SETENTA E NOVE

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''Você não se rende.''
(Sarah J. Maas)

O céu era azul

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O céu era azul.

E aparentemente eu era capaz de controlar isso.

O sol brilhava comum no céu.

Os últimos acontecimentos provaram que eu tinha o poder de fazê-lo queimar como uma esfera flamejante se aproximando mais e mais de onde estávamos a ponto de aquecer os corpos.

Meu irmão estava vivo, e eu era a responsável, de alguma maneira, por injetar a vida novamente em seu corpo morto.

Quando me ergui da grama, não foi mais com dúvida, com medo. Não foi mais trêmula ou cansada. Quando ergui o corpo, foi com poder. Segurando minha magia e minha certeza entre os dedos. Quando meus pés, agora chamas de magia escorrendo pelo chão, eu sabia que não havia mais espaço para cansaço, para culpa, para medo.

Quando eu me levantei, não era mais Athera.

Era Athera Helena Lysbærer.

Uma deusa.

Eu destruiria o resto dos meus oponentes.

Eu matei uma deusa.

Eu mato mais outros três, se necessário.

Azriel me olhou, aquele olhar continha todo o mundo. Alívio, admiração, amor.

Sobretudo amor.

Seus ossos e meus ossos. Sua alma e minha alma. Casa.

Apollo estava no chão, seu corpo dourado e poderoso agora tão pálido e os cabelos dourados como mel escorrendo brancos e sem vida. Hécate e Selene atrás dele estavam de pé, voltadas para mim com olhos que brilhavam ódio. Azriel se aproximou, estava ao meu lado. Suas mãos ainda quentes e tão reais tocaram as minhas, puro poder escorrendo e as asas escuras e grandes atrás do corpo queimaram como chama.

Tudo fazia sentido, o mundo cantava como algo real e palpável aos dedos, parecia que as coisas finalmente tinham seu lugar, nesse momento. Dessa forma, todos os acontecimentos, ruins e bons, dolorosos e gentis, todas as dores dessa vida, todas as faltas e dificuldades eram como um a ponte que me levava até ali, até onde meu corpo queimava, onde eu era um com meu parceiro e o vento, a grama e o céu eram vivos e um comigo como se eu fosse o mundo.

- O que eu faço com vocês agora? - Eu ronronei, cheia de confiança.

Os olhos de Apollo se ergueram de onde estava e ele mal tinha forças para se colocar de pé. Seu poder sugado.

- Nos deixe ir - a voz quebrada dele ecoava no vazio - nós vamos e nunca voltaremos, você nunca ouvirá sobre nós de novo.

Minha mente fez uma volta em si mesma e eu sorri. Eu sorri porque era tão irônico que um deus que me tocou, me feriu e me maculou estivesse ali agora, de joelhos me pedindo para deixá-lo viver.

- Se nos matar, nós vamos queimar tudo ao redor. - Hécate disse, as fendas negras de seus olhos ardendo.

Emiti um estalo com a língua quando me aproximei.

- Quando eu arranquei o coração do peito de Ártemis, ela não queimou nada, ela não era nada mais do que pele, ossos e carne podre entre meus dedos - eu disse, olhando de soslaio para Apollo - talvez eu esteja disposta a tentar com vocês.

Selene caminhou, seu vestido quase transparente escorrendo e tocando a grama.

- Você pode viver sua vida sem pensar em nós, podemos sumir, podemos... podemos só... perdoe a arrogância de minha irmã, querida - ela disse, com a voz doce - não iremos jamais perturbá-la novamente.

Mordi o lábio e olhei para eles.

- De joelhos. - Eu ordenei.

Selene sorriu e prontamente ajoelhou-se ao lado de Apollo na grama. Hécate, por sua vez, permanecia de pé, me olhando com ódio.

- Eu sou uma deusa, eu não me ajoelho. - Ela disse.

Sorri, meus olhos eram fogo e meus dedos poder vivo, com sua camada de força eu possui o corpo da deusa, ela explodiu contra mim, embora fosse antiga e poderosa, eu conhecia aquilo, conhecia seu poder, minha conexão com Azriel pelo astro que elas representavam e que, de certa maneira, conduzia a energia delas, era viva e inquebrável como uma liga indestrutível.

Eu poderia tomar tudo deles, e isso seria bem melhor que a morte.

- Ajoelhe, Hécate. - Eu sussurrei.

Quando libertei o corpo, ela caiu de joelhos, com a mão na barriga.

Azriel estava logo ao meu lado, sua mão a um toque da minha, sua presença me dando forças, sendo o que me mantinha ali, me mantinha como eu era.

- Não vou matá-los. - Eu ronronei.

Apollo expirou em êxtase e Selene me olhou com um sorriso.

Segurei a mão de Azriel e ele se aproximou de mim, seus dedos em volta dos meus. Seus ossos e meus ossos. Casa. Nós nos conectamos mais e mais e eu estendi minha mão, meu corpo ardeu e o mundo ardeu igualmente. Meu corpo se queimava, meus pés, meus dedos, meus olhos, era como ser invadida por fogo que escorria pela garganta, me incendiava, quase me feria... quase.

Porque nenhuma dor do mundo poderia se comparar ao êxtase de possuir aquilo, de ter meu corpo invadido por energia, por fogo, por magia. Eu estava viva, poderosa, cheia, completa. Um sorriso cobriu meu rosto e eu quase flutuava, tinha que conter a gargalhada, tinha que me conter de todas as formas possíveis.

Quando o rio que fluía cessou, eles ergueram os olhos, Apollo tinha as mãos na barriga e parecia horrorizado, Selene estava de olhos arregalados e as fendas de Hécates eram olhos negros como a noite.

- Vocês agora são seres imortais, mas desprovidos de qualquer poder, de qualquer influência. Vocês não são bem-vindos nessas terras, acabou.

Selene foi a primeira a se colocar de pé. Ela se aproximou de mim, a mão tocando o peito, onde antes havia pele rasgada, agora um coração batia, seus olhos grandes e bonitos eram cheios de lágrimas e seus dedos estavam trêmulos.

- Obrigada. - Ela sussurrou.

Eu franzi o rosto por um momento, em duvida do motivo do agradecimento.

- Eu tenho um coração, a maldição que me cobria acabou, se dissipou com meu poder e não pôde se instalar em você que é pura luz, agora eu posso viver de novo, posso amar de novo. - Ela disse, com a voz quebrada.

Por um momento, eu senti pena dela, então pude me alegrar em algum lugar de dentro de mim, ela era uma miserável aprisionada. Eu não sabia se alguém amaria Selene novamente, mas ela tinha a escolha.

A mão de Azriel apertou a minha e deixei o fogo possuir meu espírito e meu corpo, pele voltou a me cobrir e meus cabelos caíram pelas costas.

''Agora nós temos a vida toda.'', Ele sussurrou.

Eu olhei para a terra devastada, para o exército dispersando, para antigos deuses no chão, para meu parceiro, meu irmão que estava ao lado de Nestha, para Rhys e Feyre, para Mor... eu olhei para o céu e sorri.

Eu conquistei meu final feliz.

A Corte de Luz e Sombras (FINALIZADA)Onde histórias criam vida. Descubra agora