidas, vamos derrotar o inimigo, que não é Beron tão somente, mas toda a crença de nossa inferioridade. – Eu digo.

Elas levam todas a mão ao peito em punho e batem duas vezes. 

Eu faço o mesmo, desço as escadas e começo a conversar com cada uma delas. 

Perdemos onze fêmeas no campo de batalha, contando com Jolene. Algumas sofreram mutilações nas asas e estão passando pelo doloroso processo de recuperação, outras machucaram os braços, os rostos. A situação não é a melhor e ainda assim, eu sei que Beron não vai esperar, pelo contrário, ele vai se aproveitar de nossa fraqueza e cansaço agora mais do que nunca, vai investir com tudo que ele tem.

Só rezo aos deuses que estejamos prontos.

Passo em cada uma das camas improvisadas na minha sala grande, Narcissa e algumas mais feridas ficaram nos quartos extras, mas eles não couberam, e elas se recusaram a sair da casa. Entrego meu melhor olhar de aprovação e confiança, e sei que estou exausta por isso, mas é o que preciso fazer, o mínimo, por tudo que as causei.

Penso em pedir que fujam, que arrumem outro lar e nos deixem para travar a batalha sozinhos, mas seria uma ofensa, agora estamos unidas, antes com minha promessa, agora com sangue dos inimigos que compartilharmos, pedir que me deixem seria como pedir que larguem sua honra aos porcos.

A Corte de Luz e Sombras (FINALIZADA)Onde histórias criam vida. Descubra agora