VINTE E NOVE - PARTE UM

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Azriel já tinha saído quando me levantei da cama, foi antes do sol aparecer no horizonte para a corte outonal.

Uma rebelião se formava... rumores de uma possível guerra e a corte outonal seria a primeira a se unir a eles em um piscar de olhos, o grão-senhor nos odiava e odiava mais ainda quaisquer regimes permissivos a fêmeas.

Vesti meu uniforme e atravessei até a casa da cidade, Rhys estava sentado com um copo na mão, rodando uma bebida quente e transparente.

- Bebendo tão cedo, grão-senhor? – Eu questionei, me sentando no sofá ao seu lado.

Rhys tinha uma ruga na testa e parecia nervoso, nervoso demais.

- Rhysand – eu o chamei, apoiando os cotovelos nos ombros – o que está havendo? – Indaguei.

Ele respirou fundo e me olhou nos olhos.

- Azriel está fazendo mais uma ronda, mas ele enviou informações concretas – Rhys disse, a voz muito séria, diferente demais de sua sutileza e charme de sempre – Beron está ao lado da rebelião, fechou com dois grupos revoltosos e bem numerosos de illyrianos e com um reino humano ao oeste, o líder é um príncipe chamado Tebas que está apenas a dias da nomeação de rei.– Ele disse, vertendo o copo e seu conteúdo.

Meu estômago embrulhou e eu esfreguei as têmporas.

- Por que? – Eu questionei.

Nada fazia muito sentido, os illyrianos e Beron unidos, sim, mas os humanos, em que uma mudança de treinamento de fêmeas feéricas iria alterar o cenário para um reino humano.

- Porque treinamos fêmeas, porque eles sabem que esse é só o primeiro passo de algo maior – Rhys disse, respirando fundo novamente – porque eles querem Azriel faz tempo, ele é o melhor mestre-espião de todas as cortes, querem descobrir porque ele e Cassian usam tantos sifões, querem sua lealdade – ele quebrou o copo com a mão fechada quando levantou os olhos para mim – e porque querem você, Athera. – Ele terminou de falar.

Eu achava que vomitaria as tripas ali mesmo, queriam a corte de Rhysand, queriam ele caído o suficiente para tomar seus imediatos e sua família.

Além da nossa revolução, eles queriam a coisa mais valiosa para meu grão-senhor e melhor amigo, a sua família.

- A mim? – Eu falei, minha voz saiu um sopro.

Rhys deu um sorriso desdenhoso.

- Pelo mesmo motivo que sequestraram Elain antes da guerra de Hybern, porque seu poder é inexplicável, por centenas de anos Amren viveu conosco e com seu poder igualmente desconhecido, mas ela não se expunha ao público, diferente de você, eles já a queriam faz muito tempo, mas sabem que não vão conseguir tê-la, porque você tem uma família e um parceiro, mas se isso lhe fosse tirado, imaginam que a tristeza a levaria a loucura. – Ele disse, a voz tão baixa que eu ouvi apenas porque estava ao seu lado.

Meu corpo se resetou apenas com a ideia de ter minha família ferida, Azriel tirado de mim, eu queria sair dali de asas abertas e arrancar a cabeça dos ombros dos idealizadores dessa tolice.

Segurei as mãos de Rhys com as minhas e olhei em seus olhos, ele tinha a cabeça baixa e os cabelos caiam pela testa.

- Não vamos perecer, Rhys, não vamos cair. Vamos vencê-los. – Eu disse com a voz firme.

Ele me olhou de volta e deu um sorriso que não parecia o mais real e encorajado.

- Não fazem nem cinquenta anos da guerra com Hybern, nosso contingente não está dos melhores, e eles são numerosos, tem muitos humanos e estão movimentando mercenários feéricos baixos que querem descobrir a sua fonte. – Rhys disse.

Eu os mataria apenas por deixar ele assim.

- Pois eu garanto que vamos sair disso, vamos derrubar todos eles, eu vou destruir qualquer um que tentar machucar minha família, e eu lhe digo que se algo acontecer a vocês, eu mesma corto minha garganta antes de aceitar ser uma boneca da corte outonal ou de qualquer outra. – Afirmei.

Rhys abriu a boca pra falar, mas a fechou, fazendo flutuar a garrafa de líquido transparente e tomando-lhe um gole do gargalo.

Azriel chegou, os olhos absolutamente negros e os nós dos dedos brancos, pelo laço o sentia puro ódio, ele tinha sede de sangue naquele momento.

Olhou para mim e respirou fundo antes de caminhar até mim e Rhysand.

- Contei a ela tudo que projetamos do cenário. – Ele disse para Az, a voz desanimada.

Meu parceiro parecia à beira de um colapso quando respondeu.

- O cenário é pior que pensa, Rhysand. – Ele disse.

- Eles estão se movendo rápido – Azriel dizia a todos no escritório de Rhys – Beron fechou alianças com o príncipe Tebas do reino humano, os pequenos grupos illyrianos estão ao seu lado, esperando o momento para bater em retirada, principalmente o...

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- Eles estão se movendo rápido – Azriel dizia a todos no escritório de Rhys – Beron fechou alianças com o príncipe Tebas do reino humano, os pequenos grupos illyrianos estão ao seu lado, esperando o momento para bater em retirada, principalmente os desgarrados, que estão fora do acampamento, e os mercenários estão dentro, eles subiram um preço... – meu parceiro apertou as mãos e fechou os olhos antes de responder – um preço por Athera, viva, equivalente a oito sacas de ouro.

Rhysand, que já havia largado a garrafa, não parecia mais tranquilo, mas continuava com os lábios comprimidos em uma linha fina.

Feyre tinha fogo nos olhos, Mor parecia que explodiria a qualquer momento.

Meu estômago deu uma volta e eu quis vomitar as tripas, mas não de medo por mim, mas por minha família.

- Nenhum deles sobreviveria para tocar em mim. – Eu os assegurei.

Amren, que estava parada com as mãos juntas e dedos entrelaçados se levantou e estalou as costas.

- Athera não corre riscos, é poderosa o suficiente para mantê-los longe. – Ela disse.

Cassian, que estava com os olhos vidrados de repente pareceu voltar a vida.

- Mas e se eles estiverem cultivando mais freixo? – Ele questionou.

Azriel estava imóvel como uma estátua, o laço mostrava seu desespero explícito com a situação.

- Eu sou feérica, de fato – disse, coçando despreocupadamente o pescoço – mas minha magia não é, vem da mãe e da lua, e não do caldeirão ou de um grão senhor, se me acertarem com freixo, vou ficar fraca, mas terei magia para matar e atravessar para casa. Não é isso que me impossibilita, existe algo... mas eles nunca saberiam. – Eu disse.

Me esforcei ao máximo para estampar uma aparência tranquila no rosto, demonstrando não estar preocupada com nada daquilo, para fazer que todos ficassem calmos.

- Vamos treinar – Feyre disse, se colocando de pé – essas fêmeas precisam ter forças para lutar.

Eu me coloquei de pé e caminhei até o lado de Azriel.

- O treinamento não pode parar – Rhys disse – não vamos recuar, vamos enfrentar isso como pudermos e tentar ter fé que vai ser o suficiente.

Segurei a mão de Az, que retribuiu acariciando meu pulso com o polegar.

- Azriel vai continuar colhendo informações, então, quando chegar a hora, vamos revidar e mostrar quem somos. – Cassian disse, estalando os nós dos dedos.

Eu sorri para ele. Faríamos isso, custasse o que fosse.

A Corte de Luz e Sombras (FINALIZADA)Onde histórias criam vida. Descubra agora