Athera nunca quis mais do que uma vida tranquila ao lado de sua família, e agora, depois do fim da guerra que deixou traumas, marcas e cicatrizes, ela decide finalmente tentar.
A imediata do grão-senhor mais poderoso do país vai em busca de liberda...
A infância é o reino onde ninguém morre. (Edna St. Vincent Millay)
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Azriel.
A Z R I E L.
a-z-r-i-e-l.
az-ri-el.
Cabelos negros, grossos, macios, lisos e levemente ondulados nas pontas. Olhos avelã, círculos dourados nas bordas. Ossos afiados e desenhados, maxilares cerrados e ombros largos. Lábios desenhados, cheios.
O som da risada dele, rouca, grave, grossa, melodiosa de uma forma quase gentil. A cadência e o timbre, quase clássicos, quase... irreais. Mãos grandes, repletas de cicatrizes, mas os dedos dele são retos, longos e habilidosos.
Terra molhada de chuva fresca, calor, canela, troncos de carvalhos e limões recém colhidos, o cheiro dele. Da pele dele, dos braços dele, cotovelos, pulsos, orelhas e cabelos.
Ele tem um sorriso... dentes grandes, levemente arredondados nas pontas, caninos longos, afiados, retos, claros e todo o rosto dele sorri, as curvas nos cantos dos lábios, as marcas suaves em suas bochechas, acima da boca, os olhos se estreitam.
Azriel as vezes toca o nariz quando ri muito, quando faço cócegas nele. A pele dele quase brilha no sol, em tons quase furta-cor. Ele caminha sempre em linha reta, confiante, direcionado. Ele é grande, muito grande, ele tem um metro e noventa e um, mas ele se movimenta quase com gentileza, com calma, ele sabe que vai chegar onde precisa... a menos quando... quando ele pensou que eu havia me afogado no rio, ele andava cambaleante, mãos trêmulas e passos desgovernados.
Quando ele ergue os olhos e me observa no meio de uma sala cheia de gente, eu me sinto a única pessoa dentro do universo.
A luz da minha vida.
O fogo em meus pulmões.
Minha alma.
Meu pecado.
Minha salvação.
Olhos fechados e corpo exausto, sei que estou distante... em sonhos longos e escusos, depois de dias sem conseguir... mal poder... dormir é um alívio e meu corpo se preenche de luz e tranquilidade enquanto arfo calma e vagarosamente em cima do colchão macio, com os braços dele em minha volta.
Longe... muito longe, meu corpo se afunda em si mesmo, como se um espírito fosse composto por camadas e você mergulhasse nele de olhos fechados e braços leves, indo em direção a algum lugar.
Estou me afundando, o mundo fica mais escuro a cada momento e eu estou viajando, quando meus pés tocam o chão eu mal vejo... quase não respiro entre o tilintar e o ressonar de chaves em um cadeado escuro e enferrujado.
Um garoto e suas asinhas escuras, os olhos grandes e arredondados como amêndoas. Pernas que caminham confusas por grama molhada e um astro grande e vivo no céu, o som de seu nome sussurrado entre melodias de uma voz infantil...