Branco
Brito chegou na sala com uma cara fechada. Olhei pra ele e depois desviei o olhar de novo pra folha do fechamento.
Brito: tá afim de ir almoçar? ou quer que traga uma quentinha?
Branco: tô na maior fome pô, mas tô enrolado aqui. Trás duas quentinha.
Brito: vou pedir pro menor —entreguei uma nota pra ele, que saiu e voltou rapidinho— comi nada hoje, Talita foi pra casa da cobra da mãe dela e eu fiquei na maior preguiça.
Branco: não foi junto porque?
Brito: me odeia a mulher, desde que eu comecei namorar com ela. Chata pra caralho! Ficava querendo se meter no nosso relacionamento, não gosto mermo.
Branco: aí é foda.
Sogra é parada complicada, nunca namorei, mas eu sempre via o pé de guerra da minha madrastra com minha vó, tudo isso porque minha avó gostava da minha mãe e não aceitava meu pai ter seguido a vida. Era difícil, até porque a Jaqueline sempre respeitou geral, mesmo sendo taxada de caras parada por aí.
Quentinha chegou e eu comi rapidão. Depois continuei na atividade da contagem. Fechei o que tinha que fechar da semana e paguei os caras. Quando a Isabella me passou a visão que estava vindo, eu guiei pra casa pra tomar um banho, tava suado.
Isa: cheguei
Branco: tá na sua amiga?
Isa: simm
Branco: vou te buscar
Peguei a chave do carro e tirei da garagem, estava guardado de uns dias já. Vi se ainda tinha gasolina, tava na reserva, mas dava pra ir e voltar.
Parei em frente a casa do Brito, já tinha vindo aqui uma vez, que foi quando ele tinha sido baleado na operação e eu tive que trazer ele. Avistei ela saindo com um vestidos cumprido, deixava ela com uma cara mais de mulher do que quando se vestia de roupa curta. Destravei o carro e ela se aproximou puxando a porta.
Isabella: boa noite. —sorriu pra mim e se inclinou pra me cumprimentar com um beijo na bochecha.
Branco: tá bem?
Isabella: eu to e você?
Branco: tô suave... tá afim de fazer algo? —cocei a nuca— marquei contigo e nem programei nada, tava corrido e esqueci.
Isabella: eu tô de boa, tô afim de sair não. Já bebi umas na casa da mãe da Talita. O que você queria conversar comigo?
Branco: vamos pra minha casa, a gente faz algo só eu e você. Lá eu converso contigo, mas não é nada demais.
Ela assentiu devagar com aquela carinha dela angelical e eu parti pra minha casa. Deixei o carro do lado de fora mesmo. Desci do carro e ela também, mas ficou parada me esperando.
Branco: vamo —segurei na cintura dela e guiando pro meu portão— enche o tanque pra mim, é gasolina. —entreguei a chave do carro e o dinheiro.
João: beleza chefe.
Abri a porta de casa e ela entrou pedindo licença, toda educada.
Isabella: então aqui é sua casa mesmo? —assenti— bem melhor que aquela lá sem nada.
Branco: eu pretendo alugar aquela, mas tô me apegando a vista da laje de lá.
Isabella: aluga e quando for o tempo certo, você mora lá. Se bem que você deve ter dinheiro pra construir vinte casas.
Me sentei no sofá e bati a mão no meu colo pra ela sentar e a mesma veio.
Branco: tá linda com esse vestido. —coloquei a mão no pescoço dela jogando seu cabelo pra trás.
Isabella: gostou?
Branco: muito... jaja tu fica sem ele.
Aproximei meus lábios do dela e suguei devagar. Nossos rostos estavam próximos, mas não colados. Abri o olho e nosso olhar se encontrou, ficamos uns instantes se olhando até eu puxar ela pra beijar.
Branco: ficou sumida essa semana, senti falta pô.
Isabella: para de ser safado cara —sorriu— duvido que sentiu falta, no máximo do nosso sexo.
Branco: também, foda pra caralho ele ne? —ela assentiu— não cheguei se você chegou a ver, mas o fake do tweeter daqui da favela postou uma foto nossa, tá ligado?
Isabella: Talita me mostrou, fiquei morrendo de vergonha.
Branco: entendo. Se você quiser a gente deixa a parada no oculto, evita estar juntos nos lugares para não serem vistos. Porque de certa forma, é uma exposição pra você, eu tô ligado nisso. Sou bandido, mas você não.
Isabella: tenho medo de ficar falada, sabe? Porque aqui ninguém me conhece, eu sei. Mas todo mundo te conhece. A gente não deve nada a ninguém e nem temos nada, ficamos poucas vezes e pelos comentários eu li o povo até me chamando de marmita da vez.
Branco: pensei em você na hora que vi, por mais que eu não goste de foto minha rolando, eles tamparam meu rosto, só que o seu estava lá pra geral ver. Então a gente continua de conhecendo, ficando, mas evita sair de mãos dadas igual aquele dia, até essa página cair.
Isabella: Acho que não precisa disso também, não gosto de ficar às escondidas, mas só dar uma maneirada. —ele concordou — Brigada por lembrar em mim. —olhei pra boca dela e dei um selinho rápido.
Branco: quer ver um negócio maneiro na Tv? A gente pede algo pra comer, beber. Você quem sabe...
Isabella: Vamos assistir algo.
Branco: e depois a gente fode maneirinho. —ela me olhou de canto e sorriu.
Peguei uma manta, ligamos a tv e escolhemos um filme de comédia pra gente ver. Quase não vimos o filme, porque ela não parava de falar e quando fui ver, estávamos transando.
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No alto do caos
Fanfiction"No Alto do Caos" é uma história sobre uma jovem de 19 anos que, em meio à realidade da favela, acaba se apaixonando pelo chefe do tráfico local. A trama acompanha os dilemas e perigos de viver um amor proibido, enquanto a jovem tenta equilibrar sua...