"Essas alegrias violentas
tem fins violentos. Falecendo
no triunfo. Como pólvora e fogo,
que num beijo, se consomem."
(Shakespeare)Já era bem tarde quando todos subiram as escadas, alguns bêbados demais e tendo que ser carregados, como a Feyre e a Mor. Eu tinha acabado de ajudar Elain com a louça e estava subindo para o quarto. As costas doloridas, mas muito feliz, foi um solstício incrível.
Eu estava curiosa com o presente de Az e quis subir para abrir logo, entrei no quarto e tirei os sapatos quando ouvi sua voz no corredor, dando boa noite a Rhys.
- Az? – Eu o chamei.
Ele se virou e veio até mim, com o rosto tranquilo.
- Entre. – Eu disse.
Notei então que Azriel nunca havia entrado em meu quarto, era uma novidade vê-lo ali, ao lado de minha cama, mas eu queria abrir o presente em sua frente, e estava com álcool o suficiente no sangue pra me permitir uma irresponsabilidade.
- Estou curiosa pra ver o que ganhei de solstício. – Falei, com a voz arrastada.
Ele deu um sorriso discreto e encarou meu rosto.
- Pode abrir.
Peguei a caixa de cima do meu piano e abri. Era um colar, o mais lindo e delicado que eu já vira. Meu coração se aqueceu, era um colar prateado fino, com um pingente da insígnia da corte noturna, as estrelas no mais puro diamante, não pude impedir uma lágrima de correr por minhas bochechas.
Quando levantei os olhos, Azriel estendeu o dedo e recolheu minha lágrima, olhei pra sua mão, as cicatrizes mais próximas de mim do que jamais estiveram.
Ele puxou a mão rapidamente
Eu dei um passo em sua direção.
- Pode colocar em mim? – Eu pedi.
- Claro. – Ele disse, a voz impassível.
Virei de costas e levantei os cabelos, sentindo os olhos do encantador de sombras perfurando meu pescoço, eu sentia seu olhar, seu cheiro, era surpreendente como ele me era atraente.
Então senti o colar repousando em meu colo, e os dedos muito quentes e ásperos de Az em minha nuca, isso eriçou todos meus pelos, e eu estremeci. Não senti nenhuma vontade de esconder isso, eu sempre o quis, faz quatrocentos anos que o conheço e o quis desde a primeira vez que o vi, que ele saiba que meu corpo estremece quando me toca.
Me virei pra ele e olhei em seus olhos.
- Quero te dar seu presente de solstício. – Murmurei.
Ele arqueou a sobrancelha.
- Mas você já me deu. – Ele disse.
Eu sorri e me sentei na frente do piano.
- Esse é seu presente de verdade. – Afirmei.
Eu comecei a tocar a melodia no piano, ele se aproximou, seus olhos enigmáticos brilhando, me observando, observando meus dedos, meu rosto, meus braços. Toquei cada parte, as dramáticas, as enigmáticas e as suaves.
Quando terminei, jurei ver seus olhos molhados.
Quando me levantei, ele sorriu. Azriel deu o sorriso que eu vi pouquíssimas vezes desde que o conheço, um sorriso sincero e totalmente puro.
- É... magnífica. Como se chama? – Ele perguntou, ainda sem tirar os olhos de mim.
- The Shadowsinger.
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A Corte de Luz e Sombras (FINALIZADA)
FantasíaAthera nunca quis mais do que uma vida tranquila ao lado de sua família, e agora, depois do fim da guerra que deixou traumas, marcas e cicatrizes, ela decide finalmente tentar. A imediata do grão-senhor mais poderoso do país vai em busca de liberda...