TRINTA E QUATRO

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A casa da cidade estava silenciosa quando eu entrei caminhando com Azriel ao meu lado, meu corpo incrivelmente exausto e quase sem magia, mas a fachada bem imposta, com o olhar sarcástico dançando no rosto e meu sorriso de sempre na curva dos lábios.

- Você sabe que precisa descansar, certo? – Azriel me perguntou, enquanto passávamos pela porta.

Eu me virei e lhe dei um olhar frio. 

Ele debateu, inúmeras vezes, disse que eu deveria dormir mais, descansar, recuperar minhas forças.

Permaneça firme, permaneça firme.

- Você é meu parceiro, e não meu dono, não se esqueça do limite que existe entre eles. – Eu rosnei.

Azriel franziu a testa e me lançou um olhar confuso, um milésimo de segundo depois, apenas assentiu e torceu a boca, caminhando ao meu lado.

Um segundo depois das palavras saírem, eu me arrependi delas e respirei fundo, engolindo as desculpas para depois, caminhei firme até a sala.

Rhysand estava sentado, vestido nas roupas pretas de sempre, os cabelos caindo pela testa enquanto Feyre falava baixinho com Mor do sofá. Ele levantou os olhos quando me viu e deu um meio sorriso.

Me aproximei e me sentei ao seu lado.

- Sentiu saudades? – Perguntei, a ironia dançando suavemente na voz.

Os olhos de Rhysand estavam cansados, alguma escuridão em suas olheiras, ele parecia cansado. Mas forçou a me dar um meio sorriso e se virar para mim.

- Precisamos conversar. – Ele disse.

Eu assenti, nós dois caminhamos juntos até seu escritório. Só nós dois, grão-senhor e imediata, melhores amigos.

Eu e o macho que me salvou da selvageria e da escuridão. Entramos em seu escritório, o cheiro de Rhys por toda parte quando nos sentamos frente a frente.

- Você mentiu para mim. – Rhysand disse, esfregando as têmporas.

Eu consertei a postura e levantei uma expressão fria. Aquilo não seria fácil.

- Menti? – Perguntei a ele, brincando com um anel de ouro entre os dedos.

Rhysand levantou os olhos pra mim, a firmeza do grão-senhor mais poderoso de Phythian naquele rosto.

- Você estava exaurida três dias atrás, mas se sentou aí nesse sofá e brincou comigo, e deu a entender que estava tudo bem. – Ele disse.

Eu respirei fundo e senti a irritação em minhas mãos.

A raiva novamente, a raiva que não era minha, a raiva que me fez gritar com Vivian, que me fez ser grossa com meu parceiro. A raiva fluindo dos corações explodindo.

Bum. Bum. Bum. Bum.

Permaneça firme.

- Rhysand, eu não quis preocupar ninguém. Eu sou a menor das preocupações. – Eu disse.

Meu melhor amigo deu seu sorriso amargo.
Aquele que sempre nos levava a lugares que não eram nossos.

- Você é minha imediata, Athera, eu a coloquei nessa posição por um motivo, confiança. Você poderia ter morrido naquele acampamento, o corpo destruído por um uso tão... – ele respirou fundo e tornou a esfregar as têmporas – tão irresponsável. – Rhysand disse.

Eu fiquei de pé, caminhando vagarosamente, tentando controlar o corpo, a magia, que até minutos atrás estava destruída.

- Seja razoável, eu não vou morrer. – Eu disse, diminuindo o tom de voz.

A Corte de Luz e Sombras (FINALIZADA)Onde histórias criam vida. Descubra agora