Athera nunca quis mais do que uma vida tranquila ao lado de sua família, e agora, depois do fim da guerra que deixou traumas, marcas e cicatrizes, ela decide finalmente tentar.
A imediata do grão-senhor mais poderoso do país vai em busca de liberda...
As coisas não acabam depois do ''felizes para sempre''.
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Dois anos depois.
Os olhos dourados de Aurora brilhavam enquanto ela apertava a ponta do nariz de Azriel entre os dedos.
Aquela era a visão mais linda. A coisa mais preciosa.
Meu parceiro que era a luz da lua e as canções do universo e minha filha, um pedaço do amanhecer vivo no mundo. Quem poderia imaginar que eu teria tanta sorte?
Por esse motivo eu queria quebrar as pernas de Narcissa enquanto ela batia na porta do quarto com veemência. Desviar o olhar daquele rosto, daquelas mãozinhas e do amor que ele entregava a nossa filha, isso parecia um pecado.
- Athera! - Ela gritou, a voz abafada pela porta.
Então ela conseguiu minha atenção. Sua voz estava trêmula e insegura. O trovão reverberava pela cidade e o som da chuva batendo nos paralelepípedos da rua eram audíveis, como tapas em pele esticada. Ela nunca me incomodava, a menos que estritamente necessário. Ainda mais a noite, no fim de semana. Por esse motivo eu me ergui da cama e virei de costas, caminhando até ela.
- Mama? - A voz fina e doce de Aurora ecoou em meus ouvidos.
Quando me virei, ela estendia os braços pra mim, o nariz pequeno franzido ao me ver sair. Caminhei até ela e beijei sua testa, o cheiro de Azriel em meus sentidos.
- Mamãe vem em um segundo, querida. - Eu disse, olhando nos olhos grandes e redondos, exatamente iguais aos do pai.
Azriel acariciou meu braço e então meu rosto, eu me perdi por um instante em seu toque. Até Narcissa bater de novo.
- Vá, luz da minha vida - ele disse, tocando meu lábio inferior com a ponta do dedo - vá e volte para nós como um sopro.
Ele sabia fazer ficar cada vez mais difícil os momentos onde eu teria de me afastar dele.
Bufei e caminhei até a porta, destrancando-a e saindo para o corredor.
- Eu vou querer um ótimo motivo, um motivo mesmo muito bom. - Minha voz era quase um rosnado, fruto da minha irritação.
Mas me perdi quando a olhei, suja de lama e mancando.
- O quê pelos deuses significa... - Eu murmurei, confusa.
Mas o som de passos leves e então a visão de Naiade me tirou de meus pensamentos. Minha família do além-mar só chegava até nós quando necessário, nos visitava periodicamente, mas, com um corte no lábio inferior e cuspindo sangue, eu sabia que aquilo não era amigável.
''Naiade chegou ferida, fique aqui e proteja Aurora, vou descobrir do que se trata.'', Eu disse para Azriel pelo laço, que me respondeu de forma positiva.
