Capitulo 25

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(Gatilho*)

Emma Miller

   ~24 de março de 2024

               Dizem que quando algo está prestes a acontecer temos a capacidade de sentir com antecedência, sendo algo bom ou ruim, isso que chamam de "pressentimento".

Escuto a campainha tocar, eu estava arrumada e totalmente ansiosa, não podia conter a felicidade parecia que realmente fazia anos que eu não via eles. Caleb se colocou no lugar para finalmente mostramos a surpresa que fizemos para eles, mas ao abrir a porta meu sorriso desapareceu. Eram dois policiais, um deles segurava em sua mão uma carteira azul marinho que claramente reconheci, pois minha mãe só andava com ela.

—Aqui é a residência da Srª Emilia Miller e do Sr. Carter Miller certo?.—Eles me olham Caleb rapidamente se aproxima da porta e fica ao meu lado.

—Sim, são nossos pais, o que houve?.—Sei que assim como eu Caleb não estava entendo o que estava acontecendo mas diferente de mim ele ainda parecia calmo enquanto eu no mesmo instante senti meu peito apertar bastante forte.

—Eu lamento muito ter que informa-los dessa maneira mas houve um grave acidente em uma via aqui próximo da cidade um caminhão colidiu com um taxi e seus pais estavam nesse carro.

e cá o tal "pressentimento" sempre que conversava com eles pelo celular sentia esse mesmo aperto e o aceitava como sendo apenas por conta da "saudade".

—A Srª Emilia morreu no mesmo local, mas o Sr Carter ainda estava consciente mas se encontra nesse exato momento em uma sala de cirurgia.

Comecei a sentir minha respiração pesar, mas ainda sim era como se ali não passasse nada pela minha cabeça, apenas, a negação. As vozes dos policiais e de Caleb foram se esvaindo dos meus ouvidos, minha visão escurecendo e começou apenas a passar na minha frente a imagem de nos quatro caminhando em um parque de diversão onde eu estava na corcunda do meu pai enquanto ele segurava a mão do Caleb de um lado e a minha mãe o segurava de outro, e todos sorridentes. Minha mãe costumava nos dizer:

"Vivemos em uma realidade dolorosa por ser muitas das vezes imprevisível, como bem dizem naquele ditado popular não sabemos o que acontecerá no amanhã, mas podemos tornar valioso o "agora", porque é o que temos como previsível diante do nossos olhos, e o que pode se tornar precioso diante a tantas outras memórias, no dia seguinte."

Lembro que sempre que eu ouvia aquela frase, ela se tornava tão embaraçosa para mim, mesmo que ela repetisse diversas vezes e particularmente quando perdíamos algo no qual tínhamos muito apego, ela sempre nos relembrava de que "momentos do agora" são importantes porque se tornarão lembranças preciosas no futuro, então era isso que ela sempre queria nos repassar, que devemos aproveitar cada minutinho sem se preocupar com o amanhã porque a realidade em que vivemos é imprevisível e então não sabemos o que pode acontecer no amanhã.

Mas nesse momento só memórias valiosas não vão bastar pra suprir essa dor insuportável que estou sentindo.

(...)

—Emma!!! Emma!!!.—Escuto a voz da sophia com ruídos misturados alguns barulhos que eu não sabia distinguir o que era.—Por favor, acorde!.—Ela repete.

Fui abrindo os olhos com dificuldade e uma forte luz invade meu campo de visão fazendo minha vista ficar sensível. Mas aos poucos fui conseguindo me adaptar e abrir completamente meus olhos mas ainda sentia uma fraqueza no meu corpo.

Olhei melhor e os sons que eu ouvia era de aparelhos hospitalar, Sophia estava com os olhos inchados.

—Emma?.—Ela percebe que acordei e então corre para fora.

Porque estou no hospital? o que houve?

Olhei para meus braços ambos estavam furados e com seringas inseridas em mim e acompanhando aquele fio transparente percebi que estava tomando algum tipo de medicamento.

Logo vejo ela entrando na sala de volta e vejo ao seu lado a Dona Sandra, vestida com sua farda hospitalar e então ela vem até mim.

—Emma! como está se sentindo?.—Ela perguntou.—Sei que deve estar com os sentidos confuso agora, mas é porque estar sendo medicada por calmantes.

Calmantes...?

—Mãe...—Sophia fala.

Logo me lembrei da cena dos policiais na porta do nosso apartamento.

"...A Srª Emilia morreu no mesmo local..."

Mesmo sem forças arranquei tudo aquilo que estava no meu braço, fazendo alguns aparelhos no qual eu estava ligadas a eles apitarem.

—Emma pelo amor de Deus...—Sophia entra em desespero.

Logo entram mais dois enfermeiros no local, tentei me levantar eles junto com a dona Sandra me seguram.

—ME LARGUEM!!.—Falei me rebatendo mas eu não tinha forças o suficiente.

—Não machuquem ela!!.—Soph falava aos prantos.

—Sophia, saia.—A mãe dela pede.—Peguem o sedativo.

—NÃO!!.—grito.

Rapidamente uma das enfermeiras pega uma outra seringa e aplica em mim com algo que havia dentro. Eu permanecia me rebatendo mas aos poucos fui perdendo minha força e minha visão foi ficando turva.

Mãe...

Tive vários e vários sonhos todos eles com momentos felizes, me sentia presa naqueles sonhos porque entre eles sempre surgia a voz dos policiais. Novamente ouvi o barulho dos aparelhos e aos poucos abrindo meus olhos, já não estava tão claro e aparentemente não tinha ninguém ali por conta do silêncio, e realmente, estava escuro, sem enfermeiros por perto apenas com os sons dos aparelhos. Mas sinto um cheiro familiar então fui virando minha cabeça lentamente para olhar para o lado, e foi como imaginei.

Ryder estava sentado em uma poltrona e seu olhar estava sobre mim, ele estava de terno preto e seu semblante era o mesmo, mas havia algo diferente... ele se levanta, e vem até mim.

No mesmo instante meu olho estava preenchido de lágrimas, eu não estava mais com um pingo de forças para me mexer mas ainda sim parecia que mesmo sedada eu chorava.

Ele chega tão perto mas não conseguia dizer uma palavra, meu peito doía tanto, eu estava em completa agonia e não podia fazer nada por simplesmente não ter forças. Apenas sentia as lágrimas descerem incessantemente, ele estica seu braço e de repente sinto seu toque no meu rosto, fechei os olhos naquele momento ele passava o dedo limpando as lágrimas que caiam.

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