Capitulo 2

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Emma Miller

~05 de fevereiro de 2024

    Sabe aquela sensação de que você está sentada a beira de um lugar completamente presa a algo? é assim que eu me sentia. Minha mãe sempre foi uma mulher determinada, corajosa e claro, ela sempre me ensinou a ser assim também, acontece que certas situações acaba nos levando para um abismo de impotência. E nesse instante me sinto presa a esse abismo.

—Como sempre a número 1, não acha que deveria se por no seu lugar? de fracassada?.—Ela pega minha prova e rasga fazendo algumas pessoas da sala rirem.

Ela me olha com fúria nos olhos ao ver que não expressei qualquer reação ou se quer a respondi. Então senti o peso de sua mão em meu rosto ao levar um tapa.

—Você consegue imaginar o quanto eu te odeio?

Pus a mão no rosto e então abaixei a cabeça. Sei que não deveria mas porque tenho sempre que aceitar isso?

—Ja chega, vamos.—Stephan leva ela e então a turma volta aos seus lugares ignorando novamente o que aconteceu.

Ou seja, eu era invisível naquela escola, e só me enxergavam quando eu era humilhada o que tornava motivo de diversão para todos.
As aulas se enceraram e por alguma razão hoje eu estava me sentindo tão mal quanto no último ano, eu tinha que esperar sempre todos irem embora pra só então eu poder sair.

Havia uma praça perto de casa, eu ia para lá sempre que me sentia frustrada normalmente toda vez que saia da escola, ou seja era meu lugar de fuga, chorei e ainda choro sentada em um balanço enquanto observo as crianças brincando minha vista ia se embaçando conforme ia se enchendo de lágrimas. Até que escuto uma voz.

—Anço.—Tomei um susto e quando me dei conta era um menininho que estava bem a minha frente seu cabelo era preto, seus olhos azuis bem claros e sua pele era clara como a neve, ele era tão lindo...

—Oi.—Falo e em seguida limpo meu rosto ao vê-lo enquanto o mesmo estava em pé ainda me encarando. Ele aponta.

—Anço.—Ele aponta para o balanço.

—Você quer balançar?.—Ele afirma com a cabeça. Ele era muito pequenininho e claro por isso não conseguiria se balançar sozinho.

Olhei para os lados mas não via ninguém perto, alguém que pudesse ser responsável por ele então pensei brincar com ele enquanto alguém aparece. Peguei ele no colo e o coloquei no balanço enquanto segurava suas mãozinhas o balancei de vagar. O mesmo começa a rir de alegria.

—Anço, anço!!!!.—Ele repetia incessantemente então aquilo me tirou um sorriso sincero.

Balancei ele bem muito e logo que desci ele do balanço ele me puxou para outros brinquedos então fui. Parece que aquilo aliviou tanto meu estresse.

—Como você se chama hein?.—Falei agachada para ficar um pouco na altura dele.

—Anço.—Acabei rindo.

—Anço?.—Repito e então ele balança a cabeça afirmando com convicção.

—Riller!!!!.—Olhei para o lado e então vi uma moça jovem aparentemente com 1,60 de altura vindo em nossa direção assim como a criança seu cabelo era preto ondulado, bem brilhoso por sinal, pele branca o rosto angelical e os olhos bem claros e um detalhe que chamava atenção ela tinha seus dois braços preenchidos de tatuagens.—Aí está você, meu Deus.—Ela para e tenta recuperar o fôlego.

—Está tudo bem?.—Perguntei assim que me levantei e logo ela faz um gesto com a mão mandando eu esperar só um pouco.

—Anço.—Ele abraça minha perna e então ela arqueia a sobrancelha para ele.

—Desculpa o alvoroço, pensei que tinham sequestrado meu irmão.—Ela fala assim que recupera seu fôlego.—Mas pelo visto ele estava se divertindo por aí enquanto eu estava quebrando cabeça que pirralho...

Acabei rindo, e claro o fato de alguém finalmente está conversando comigo de forma amigável me deixou feliz.

—Prazer, me chamo Sophia.—Ela estica a mão.

—Emma.—A cumprimento e então ela pega seu irmãozinho no colo.

—Mora aqui perto?.—Ela pergunta.

—Sim, no outro quarteirão.—Apontei e então ela olhou e em seguida mostrou uma expressão surpresa no rosto.

—Moramos para aquela direção também. Por acaso mora no prédio Moonlight?.—Afirmo tão surpresa quanto ela.

—Vocês também?.—Ela afirma toda empolgada.—Moro no 3° andar.

—Cara que coincidência! e nos no 4° que tal se voltarmos juntas ? se não for problema pra você é claro.

—Por mim tudo bem.

Voltamos juntas para o prédio enquanto isso Sophia foi me contando que se mudou recentemente, disse que teve que sair da sua antiga cidade por uma situação mal resolvida ela não quis me contar detalhes mas também não perguntei, e então contei um pouco sobre mim mas claro ocultando minha vida escolar.

—Foi um prazer Emma, esqueci de agradecer por ter brincado com o Riller, e devo admitir que estou surpresa, ele não costuma ser amigável com ninguém além da própria família, talvez nem mesmo com nos por isso fugiu de mim.

Olhei para ele o mesmo estava dormindo que nem um anjinho no seu colo, sorri ao lembrar que se não fosse por ele eu ainda estaria chorando naquela praça.

—Eu que agradeço, ele é um anjo.

Ela sorrir e então nos despedimos no elevador então voltei para meu apartamento. Ao chegar vi que meu irmão ainda não tinha chego então fui tomar um banho. Me despi e entrei para o box, eu tinha um hábito de ficar completamente imóvel debaixo do chuveiro na esperança de que a água morna eliminasse toda a minha frustração mas era algo inútil. Assim que sai vesti uma roupa folgada e amarrei o meu cabelo em coque peguei meu diário e uma caneta e me deitei na cama e bruço e então o abri e comecei a escrever.

Querido diário,
queria poder escrever que meu primeiro dia na escola foi bom, mas eu estaria mentindo... sobretudo, conheci o "riller" uma criança tão adorável quanto o nome, e graças a ele não tive que passar o resto do dia me afogando. E claro, também pude conhecer sua irmã... que por coincidência mora no mesmo prédio que eu, eu fiquei tão feliz por alguém vim conversar comigo de forma tão amigável. Sempre desejei ter uma amiga para conversar sobre tantas coisas, ou para desabafar algo que não posso fazer com meu irmão ou minha mãe e por isso escrevo aqui, mas acredito que dessa vez finalmente vou poder contar com alguém, bom trago atualizações.

Fechei meu diário e acabei dormindo.

Diário de uma NerdOnde histórias criam vida. Descubra agora