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Isabella

Fiquei a bendita da noite toda acuada na minha, com medo. Eu tô arriscando a minha vida estando aqui. Quando ouvi o que ele disse, peguei o sentido na hora sabendo de que ele estava falando do Jhony. Não tem como não ser.

Branco: que foi? quer ir já? —concordei— papo?

Isabella: tô cansadinha.

Branco: vamos, te levo. —levantei do colo dele e ajeitei minha roupa abaixando— ai Lobo, vou levar ela embora e já volto. Coisa rápida.

Lobo: beleza irmão, volta mermo... e tu, é bem vinda de novo.

Isabella: brigada.  —dei um sorriso fingindo estar bem e sai de mãos dadas com Branco.

A gente entrou dentro do carro e ele pegou o celular conectando e colocando uma música.

Branco: na sua casa?

Isabella: sim. —olhei de lado pra ele sabendo que eu estava mais fodida do que pensei.

Branco: tá suave?

Isabella: eu tô.

Ele não puxou mais assunto, só colocou a mão na minha perna e me levou pro mesmo lugar da outra vez, entrei na viela e aguardei uns minutos pra depois sair e ir pra casa, tava tarde pra caramba e eu fazendo essa caminho sozinha.

Abri a porta de casa, tava um silêncio danado, subi pro meu quarto e fui tomar banho antes de deitar e ler a mensagem dele.

Branco: dorme bem boneca
Branco: curti o final de semana contigo, amanha a gnt se fala

isabella: eu também, boa noite 💓

Respirei fundo e prometi pra mim mesma que não veria mais ele, não por enquanto mais. Deitei na cama e fiquei rolando um tempão antes de dormir.

[...]

Quando acordei já tinha várias mensagens da Talita no meu celular, entendi nada. Abri as conversas vendo alguns prints sobre página de fofoca do tweeter. Engoli seco vendo uma foto minha e do Branco juntos no baile de ontem, não dava pra ver nitidamente porque a foto tava tremida, mas quem me conhecesse talvez reconheceria. A cara dele estava tampada na foto, mas o vulgo na legenda tava bem claro.

Talita: já pensou isso começa rodar por aí?????
Talita: eu te aviso mano.

Isabella: calma, vou tentar dar um jeito

Talita: quase n dá pra ver que é vc, mas msm assim

Isabella: vou dar um jeito

Fui bem cara de pau e mandei mensagem pra página, eles demoraram pra responder, mas no final responderam numa boa. Pedi pra apagarem, disse que até pagaria eles. No final mandei o pix pra uma conta aí e minutos depois o post sumiu e eu agradeci.

Os momentos foram bons, vivi deliciosamente, dei muito também e foi gostoso. Mas agora chega disso, preciso entender que tudo tem limite e eu tô passando demais! O foda é que penso muito com outra coisa.

Quando acordei senti o cheiro de café forte, só escovei os dentes e desci vendo minha vó e o D2 conversando.

Isabella: bom dia. —eles me olharam ao mesmo tempo respondendo.

Isaura: quanto tempo que não vejo minha neta que mora comigo. —ri me sentando na mesa.

Isabella: ai faz drama... tá fazendo o que aqui? —olhei pra ele.

D2: encontrei sua vó subindo a rua da feira, vim da uma força só. Ta suave?

Isabella: eu to, e você?

D2: tô indo bem. —ele pegou o radinho que começou chiar— vou tem que ir. Valeu pelo café, Isaura.

Isaura: foi nada filho, cuidado!

D2: tchau Bella. —dei tchau pra ele e peguei meu pão passando a manteiga.

Eu fiquei um tempão com D2, nunca deu namoro e nem chegamos a se gostar, mas que rolava muita química, rolava. Deve ser por isso que a gente ficou um tempão sem compromisso.

Minha vó tem um amor que só por ele, mesmo o garoto sendo da vida errada.

Isaura: pode jogar limpo comigo, Isabella. Te criei e te conheço. Quem é o homem e porque você esconde ele? —engoli meu pão seco.

Isabella: eu conheci ele agora, não tô escondendo. Ele só não é daqui também, não preciso trazer ele pra dentro da favela por enquanto, até porque nunca da em nada sério, você sabe.

Isaura: mas acontece que você tá saindo sexta, volta domingo de manhã e nem a cara do sujeito eu vi. Ele é casado?

Isabella: não... casado não.

Isaura: então é o que? velho? bandido? —fiquei quieta— já entendi. Só toma juízo nessa sua cara aí, se tá escondendo, tem coisa a mais.

Nem falei nada, estava total no erro e minha vó me conhecia muito bem, então melhor eu quieta do que eu falar algo pra me defender e ela me pegar no pulo da mentira.

No alto do caos Onde histórias criam vida. Descubra agora