Fernando e Yuri não conseguiram segurar a risada quando um olhou para cara do outro contando os trocados da carteira para pagar o dogão. Yuri se sentia confortável em estar em um lugar que lhe era familiar, na companhia de um cara tão simples e bom de papo como os que ele estava acostumado a lidar.Enquanto comiam o cachorro quente, Yuri desabafou sobre os seus amigos e o seu sentimento de estar sobrando quando todos estavam juntos. Fernando falou que o entendia, que costumava acontecer o mesmo com ele. Em um determinado momento, Fernando se inclinou sobre a mesa com um guardanapo e limpou a boca de Yuri, que estava suja de molho. O rapaz ficou parado como uma pedra durante o processo e quando Fernando terminou, ele sorriu envergonhado.
Depois que ambos terminaram de comer, os dois caminharam até o ponto de ônibus.
— Seus amigos gostam de você, mas seria bom respirar novos ares, encontrar um lugar fora dessas relações — aconselhou o veterano, caminhando através da calçada. — Pra gente como nós, sempre é mais complicado.
Gente como nós, Yuri refletiu. O rapaz sentia dúvidas quanto à aproximação de Fernando, não sabia se ele estava sendo apenas legal ou se tinha algum interesse especial nele. Na maioria das vezes achava que um homem como esse, bonito, bem resolvido e mais velho, não olharia para um rapazote tão indeciso e inseguro quanto ele.
— Você já ficou com alguma mina? — perguntou Yuri.
Fernando havia pagado por uma cerveja de lata para ele, pois o vendedor falou que daria um desconto caso ele comprasse duas. Os dois davam algumas goladas em suas latinhas enquanto caminhavam.
— Já sim, muitas. A gente sempre tenta se encaixar no que esperam de nós, não é? Mas aqui na universidade, longe de casa, eu finalmente me senti à vontade para ser quem eu sou e decidi que não iria mais me esconder de ninguém — após um breve momento de silêncio, Fernando continuou: — E você? Já ficou com algum cara?
Havia dois pontos em cada lado da rua, um de frente para o outro. No que Fernando e Yuri chegaram, só havia uma moça sentada na extremidade esquerda do banco.
— Não, nunca.
— E já teve vontade? — ele insistiu.
Yuri engoliu em seco. Seu instinto natural era o de mentir, mas não conseguiu fazê-lo:
— Sim, de um em especial. Mas isso é besteira. Eu ainda não sei o que eu sou de verdade, o que eu quero para mim. Talvez eu morra sem beijar um cara na vida, talvez encontre uma mulher que possa amar, não sei como vai ser.
O mais velho foi o primeiro a terminar a sua bebida e descartou a lata numa lixeira que havia ali perto.
— Isso é normal — respondeu Fernando, esboçando um sorriso condescendente. — Mas no fundo a gente sempre sabe o que realmente queremos. Você só precisa se escutar.
Yuri deu um gole em sua cerveja. Já estava ficando quente, mas ele não queria pagar de mau bebedor e descartá-la pela metade.
— Eu vou fazer isso. Quando descobrir como.
Os dedos de Fernando tocaram a mão de Yuri quando ele praticamente tomou-lhe a latinha de cerveja.
— O ônibus já deveria ter passado — constatou o rapaz, nervoso.
Yuri percebeu que ao voltar da lixeira, o veterano tinha tirado o óculos e prendido na camisa. Ele veio até Yuri e começou a se aproximar mais e mais, encarando-o fixamente. Yuri não ficou nervoso até o momento em que Fernando parou bem em sua frente. Ali suas pernas e mãos começaram a tremer. O que ele está fazendo?. Estava prestes a descobrir...
Sem falar nada, Fernando levou uma das mãos ao queixo de Yuri e de forma suave, ergueu o seu rosto para que pudesse vê-lo melhor, ou acessar áreas que estavam escondidas.
— Deixa eu te mostrar como... — Fernando sussurrou, enquando se inclinava mais e mais.
Yuri percebeu que nenhuma parte de si ansiava por sair daquele lugar, por mais que estivesse assustado, apavorado. Tudo que fez foi fechar os olhos e desejar com toda a sua força que Fernando fizesse o que estava fazendo.
E então os lábios do estudante tocaram os de Yuri, úmidos, macios, delicados. Yuri abriu os seus lentamente e não tardou para que a língua de Fernando invadisse a sua boca. O mais novo levou a mão ao rosto do rapaz experiente, sentindo os pelos da barba dele. Estava beijando um homem no meio da rua, em um ponto de ônibus, e se mais tarde iria se arrepender disso tudo, não queria saber, pois não tinha uma única intenção de parar de saboreá-lo.
Quando pararam, Yuri se viu sem fôlego, com a boca úmida e "animado" lá embaixo. Ele não conseguia parar de olhar para Fernando, que, com o sorriso mais lindo do mundo, falou:
— Agora você não vai mais morrer sem ter beijado um homem.
Yuri riu também, involuntariamente. Se ele estava fazendo aquilo por piedade, tudo bem, sentia-se profundamente grato.
Nesse instante ele percebeu a luz do farol do ônibus que se aproximava.
— É o meu — disse, saindo de perto de Fernando para dar com a mão.
— Eles sempre chegam nos piores momentos — Fernando reclamou, sem nenhum pingo de mau humor.
Yuri se aproximou pata se despedir rapidamente e o "amigo" o surpreendeu com um selinho, fazendo o seu coração disparar dentro do peito.
— Nos vemos na segunda — disse Fernando, de onde estava.
Yuri acenou que sim. E ao por o pé no primeiro degrau do veículo, deu uma última olhada para Fernando antes de entrar.
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Do I make you cringe? (Fred & Yuri)
FanficSeguimos uma realidade paralela à fase atual da novela. Quando Yuri leva um fora de Jenifer, ele se aproxima de Fred, que faz dele o novo "amigo bolsista" que vai ocupar o espaço de Tatá, uma vez que esse passou a sair mais com a namorada que com os...