ONZE - PARTE UM (+18)

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Existem muitas formas de morrer.
Uma flecha no coração, ser queimado em uma pira de fogo ardente ou sucumbir nas águas revoltas de uma tempestade.
Mas a minha morte foi uma que eu jamais esperei.
Eu morri quando meus dedos percorreram a pele macia e quando meus lábios foram tomados e possuídos.
Eu sabia que até a rebentação do mundo.
Eu morreria e renasceria.

Estava tudo escuro, apenas a luz da lua entrando pelas janelas e iluminando alguns pontos da casa com feixes

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Estava tudo escuro, apenas a luz da lua entrando pelas janelas e iluminando alguns pontos da casa com feixes.

Além de escuro, estava tudo silencioso, tudo calmo, em contraste com meu coração que batia desesperadamente, minhas pernas que tinham tanta urgência em se mover que doíam.

Eu sentia a presença dele, em todos os lugares, como se sua energia, sua magia e sua força tomasse a casa inteira, arrebatassem tudo ao meu redor.

Subi as escadas e fui até a varanda, ele estava lá. Em pé, de costas para mim. Eu quase me inebriei com seu cheiro, mas travei em pé na porta, observando silenciosamente seu corpo, sem saber exatamente como dizer o que deveria dizer, e, pela mãe, eu tinha tantas coisas guardadas no peito.

As grandes asas dele estavam abertas, o vento que rugia balançava levemente as pontas, e as sombras dele estavam todas ali. Meu peito estava dolorido, como se eu tivesse tanta coisa dentro de mim para expelir e explodir que fosse morrer se não o fizesse.

Já tinha algum tempo que eu estava com essa sensação terrível nas veias, meu poder espreitando para me tomar, e nem os treinos exaustivos ou as noites exaustivas com Lucien me esvaziavam, eu me sentia sempre sobre pressão, sempre a um passo de implodir.

O núcleo de poder quente e operante dentro do meu peito estava ardendo, meu corpo inteiro irradiava e ardia.

- Azriel. – Eu disse seu nome.

Não com desejo ou com ódio, mas como uma última tentativa, como uma oração ao caldeirão.

Ele se virou, seu rosto estava enevoado, ele era lindo, tão devastadoramente belo, sua expressão firme, mas sempre casual, seus olhos avelã quase dourados de brilho, luz e vida.

Ele segurava nas mãos o colar que havia me dado no solstício e eu quebrei. O núcleo em meu peito ardeu novamente, pulsou como se eu sentisse a dor que ele sentia.

O encantador de sombras se aproximou mais dois passos de mim.

- Athera. – Sua voz era um grunhido tão desesperado como a minha.

Eu não disse nada, sequer sabia se tinha algo que eu pudesse dizer, me aproximei mais dele, até nossos corpos estarem apenas a poucos centímetros de distância.

Roguei a mãe em minha mente que eu não me arrependesse do que iria fazer.

- Eu... eu vou ficar aqui. – Sussurrei.

A Corte de Luz e Sombras (FINALIZADA)Onde histórias criam vida. Descubra agora