— E pra que tu quer isso? — o dono do apartamento perguntou, em pé, inclinado com as duas mãos apoiadas no sofá preto. — Até onde sei, não tem a menor serventia pra ti. — De repente, o rapaz se inclinou para baixo, até o ponto em que se tornara possível ouvir sua respiração, e só então lançou uma de suas típicas brincadeiras: — A não ser que... Por um acaso você andou me traindo?
— Não é pra mim. É pra uma amiga — respondeu Yuri, sentado no sofá, tentando disfarçar o nervosismo.
A gargalhada de Guzman retumbou atrás dele. Vestido apenas em uma bermuda preta e uma regata branca, o mais velho deu um pulo no sofá e se sentou ao lado do visitante, pondo os dois pés para descansar sobre a mesa de centro.
— Já vi muita coisa nessa vida, mas é a primeira vez que conheço alguém que tá sempre cometendo crimes pra ajudar os outros — ele zombou, parando por alguns segundos para acender um cigarro. — De duas uma, ou você é um sonso e tá tentando me enganar ou... cê anda com uns amigos barra pesada.
Levantou-se do sofá com o sangue fervendo, vendo a fumaça do cigarro subir pelo cômodo fechado e contaminando o ambiente com seu típico mau cheiro.
— Se não pode me ajudar, eu vou indo nessa — rosnou, virando em direção à porta. E agora? Tinha dado sua palavra a Bella, não sabia com que cara voltaria até ela com as mãos vazia.
Antes que desse mais que um passo, porém, sentiu a mão de Guzman se fechando em seu antebraço, impedindo-o de avançar.
— Calma, porra! Eu não disse nada sobre te deixar na mão.
Teve de engolir o desgosto e se sentar no sofá, olhando para o apartamento com desconfiança e percebendo que estava a mesma bagunça daquela última vez que o visitara. Por um momento, até conseguiu ouvir a voz de Edileuza lhe repreendendo por pensar isso, "Não fique botando reparo na casa dos outros que é feio", a mulher teria lhe dito se estivesse ali.
— Então tem como você conseguir esse medicamento pra mim? — perguntou, soando estranhamente aveludado.
Guzman soltou a fumaça pela boca.
— Não tenho aqui comigo hoje, mas não vai ser difícil de conseguir, relaxa. Confio nos meus contatos — respondeu-lhe ele, pensativo.
— Quanto vai ser? — Esticou-se no sofá para tirar as cédulas de dinheiro que havia trazido consigo. Torcia para que cem reais fosse o suficiente.
A mão do anfitrião novamente tocou a sua, como um pedido para que parasse.
— Não vou cobrar de você — ele falou, inclinando-se em direção do centro para depositar o excesso de cinzas no cinzeiro que lá estava.
— Deixa de caô. É teu... trabalho.
— Você é meu chegado — ele lhe cortou, virando o rosto em sua direção e olhando profundamente em seus olhos. — Encare como um presente, acho que você merece.
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Do I make you cringe? (Fred & Yuri)
FanficSeguimos uma realidade paralela à fase atual da novela. Quando Yuri leva um fora de Jenifer, ele se aproxima de Fred, que faz dele o novo "amigo bolsista" que vai ocupar o espaço de Tatá, uma vez que esse passou a sair mais com a namorada que com os...