QUARENTA E SEIS

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Então, quando as coisas ruirem
Vou me lembrar dos dias que sorrimos juntos.

Abro os olhos e viro o rosto, meu corpo está bem, revigorado e tranquilo, isso também me tranquiliza

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Abro os olhos e viro o rosto, meu corpo está bem, revigorado e tranquilo, isso também me tranquiliza.

O cheiro familiar está ali, a escuridão, as sombras, chuvas invernais e madeiras recém cortadas.

Meu parceiro está sentado do meu lado na cama macia, uma análise rápida e estou com uma calça preta e uma camisa de botões azul escura, os pés roçam descalços no lençol, Azriel está lindo, os cabelos ligeiramente úmidos caindo em sua testa, os olhos avelã vidrados no meu rosto, as asas guardadas, os sifões posicionados todos, as mãos tocando meu pulso.

Abro a boca pra falar e sinto a queimação leve na garganta, levanto o braço e toco a pele quente e macia, o maxilar marcado dele, ele está quente demais, mas eu ignoro e puxo seu rosto e ele me beija, os lábios tocando os meus, então o laço em meu peito se encolhe, o fio se estreita e minha magia retumba, o cheiro do inverno se aquece demais, plantas verdes, calor, primavera e fogo líquido, abro os olhos, rejeitando os lábios e quando empurro as mãos no peito do macho em cima de mim.

Ele está sorrindo.

Não é Azriel.

É um macho grande, quase do tamanho dele, mas ligeiramente menor, a pele branca levemente bronzeada, o cabelo louro dourado caindo em cachos pela testa, os olhos tão profundos que dão enjoo, meus olhos se arregalam desesperados e sinto nojo.

Ele sorri com seus dentes brancos demais, ele está com calças claras e uma camisa branca, seus lábios rosados, rosados demais.

Eu procuro o grito e ele não vem, então ele se aproxima e toca meu rosto com os dedos muito quentes.

- Logo você estará comigo. – Ele sussurra.

Sinto a bile subir pela garganta, pelos deuses amaldiçoados, a voz dele parece o som de mil sóis, é límpida, grave e ritmada como uma canção.

Então os olhos dele brilham. Dourado. Queimam como o sol e eu sei que ele não é desse mundo.

É a voz que invadia meus pensamentos, agora com rosto e corpo.

- Seus lábios são... mais macios do que eu pensava. - Ele murmura.

Eu estou presa, meu corpo não se move. Pânico.

Eu fecho os olhos em desespero e coloco a mão no peito, reivindicando minha magia, mas quando os abro e a linha fina de seda está em meus dedos, não há nada além do vestígio quente do hálito do macho.

Meu corpo reseta e eu me encolho.

Azriel passa pela porta, as asas abertas atrás do corpo, os sifões posicionados, os caninos a mostra, os olhos atentos, ele corre até mim e segura meu rosto com as mãos.

A Corte de Luz e Sombras (FINALIZADA)Onde histórias criam vida. Descubra agora