Referência

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O rosto de Rafa estava vermelho como uma romã e ele ofegava como quem acabara de correr uma maratona.

— Entrem — convidou o anfitrião, segurando a porta e encarando a dupla com uma expressão estranha. Quando os amigos se introduziram no apartamento, ele a fechou. — Eu tô terminando de revelar umas fotos, ela já vem — disse ele. — Se vocês não se incomodarem...

— De boa, mano. Não estamos com pressa, relaxa. E nem precisa dizer, eu já sei que sou de casa — Fred tranquilizou-o, dando um salto no sofá branco e se sentando do seu jeito espalhafatoso.

Rafa torceu os lábios e deu de ombros antes de sair com passos longos pelo apartamento, sumindo na curva do corredor.

— Foi mal por isso — desculpou-se Yuri, dando meia volta no sofá até ocupar um lugar ao lado do outro visitante. Tinha sugerido dar uma carona para Kate até Piedade uma vez que Fred insistira em deixá-lo na porta da casa de Sol. Agora estavam na sala do apartamento de Rafa às 21 horas de um Domingo esperando pela filha de Bruna para irem embora.

— O que será que esses dois tão fazendo lá dentro? — o mais velho perguntou em um tom que sugeria obscenidade.

— Revelando fotos. Foi isso que Rafa nos disse, prefiro acreditar nele — Yuri respondeu, rindo.

Os dois ficaram em silêncio por algum tempo, encarando a televisão desligada na esperança de que Kate fosse aparecer em um minuto ou dois. Como não apareceu, Fred pegou o celular e Yuri fez o mesmo, conferindo as suas mensagens. Fernando havia enviado um áudio às 20:37, desligou a tela e guardou o aparelho no bolso. Em casa eu ouço, decidiu, pensativo.

— Será que vão demorar? — perguntou, tentando parecer natural. Queria tirar da mente a mensagem, para não ficar ansioso.

Fred esboçou um sorriso, devolveu o celular ao bolso da calça e encarou o rapaz ao seu lado.

— Quanto mais tempo eles levarem, mais tempo a gente tem juntos — respondeu ele, dando-lhe uma piscadela. — A não ser que você esteja ansioso para se livrar de mim — sugeriu, então, em tom de provocação.

Yuri sentiu um beliscão abaixo das costelas.

— Ei! — resmungou, encolhendo-se em seu canto, tentando evitar as investidas. Fred ignorou e continuou. — Tamo grudado desde ontem, ainda não cansou? — perguntou de brincadeira, segurando-o pelo punho e olhando para a sala estranha, cheio de desconfiança.

— Eu não me canso de você — Fred respondeu, inclinando-se em sua direção. — Você não quer voltar pro nosso barco não? — Ele começou a esfregar lentamente o seu nariz no do namorado, que já não o tinha mais em mãos. — Acho que a gente devia ter continuado lá, dando nossos passeios espaciais.

Ele deslizou um pouco mais o rosto até selar os lábios de Yuri com um beijo caloroso e inapropriado. Não!, pensou o mais novo, mas a essa altura já tinha se rendido, buscando apoio nele enquanto explorava o interior da sua boca com a língua, Só mais um pouquinho...

— Fred — censurou Yuri, interrompendo-o subitamente, sem se afastar. — Alguém pode chegar... — advertiu-o, com a respiração falhando.

— Deixa chegar — disse, antes de dar um selinho em seu lábio superior. — não precisamos nos esconder do Rafael — mais outro, agora no lábio inferior, desta vez sugando-o para entre os seus.

E então alguém apareceu, e não foi o Rafa.

Os dois se afastaram depressa ao ouvir um barulho e cada um se moveu para uma ponta do sofá, empertigando-se. O coração de Yuri quase saia pela boca, na dúvida se haviam sido pegos ou não. Eu avisei, cacete!.

Do I make you cringe? (Fred & Yuri)Onde histórias criam vida. Descubra agora