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Branco, 28 anos

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Branco, 28 anos

Olhei pra vista da favela pela minha janela e soprei a fumaça da maconha. A rua estava bem movimentada, pessoas subindo e descendo e o fato de estar rolando baile ajuda muito.

Me envolvi na vida do crime quando tinha 16 anos, por pura influência do meu pai, ele era envolvido e não fazia questão nenhuma de me deixar longe dessa vida e deu no que deu. Apensar de ser filho de envolvido e ele ser dono daqui, eu comecei de baixo como qualquer outro e aos poucos fui subindo. Em uma invasão dois anos atrás meu pai acabou sendo pego e foi preso, um dia antes da gente fazer a missão de resgate ele se envolveu numa briga lá dentro e morreu.

E com isso eu assumi toda a responsabilidade. Peguei o comando da favela pra mim e tive que virar o homem da família. Meu pai podia ter muito dinheiro, mas era bandido burro, não deixou nada para a família. Então eu acabei dando uma moral pra minha madrastra e pra minha irmã mais nova, apensar dela não ser minha mãe cuidou de mim desde que tinha cinco anos, então eu a considero e a trato como se fosse minha mãe.

Minha família é meu único alicerce, posso perder tudo, menos ela. Se o sangue de uma delas pingarem, o meu jorra.

Me afastei da janela e peguei a pistola colocando no porte. Sai de casa vendo alguns moleque da minha contenção, subi na moto e vi eles vindo atrás. Quando chegamos no baile foi aquelas coisas, tava lotado e a minha tropa foi passando abrindo o caminho.

Encostei na parede perto dos caras e já fiz o meu copo de whisky. Eu não tinha intimidade com todos eles, uns eu falava mais porque me ajudava nas coisas e o papo fluía, como o Brito, Lobo e Kaká.

Peguei a visão de uma menina com cabelão ondulado até a bunda, pele clara, sorriso lindo e um rostinho angelical. Ela estava dançando com a mulher do Brito, reconheci por ter visto os dois algumas vezes. Fiquei encarando na direção das duas, mas focando em uma só.

....

Mandei mensagem e fiquei olhando esperando ela responder, mas a mensagem nem chegava.

Branco: chega aí —chamei o vapor— avisa aquela mulher de cabelo cacheado pra me encontrar na saída do camarote. Seja discreto, fala baixo só pra ela. —entreguei uma nota de cinquenta.

Pele: beleza patrão.

Ele chegou perto chamando a atenção da mesma, foi falando próximo ao ouvido dela e ela me encarou.

Kaka: quer que eu chamo a contenção patrão? —tocou meu ombro quando me viu saindo.

Branco: não precisa, só busca meu carro pra mim.

No alto do caos Onde histórias criam vida. Descubra agora