37 M

1.1K 160 40
                                    

Pra quem pediu maratona, isso é uma maratona rs. O M no nome do capítulo indica isso kkkkkkk

Isabella

Isaura: o pai tem direito de saber para ele ter a escolha se vai querer criar ou não. Você não pode tirar o direito dele.

Isabella: não é fácil assim vó, o pai dele não quer nem ver minha cara mais.

Isaura: ele não precisa ficar olhando pra tua cara não! Ele é bandido, não é? Pode contar, quero te ajudar, mas você precisa me contar tudo.

Eu respirei fundo, não queria falar, mas sabia que ela não iria me deixar em paz em relação a isso se eu não jogasse limpo. E minha única rede de apoio é ela.

Isabella: eu conheci ele há uns meses atrás vó, ele é traficante —engoli a saliva— e não é daqui, ele é de outra favela... favela rival.

Ela ficou quieta me olhando e eu nervosa sem saber o que falar. Ia tomar frente, mas ela falou antes.

Isaura: você é fogo, olha a situação que se meteu. O rapaz não quer mais ver sua cara porque?

Isabella: porque ele descobriu que eu sou daqui.

Isaura: isso só dá problema menina, sua sorte foi que ele não soube que você era parente de bandido, se não ia estar morta agora. Apensar de você não ter o direito de tirar a escolha dele, nesse caso é melhor você pensar em você e no bebê, não precisa contar a ele. Eu vou estar aqui pra te ajudar.

Segurei o braço dela e deitei minha cabeça deixando as lágrimas caírem, eu estava tão confusa, com medo. Me questionava a todo momento pensando se eu seria uma boa mãe, se conseguiria criar uma criança sendo pai e mãe ao mesmo tempo.

Nada foi planejado, foi irresponsabilidade minha e do Branco, eu tava desabada. Teria que lidar com a situação mesmo não querendo.

Isaura: vai ficar tudo bem meu amor... —beijou o topo da cabeça— vovó vai te ajudar a criar meu bisneto.

Dei um sorriso fraco. Não sabia dizer se ela estava feliz ou não, mas apensar de tudo, me apoiou a todo instante e não julgou. Isso pra mim é o mais importante.

[...]

Jhony: tem que ter churrasco pô, comemoração.

Isabella: eu não quero nada. Minha vó que te falou?

Jhony: foi —revirei os olhos. Não queria que ele soubesse por agora, por mim que soubesse quando visse a barriga grande — mas ela não fez por mal, soltou sem querer. Quem é o pai do bebê? Cadê o fanfarrão que nem veio falar comigo?

Isabella: porque ele falaria contigo? Tu não é nada meu não, cara. E o pai sou eu.

Jhony: qual foi? sou teu tio garota, quase teu pai, já que o seu faleceu... O cara tem que ser homem, faz filho contigo e tem que conhecer a família.

Isabella: você não é meu pai e nunca vai ser quase um pai pra mim, você é o irmão do meu pai e apenas isso. Eu to cansada de você se meter na minha vida como se eu fosse filha sua, não te considero como nada, você só tem o mesmo sangue e nada mais. E minha gravidez e sobre o pai da criança, isso só desrespeita a mim e no máximo a minha avó. —falei perdendo totalmente a cabeça. Tava cansada já da baboseira que esse cara falava toda vez.

Jhony: tu é minha sobrinha querendo ou não, é minha família. Quando as coisas aperta você vem correr pra debaixo das minhas assas né? Tu acha que ninguém mexe contigo aqui porque? Porque tu é minha família.

Isabella: família e parente são diferentes, e infelizmente a gente não escolhe quem são nossos parentes. Nunca precisei de você e não será agora que precisarei. Só me faça o favor de não sair espalhando algo que nem é da sua conta, tá bom? Passar bem. —dei as costas e continuei subindo a rua voltando pra casa.

Tinha ido só no postinho pra começar fazer o pré natal e esse encosto esbarra em mim na rua e já começa a falar aquilo que não deve. Sempre fui em paz, só não ligava pro que ele falava, mas tem coisa que não dá. Uma hora a gente estoura mesmo.

Entrei em casa e fui procurar minha vó, mas ela não estava aqui. Deitei no sofá e coloquei uma série pra assistir. Minhas férias começaram e eu nem vou conseguir curtir elas, minha única amiga eu perdi o contato. Ela não foi mais pra faculdade naquele dia e eu até to com medo de que tivessem matado ela.

Estava mais sozinha que nunca, quando a dona Isaura não me arrastava com ela, eu ficava em casa mesmo na minha companhia.

A porta de casa bateu e eu avistei ela entrando com sua bolsinha de lado e umas sacolas na mão, como sempre.

Isaura: se arruma, vamos para o terreiro. Você precisa se limpar, tirar qualquer energia ruim.

Isabella: estou com tanta preguiça.

Isaura: nem fez nada hoje —me olhou com deboche— vamos sair às 20h.

Desde pequena ia pro terreiro com ela, por várias vezes fiquei afastada. E atualmente eu praticamente não ia, mas isso não diminuía minha fé. Me arrumei com uma roupa branca, penteei o cabelo e quando deu horário nós fomos. Hoje era gira de preto velho, tudo que eu precisava realmente era do acolhimento deles.

Sentei no banquinho pequeno no chão e tomei meu passei. Ela tocou a minha barriga e eu respirei sentindo uma leveza tomar conta do meu corpo.

-quando as coisas não vão bem na gente, não vão em lugar nenhum. Esse vazio que sunce tá sentindo vai passar. Essa criança é divindade na sua vida e fia tudo que vivemos na vida é aprendizado, as lembranças também, mas também tem as dores e as percas, mas a vovó quer te lembrar que sunce não tá sozinha e que você tem um caminho muito lindo ainda. Seu coração tá partido num tá? Mas vai passa, sunce vai ver.

As lágrimas rolaram pelo meu rosto e eu fechei os olhos sentindo aquelas palavras no fundo do meu coração e da minha alma. Tudo que eu precisava.

No alto do caos Onde histórias criam vida. Descubra agora