OITENTA

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''Eu daria tudo para ouvir
Você dizer mais uma vez
Que o universo foi feito
Para ser visto pelos meus olhos.''
(Sleeping at Last)

Tendas para recolher, corpos para enterrar, um acampamento para reconstruir, ordens para dar, reuniões para travar e eu me sentia tão exausta que poderia cair a qualquer momento

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Tendas para recolher, corpos para enterrar, um acampamento para reconstruir, ordens para dar, reuniões para travar e eu me sentia tão exausta que poderia cair a qualquer momento. Mas não podia. Aquele era o primeiro passo para refazer o mundo que foi desfeito, que foi refeito a nossa imagem.

Caminhando entre as tendas que se dividiam entre feridos e reuniões de pequenos grupos, eu respirei o ar gelado com a garoa caindo em meu rosto. Depois de ajudar a curar mais pessoas do que eu julguei ser capaz e demorar algumas horas para conseguir parar de queimar o corpo inteiro em chamas como labaredas de poder eu estava indo até a tenda maior onde decidiríamos a volta para Velaris.

Minhas botam batiam a terra enquanto eu pisava, mas antes de entrar para a tenda de reuniões, eu desviei de meu caminho e fui até outra tenda. Grande, densa, onde fumaça saia pelo tecido grosso e os cheiros de limão e alecrim eram predominantes. Eu afastei a lona e senti o calor causticante em mim.

Lucien estava ajoelhado ao lado de onde o corpo de Helion jazia. O nariz vermelho e os dedos traçando pela colcha da cama improvisada. Ele não virou o rosto para me olhar, eu não falei nada. Parei na extremidade da tenda, observei a pira pequena onde queimavam ervas para evitar o cheiro pútrido, calor para a passagem para o além-mundo, sal para a preservação do corpo. Ele era o grão-senhor, teria de ser enterrado em casa.

Ficamos em silêncio por minutos que se estendiam, Lucien fungava as vezes, eu via suas lágrimas molharem o tecido onde o corpo gelado de feições tranquilas repousava. Era isso que eu oferecia, era isso que ele queria. Presença, conforto de alguma forma. Logo depois Narcissa entrou, ela me olhou nos olhos como fizera antes, assim que saímos do campo. Algo em seu olhar era tingido de esperança, ela parecia quase feliz.

Ainda suja da batalha, ajoelhou-se ao lado de Lucien, passou o braço em seus ombros e ele desabou em seu colo, chorando um choro silencioso. Eu me aproximei da cama e toquei os lençóis.

- Espero que esteja em casa agora, luz do sol. - Eu murmurei, baixinho.

Esperava que, de certa forma, estando onde estivesse, ele estivesse em casa.

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A Corte de Luz e Sombras (FINALIZADA)Onde histórias criam vida. Descubra agora