"No Alto do Caos" é uma história sobre uma jovem de 19 anos que, em meio à realidade da favela, acaba se apaixonando pelo chefe do tráfico local. A trama acompanha os dilemas e perigos de viver um amor proibido, enquanto a jovem tenta equilibrar sua...
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O amor mais puro que eu poderia sentir...
Estava babando em cada foto que foi tirada, ficaram todas muito bonitas. Eu pedi algumas pra postar por agora e o restante o cara ia editar e depois me enviar. Minha gravidez surgiu em um momento tão inesperado que eu acho muito mais que justo eu aproveitar cada segundo dela, ainda mais agora na reta final.
Dei um sorriso sincero ao entrar na Vila João novamente, dessa vez eu estava indo pra casa da minha tia Neusa, como a Isabel foi comigo no ensaio de fotos, ela veio junto.
Assim que chegamos eu senti o cheiro de almoço, abracei minha tia e os filhos dela que estavam ali. A gente se sentou na mesa e começamos a comer conversando.
Neusa: o que a Isaura fez contigo foi errado, Isa. Ela me disse que sente sua falta, mas o orgulho dela é muito maior. Ela até comentou que queria ver o bebê quando nascesse, não sei se você se importa, mas eu que falei pra ela o sexo.
Isabella: olha tia, depois dos meus pais, minha vó era tudo pra mim... mas ela mentiu sobre a morte do meu pai e virou as costas num momento que eu mais precisei dela. Jhony nunca foi santo, era filho dela, mas meu pai também era. Eu não me importo dela saber sobre meu filho, mas por escolha dela resolveu sair da minha vida. Se não quer contato comigo e nem com o pai do meu filho, ela vai ver ele por onde? Porque ele não vai ficar indo na casa dos outros sem eu ou o pai.
Neusa: na cabeça dela você iria deixar ele ir pra casa dela ou vir aqui.
Isabella: isso não vai acontecer... ela deveria ter pensado nisso tudo antes de falar tudo que falou pra mim e da forma que me tratou.
Isabel: meu neto pode levar a vida errada que leva, mas ele não é uma má pessoa.
Neusa: não conheço ele, dona Isabel, mas a Isabella é uma boa menina, não iria se envolver com uma pessoa ruim.
Se a minha vó fizesse tanta questão da presença do bisneto na vida dela, ela teria se importado comigo e com ele desde o dia que fui sequestrada, mas não, foi na minha casa apenas para me dizer lorotas... não estou errada de impedir com que ela veja meu filho, se por acaso eu mudar de ideia, ela que se contente em ir na minha casa e ver ele lá.
A gente ficou conversando até o final do dia, depois eu vim embora de uber, adicionei parada na casa da Isabel e vim até a entrada do morro. Como os uber não sobe aqui, eu tive que descer. Olhei os meninos com os fuzis nas costas e me aproximei de um deles.
Isabella: boa noite, sabe me dizer se o Kaká está ocupado? Ou se ele está por aí?
- ele tá na ali na casa noturna fazendo a contenção do Branco. Quer que eu chame?
Isabella: onde é esse negócio?
- umas duas pra trás dona, na esquina do mercado da loira. Conhece?
Isabella: não...
Brito: qual foi, Isabella? —ouvi o grito dele e olhei pros lados procurando ele, mas não vi — em cima.
Isabella: ah —olhei pra cima e vi ele com a cabeça na janela de uma casa — preciso de uma corona de alguém que esteja com carro. Não tô com forças pra subir.
Brito: vou descer e te levo.
Isabella: valeu. —agradeci e olhei a cabeça dele sair da janela. Olhei pra cara do menino que eu conversava e ele me olhava com um sorriso no rosto.
O Brito desceu e eu fui atrás dele pra um carro azul marinho, ele destravou e eu entrei no banco de trás.
Isabella: tem casa noturna aqui na Penha? Na verdade é um puteiro né? —ele deu risada.
Brito: tá querendo frequentar? É um bordel...
Isabella: tô perguntando por curiosidade só.
Brito: é o bordel do Branco, ele é o dono.
Fazia sentido ele estar lá se ele é o dono, mas também nada impede ele de comer qualquer uma daquele bordel.
O carro parou na porta da minha casa e eu desci agradecendo. Fui tomar meu banho e me deitar, meus pés estavam latejando de tanto ficar em pé.
[...]
Tava toda arrumada somente esperando a Talita chegar da faculdade pra irmos na peixaria aqui do morro. Eu sinto muita falta da minha rotina de antes, faculdade e trabalho. Eu fico de segunda a sexta sozinha em casa cozinhando e limpando, final de semana saio quando dá, mas mesmo assim não é a mesma coisa.
As vezes fico me sentindo muito inútil por ter desistido da minha faculdade e por não estar nem trabalhando no momento. Eu tenho meu dinheiro dos aluguéis, mas ficar parada em casa o dia todo e todos os dias não é comigo.
Eu tô de quase 9 meses, não posso fazer muita coisa além de esperar meu filho nascer e crescer um pouco pra mim continuar tocando a minha vida, nesse meio tempo eu vou pensar no que eu quero fazer da minha vida, porque coçar o cu o dia todo não dá.
Assim que recebi a mensagem dela avisando que já estava a caminho da peixaria coloquei a rasteirinha no pé, passei meu perfume sai de casa. No exato momento que pisei o pé na rua, me arrependi. Avistei o Branco do outro lado da calçada em cima da moto conversando com um homem.
Ele não parecia que tinha me visto, então eu sai e acelerei os passos.
Branco: calma ai, ja falo contigo.... Isabella? —ouvi ele me chamar, mas me fiz de surda e entrei no beco.