OITENTA E CINCO

1.3K 108 71
                                    

Porém que venham quantas tristezas vierem, que apagar não podem a troca de alegria que sua vista num minuto me dá.
Basta que as mãos nos juntes com palavras consagradas; e que a morte, depois, que o amor devora, faça o que bem quiser.
A mim já chega poder chamar-lhe minha.
(Shakespeare - Romeu e Julieta)

Brincando com um pêssego entre os dedos eu caminhava pela casa da cidade, passando pela porta grande e adornada

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

Brincando com um pêssego entre os dedos eu caminhava pela casa da cidade, passando pela porta grande e adornada. Era dia e meus cabelos presos em um coque.

- Minha mãe ficava brava quando eu brincava com a comida. - A voz de Rhysand me tirou de meus pensamentos.

Girei o corpo e o vi, a camisa preta dobrada até os cotovelos e dois botões de cima abertos. Ele estava lindo, os cabelos pretos bagunçados de uma forma sutil e charmosa ao redor da cabeça e ele sorria.

- Olá, Rhys. - O cumprimentei, oferecendo o pêssego.

Ele fez que não com a cabeça e encostou-se no umbral da porta, os pés cruzados e o rosto despreocupado.

- Estou feliz que você ficou - ele disse, olhando para a cidade pela - que mesmo depois de tudo, você ainda quis ficar e ser minha imediata.

Sorri, para ele e para mim mesma. Depois da guerra, depois dos meus poderes, depois de tudo, a questão de se eu ficaria ali como ''subordinada'', como algumas pessoas colocaram, foi posta na mesa por meus grão-senhores. Aquela era minha corte, aquela era minha casa e aquela era minha família, eu não iria embora.

- Ser sua imediata me é mais honra do que ser rainha de qualquer reino. - Eu disse, torcendo para que ele absorvesse a veracidade em minhas palavras.

Com um sorriso presunçoso que brincava nos cantos dos lábios, Rhys beijou minha testa e saiu para encontrar Feyre. Eu estava ansiosa por noticias de Azriel. Ele sumira por horas e quando eu o chamava pelo laço, ele não respondia com clareza, era sempre algo como ''estou indo'', ou ''assim que desocupar chegarei'', então eu mordi o pêssego e fechei os olhos, o prazer dos raios de sol em meu rosto.

Talvez ele ouvisse meus pensamentos, afinal. Porque quando joguei a semente no saco de adubo, ele entrou na cozinha, caminhou até mim e beijou meu ombro. Me virei para vê-lo... sem fôlego, era assim como eu ainda ficava, como ele ainda me deixava. Passei os braços em volta de sua cintura e puxei-o para perto, ele sorriu e o som de sua risada me preencheu, com a cabeça em seu peito, ouvindo os sons suaves e ritmados de seu coração.

- Onde você estava? - Perguntei, inspirando seu cheiro.

Ele afagou meus cabelos e se encostou na bancada.

- Terminando seu presente de casamento. - Ele murmurou, com alegria na voz.

Desde que nos casamos, duas semanas atrás, ele insiste que tem algo para me dar, um presente que está fazendo sozinho e por isso demanda tempo, desse modo, passa o dia fora e chega pela noite exausto, eu me senti impelida inúmeras vezes a segui-lo e descobrir do que se tratava, mas, como ele estava depositando tempo e trabalho nisso, eu não teria coragem de estragar a surpresa.

A Corte de Luz e Sombras (FINALIZADA)Onde histórias criam vida. Descubra agora