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A raiva corre feroz no sangue. Tento não ò pôr para fora a pontapés. Trinco os dentes e grito novamente, porém, esse idiota é bom em não ligar para as palavras das pessoas. Busco o celular jogado na cama e começo a digitar o número do meu pai, mas antes que consiga ligar, o garoto o agarra e me mostra os dentes brancos brilhantes, desliga a tela do aparelho e o arremessa de volta ao colchão.

— Ele não vai lhe atender — avisa paciente, como se estivesse gostando da situação.

Encolho os ombros e por algum motivo me sinto ameaçada, nunca fiquei sozinha com um garoto dentro do quarto, no entento, penso que hoje presenciei coisas piores. O deliquente me fita firme nos olhos e depois os passam novamente a televisão.

— Saí do meu quarto, ou então eu não falo por mim — gesticulo o indicador a saida e recebo um par de ombros inclinados como resposta.

— Vai me bater? — pergunta, arqueando as sobrancelhas. — Eu vim apenas assistir o jogo, a minha televisão queimou por sua culpa, lembra?

— Aah... — ranjo os dentes, caindo na cama enquanto posiciono um travesseiro sobre as pernas cruzadas. — Por minha culpa... se não tivesse ligado o som tão alto, eu não teria ido ao quarto dele. E foi o seu amigo que à molhou e fez o estrago, seu delinquente! — sussurro para mim mesma. Creio que ele deva não ter ouvido. Mas se bem que a vontade que me encontro  de gritar isso não possui distância.

Me concentro no dedo, ponho a tesourinha na parte da unha que está quase arrancada e a puxo devagar. Fecho os olhos e mordo o lábio inferior, na intenção de me dar mais forças. Comemoro por dentro assim que abro os olhos e analiso a outra metade da unha na tesoura. Ergo o queixo, respirando mais leve. Meus olhos andam no quarto e batem diretamente nos olhos verdes do garoto. O observo umidecer a língua e a sua visão estreitar.

Ele é esquisito!

— Perdeu algo? — ò trato da mesma forma que ele me tratou desde quando nos vimos pela primeira vez.

— Não... — a sua atenção se desvia da minha face e antes de encarar a televisão, deu ênfase ao chão.

— Aliás, como você entrou aqui? — me lembro de ter trancado a porta.

— Chave reserva — suas falas sempre saem curtas e frias.

— Pois não a use novamente, não quero que abusem da minha privacidade.

— Tanto faz! — dá de ombros e eu me aborreço por isso.

Estou farda desse garoto! O seu jeito me incômoda, e a sua falta de educação é estressante.

— Não, não tanto faz! — digo explodindo, enquanto me levanto e sigo na sua direção (na beira da cama). O deliquente ainda se encontra um pouco deitado, com uma mão atrás do travesseiro que apoia a cabeça. Arranco o controle dos seus dedos e ouso desligar a televisão.

— Wow, por que ficou tão furiosa? Eu só queria assistir — forma uma expressão duvidosa na face, e inclina o tronco do corpo para frente.

— Você veio aqui pra me provocar! Ama uma briga não é mesmo? Pra fazer os outros de palhaço e ficarem gastando saliva. Então, seu deliquente, tenha pelo menos um pouco de educação e cai do meu quarto, agora! — arranco um peso do peito. E com certeza foi a melhor coisa que fiz na vida.

— Me chamou de delinquente? — questiona, arrumando a camisa preta larga. Vem de encontro comigo e permanecemos olho a olho. Ele se aproxima cada vez mais e eu sou obrigada a recuar passos para trás. — E quem seria o seu pai? Um viciado em jogos que perdeu toda a capital financeira de sua empresa em apenas uma noite.

Apaixonada por um delinquenteOnde histórias criam vida. Descubra agora